Entre sem bater - Billy Collins - Dia do Radialista

Entre sem bater – Billy Collins – Dia do Radialista

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Billy Collins valorizou o rádio numa simples frase, contudo, esqueceu-se do “Radialista“.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Billy Collins

O poeta Billy Collins tinha uma sensibilidade que raramente vemos dentre os ouvintes do rádio no planeta. Percebeu que o rádio é um dos poucos meios de comunicação que permitem compartilhar os sentidos. Em outras palavras, pode-se ouvir uma poesia no rádio, ver outra coisa e viajar nos pensamentos sobre o que se ouve. Certamente, a poesia que Billy queria transmitir, precisava de muito mais do que tecnologia, precisava de um radialista.

William James Collins (nascido em 22 de março de 1941) foi um poeta americano conhecido como “Poeta Laureado dos Estados Unidos de 2001 a 2003. Ocupou a posição de professor no Lehman College da City University of New York, aposentando-se em 2016. Collins foi reconhecido ainda como “Leão Literário da Biblioteca Pública de Nova York” (1992) e selecionado como Poeta do Estado de Nova York de 2004 a 2006. Em 2016, Collins foi introduzido na Academia Americana de Artes e Letras. Em 2020, assumiu a posição de professor no programa MFA em Stony Brook Southampton.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

Dia do Radialista

Vai longe o tempo que o rádio reunia as famílias nas suas salas para ouvir uma caixa falante. Os casos e a magia do rádio propiciaram, por exemplo, um radialista como Orson Welles(1) protagonizar a primeira fake news da história. Os mais novinhos que lerem este texto devem estar rindo só da hipótese de existir uma fake news em 1938.

Pobres coitados, vítimas do hedonismo oco. Deveriam conhecer a história, respeitar todo e qualquer radialista e, certamente, ouvir mais rádio e menos as bobagens de redes sociais.

Tenho muita aversão a datas comemorativas em um dia, e na condição de radialista com registro profissional no Ministério do Trabalho, ganho razão. Contudo, fica muito complexo explicar para as pessoas que a função de radialista não deixou de existir. Ela ampliou-se, não parou no tempo como a maioria das pessoas que eram radialistas como em décadas passadas. Desse modo, criou-se um abismo entre a ideia de valorização daquele que, com a sua voz, leva a notícia ou emoção para longe.

A profissão de radialista, como prescrita por neófitos em tecnologia, sem dúvida, está morrendo com os profissionais do setor. Entretanto, as novas gerações, alguns até dão a impressão que são radialistas, vão substituindo e ampliando a missão.

O Rádio

A história do rádio tem muitas controvérsias.

A princípio,  rádio é uma convergência de três tecnologias: a telegrafia, o telefone sem fio e as ondas de transmissão. Estas tecnologias tiveram pesquisadores e inventores principais como Hertz, Morse, Tesla, Landell(2) e outros. Atribui-se ao italiano Marconi, a invenção do rádio, que, inquestionavelmente, reúne tecnologias anteriores. No Brasil, a primeira transmissão ocorreu em 1923, por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize.

Desse modo, é possível afirmar que, há mais de 100 anos, pelo menos no Brasil, já temos mais radialistas anônimos do que famosos.

Tempos Modernos

Atualmente, basta qualquer um arrumar um “patrocinador” que se torna um Youtuber, influencer ou qualquer coisa que se julga superior a um radialista. Como se não bastasse, estas tecnologias modernas costumam se associar a imagens completamente inúteis. As pessoas prestam atenção na forma, e não conseguem avaliar o conteúdo e as mensagens.

Surpreendentemente, até mesmo nas plataformas específicas de podcast (o que mais se aproxima de um rádio) a imagem tem relevância.

A magia dos tempos antigos, em que os ouvintes até enviavam cartas para os radialistas, não existe mais. Agora tudo virou comentários online, e as manifestações que não agradam ao “radialista” sofrem cancelamento sem apelação.

O que era, sem dúvida, para ser uma mão dupla de comunicação, transformou-se numa mão única de aceitação. Desse modo, milhões de ouvintes saíram de cena para a entrada de milhões de seguidores e adoradores de mitos, lendas e embustes.

Viva o Radialista

A profissão de radialista tradicional é uma arte que merece respeito, não somente num dia, mas sempre.

Por décadas, os radialistas foram os mestres da comunicação, levando informações, entretenimento e cultura para milhões de ouvintes. Com suas vozes cativantes e habilidades de contar histórias, tornaram-se verdadeiros ícones da mídia. Por outro lado, qualquer um hoje vira influencer sem ter qualificação e nem conteúdo para sequer ler um texto de 280 caracteres.

Os radialistas tradicionais tinham o dom de criar conexões profundas com seu público, o que, certamente, acontece no mundo das redes sociais. Anteriormente, eram eles a voz da comunidade, promovendo eventos e unindo as pessoas. Suas playlists tinham critérios para cativar ouvintes. Desse modo, proporcionavam uma experiência musical única para cada ouvinte espalhado pelo planeta.

No entanto, com o advento dos podcasts, Youtubers e outras formas de mídia digital, o cenário da comunicação mudou. Embora essas novas plataformas aparentem inovação e diversidade são, em certa medida, excludentes. A herança e a importância dos radialistas tradicionais estão se perdendo no tempo.

É necessário reconhecer que os “civilizados(3) não sabem de história mas estão no comando das redes sociais.

Poeta nas ondas do rádio

Nesse ínterim, os ouvintes migraram do receptor de rádio para o smartphone, a magia de poder ouvir as coisas e fazer outras, continua. Entretanto, a percepção das pessoas não atinge alguns espíritos elevados que estão presentes em muitos radialistas. Por exemplo, um narrador de futebol, que declama versos poéticos ao comemorar um gol, não tem a valorização de outros. A geração Z, acostumou-se a gritarias e outros trejeitos de comentaristas sem noção e qualificação (evitarei citações nominais).

Os radialistas tradicionais eram verdadeiros profissionais, com qualificação para transmitir informações de maneira objetiva e imparcial. Eles eram os guardiões da adição e da ética jornalística o que, inquestionavelmente, não acontece atualmente, como influencers e congêneres.

Em suma, embora os novos meios de comunicação tenham seu valor, é fundamental refletir e celebrar a contribuição inestimável dos radialistas. Estes profissionais devem ter reconhecimento, em todas as editorias, no que fazem para a nossa cultura e sociedade. Infelizmente, a guerra entre as concessionárias de rádio elimina qualquer protagonismo do radialista e de quem provê a infraestrutura radiofônica.

Um viva aos poetas das rádios, parte vital da história da comunicação e que inspiram a próxima geração de comunicadores das novas mídias. O radialista, com toda a certeza, não é uma profissão em extinção(4), está se transformando e nossos episódios não têm fim.

 

(1)  “Wikipedia – Orson Welles

(2) “Wikipedia – Roberto Landell de Moura

(3) “Entre sem bater – James Baldwin – Os Civilizados

(4) “Profissões em extinção ou que não existem mais

 

Imagem: Entre sem bater – Billy Collins – Dia do Radialista

Nota do Autor

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