Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. É provável que para alguém que trabalha a mente das pessoas, como Melanie Klein, seja fácil dizer que podemos viver “Sem Limites“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Melanie Klein
A psicanalista austro-britânica, Melanie Klein, especializou-se nas relações comportamentais de crianças. Por isso, sua imaginação de que podemos viver sem limites tem algumas falhas. Imaginar que temos algo como o livre arbítrio(1), basta a mente querer, é um tanto quanto fora de qualquer padrão. Entretanto, quando tratamos de desejos e sonhos, podemos pensar o que for possível.
Melanie Klein (nascida Reizes ; 30 de março de 1882 – 22 de setembro de 1960) foi uma autora e psicanalista austro-britânica conhecida por seu trabalho em análise infantil. Ela foi a figura principal no desenvolvimento da teoria das relações objetais. Klein sugeriu que a ansiedade existencial pré-verbal na infância catalisou a formação do inconsciente, o que resultou na divisão inconsciente do mundo em idealizações boas e más. Em sua teoria, o modo como a criança resolve essa divisão depende da constituição da criança e do caráter das experiências infantis. A qualidade da resolução pode informar a presença, ausência e/ou tipo de angústia que uma pessoa experimenta mais tarde na vida.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Sem Limites
A mente humana apresenta uma vastidão sem exploração e por mais que a humanidade avance podemos dizer que é um terreno sem limites.
Contudo, essa amplitude aparente muitas vezes colide com barreiras invisíveis que nós mesmos ou a sociedade nos impinge. Em plena era da liberdade aparente, com as redes sociais como vitrine da nossa expressão individual tudo é possível. A princípio a dualidade entre o livre arbítrio e a repressão revela sua complexidade, mas muitos vivem sem limites.
Portanto, aqueles que dizem, e são muitos, que “há limites“, podem sofrer de traumas do passado, com muitas imposições e restrições.
Há Limites ?
A sociedade moderna, com a cultura de liberdade e liberalidade, incentiva a crença no livre arbítrio como uma verdade inquestionável.
No entanto, essa aparente ausência de limites muitas vezes se depara com a realidade dos condicionamentos culturais e das orientações recebidas na infância.
Melanie Klein especializou-se na lógica de que desde os primeiros anos, recebemos normas e valores que nos limitam. Assim sendo, a mente, embora teoricamente sem limites, encontra suas fronteiras na estrutura social que a circunda.
Em outras palavras, sempre houve e há limites, para tudo e para todos.
Tempos Modernos
Desta forma, as redes sociais, pilares da liberdade de expressão na era digital, destacam esse embate entre o livre arbítrio e a repressão.
Por um lado, oferecem um palco global para a manifestação de ideias, opiniões e identidades, sem limites e deveres, só direitos.
No entanto, por outro lado, a pressão da conformidade social e a necessidade de validação restringem a verdadeira extensão da liberdade individual.
O medo do julgamento virtual cria limites digitais, moldando as interações online de maneiras que refletem os padrões sociais off-line.
Falsa Liberdade
A falsa liberdade de pensamento e de manifestação escancara-se a cada polêmica que a sociedade e os vigilantes das redes pautam.
Em algumas redes sociais, quando manifestamos uma opinião contrária, logo aparece algum gajo para ver no seu perfil sobre dados particulares. A liberdade(2) que temos de colocar em nossos perfis sofrerá cerceamento por conta de um policiamento ideológico sem sentido.
Desse modo, qualquer temática é motivo para a polarização ideológica e restrições à nossa liberdade. Por exemplo, a questão de gênero, que tem restrições até para a educação de adolescentes.
Por isso, a dicotomia entre a liberdade e a repressão se manifesta nas normas de gênero, orientação sexual e expressão pessoal.
Embora na sociedade existam avanços na aceitação da diversidade, as pessoas ainda se encontram presas em padrões e dogmas.
Com toda a certeza, o livre arbítrio de escolher uma identidade de gênero sofre pressão normativa, perpetuando uma repressão objetiva. Vivemos, portanto, em um mundo falsamente livre(3) que impede a expressão plena da individualidade.
Repressão
É provável que o dilema da repressão tenha sua origem interna ou externa, e provoque um turbilhão na cabeça das pessoas.
Melanie Klein defende a ideia de que em nossas mentes, nós mesmos determinamos viver sem limites ou com eles. Entretanto, não é bem assim e até o respeito aos próximos e educação influenciam no que podemos chamar de autolimites. Embora muitas vezes sejamos os arquitetos de nossas próprias limitações, nem sempre podemos tratar sob esta ótica.
Ao construirmos muros mentais com base em autoimposições e autocríticas, dizemos para nós mesmos que há limites.
Por isso, a busca incessante por aceitação social e a comparação constante com os padrões alheios, sufocam nossa autenticidade. Desse modo, criamos uma prisão interna com muitas aparências, o que limita o potencial criativo e inovador da nossa mente.
Limites Invisíveis
No entanto, a liberdade também reside na capacidade de desafiar essas autoimposições visíveis e invisíveis e a manipulação mental(4).
As redes sociais, mesmo que com suas armadilhas, são um terreno fértil para a desconstrução de limites autoimpostos.
Movimentos de empoderamento e comunidades online, por exemplo, proporcionam um espaço para a expressão sem limites e julgamentos.
Ademais, ao compartilharmos uma narrativa individual, inspira outras pessoas a quebrar suas próprias correntes mentais. Entretanto, não devemos confundir esta inspiração com a ideia de ter seguidores fazendo igual pela aceitação ou falta de noção. É possível criar redes de liberdade de pensamento que transcendem as barreiras culturais e respeitem as diferenças.
Paradoxalmente, enquanto celebramos a liberdade, inadvertidamente construímos estruturas que a restringem.
O impacto das redes sociais e da cultura contemporânea na mente humana exige que repensemos a liberdade e a repressão.
Em suma, o equilíbrio entre o livre pensar, sem limites, e a repressão até do pensamento, deve ter a precedência de muita reflexão(5).
Melanie Klein refere-se às origens de nossos limites, sejam eles culturais, individuais ou virtuais, desde a infância.
Contudo, são os adultos que perderam suas mentes sem limites e cheias de restrições sociocomportamentais. Desse modo, somente ao reconhecer e desafiar essas barreiras invisíveis podemos pensar numa plenitude de reflexão-ação.
Enfim, é possível que, em tese, a mente humana rompa suas correntes dos dogmas que limitam a liberdade de expressão e a individualidade.
A citação de Klein sugere que a mente é uma entidade notável, que transcende muitas limitações, desde que ousemos desafiá-las e reformá-las.
P. S.
De fato, nossas mentes possuem uma capacidade sem limites de imaginação e criatividade. Contudo, a maioria das pessoas pratica a preguiça mental de forma contundente e repetitiva. Perdemos! Como também Melanie Klein errou feio.
(1) “Livre Arbítrio e as redes sociais”
(2) “Entre sem bater – Mikhail Bakunin – A Liberdade”
(3) “Entre sem bater – Goethe – Falsamente Livres”
(4) “Entre sem bater – Aldous Huxley – Manipulação Mental”
(5) “Entre sem bater – Kobe Bryant – Reflexão”
Imagem: Entre sem Bater – Melanie Klein – Sem Limites
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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