Entre sem bater - Mary McCarthy - Classe Média

Entre sem bater – Mary McCarthy – A Classe Média

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Certamente, Mary McCarthy não diria que a “Classe Média” fede, como alguns direitistas dizem, mas diria que ela está repleta de idiotas.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Mary McCarthy

É provável que algum crítico de rede social, não obrigatoriamente alguém da classe média, vai detonar a frase motivadora deste texto. Reconheço que a frase original não fala de redes sociais pois não existiam à época da frase. Entretanto, é possível que as figuras de linguagem como aforismo e paráfrase sejam sirvam como uma luva aos propósitos que desejamos.

Mary Therese McCarthy (21 de junho de 1912 – 25 de outubro de 1989) foi uma romancista, crítica e ativista política americana, mais conhecida por seu romance The Group, seu casamento com o crítico Edmund Wilson e sua rivalidade com a dramaturga Lillian Hellman. McCarthy foi a vencedora do Prêmio Horizon em 1949. Foi membro do Instituto Nacional de Artes e Letras e da Academia Americana em Roma. Em 1973 ela foi eleita Fellow da Academia Americana de Artes e Ciências. McCarthy obteve títulos honorários acadêmicos de Bard, Bowdoin, Colby, Smith College, Syracuse University, University of Maine em Orono, University de Aberdeen e da Universidade de Hull.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

Classe Média ou Burguesia

No Brasil, a distinção entre “classe média” e “burguesia” muitas vezes se perde em meio à complexidade social e econômica do país. Enquanto os termos possuem origens distintas e conotações específicas, a falta de clareza conceitual frequentemente leva à confusão. Atualmente, a maioria das pessoas, notadamente nas redes sociais, tende a se identificar com ambos de maneira intercambiável.

A “classe média” tem associação a um estrato social que ocupa uma posição intermediária na hierarquia econômica. Essa categoria abrange uma variedade de profissões que podem ter níveis de renda diferentes. Por exemplo, os influencers podem se considerar da classe média, nem todos, somente aqueles que tomam mais dinheiro dos idiotas. Desse modo, uma eventual estabilidade financeira ou consumo de bens e serviços de preços elevados não qualifica a classe média.

Por outro lado, a “burguesia” tem suas raízes históricas ligadas aos detentores dos meios de produção e proprietários de empresas. No Brasil, a burguesia não se relaciona como a concepção original do termo, em relação a outras sociedades capitalistas.

Brasil

Se no Brasil a burguesia representa uma classe social não somente com ligações fortes com o capitalismo industrial, mas também com os parasitas(1).

No entanto, muitos desconhecem essas nuances e adotam uma visão simplista, achando que a classe média é sinônimo de burguesia. Esse equívoco reflete uma falta de compreensão das diferenças fundamentais entre o que significa uma e outra categoria. Assim sendo, as pessoas muitas vezes se incluem em ambas, pensando erroneamente que estão desfrutando do mesmo status social.

Desde que as redes sociais explodiram, os rentistas, abusadores, parasitas criaram o mundo do Lumpenproletariat(2).

Essa confusão, certamente, contribui para a perpetuação de desigualdades e impede uma análise mais crítica da estrutura social brasileira.

Contudo, destacamos que a confusão entre classe média e burguesia não apenas obscurece as verdadeiras disparidades de poder e riqueza. Sem dúvida, ela mina a capacidade de se debater questões como a distribuição de recursos, as oportunidades e outras de cunho social.

Lumpenproletariat

A princípio, sem uma compreensão mais precisa das classes sociais no Brasil não vamos a lugar nenhum enquanto sociedade. Como se não bastasse, é possível retrocedermos séculos, quando constamos o crescimento do grupo de pobres de direita(3). A falta de incentivo ao diálogo sobre as complexidades de nossa estrutura social e econômica criou, desgraçadamente, o pobre de extrema-direita.

Este quadro, de completa idiotia coletiva, nos colocou à beira do abismo e, como se não bastasse, ameaça recrudescer a cada nova eleição. Os sociopatas manipuladores de eleitores fabricam candidatos nas redes sociais como erva daninha.

Assim sendo, a era do Lumpenproletariat indica, ilusoriamente, que basta a mudança de “status” nas redes sociais para que o mundo seja diferente.

Redes Sociais

No vasto mundo das redes sociais, onde as vidas têm exibição através de filtros brilhantes e legendas rasteiras, a falsidade e a hipocrisia são moeda corrente. Muitos perfis, em busca de validação social e pertencimento a alguma classe superior, recorrem à tática da mudança de status.

No entanto, uma mudança de classe social não ocorre através de simples atualizações virtuais destes pobres de espírito(4). Embora alguns destes pobres de espírito até que estão ganhando muito dinheiro, até pela  ostentação. Costumo dizer que todos, os da classe média, da burguesia, das redes sociais, não aguentam cinco minutos de auditoria séria.

Contudo, eles não aceitam que pertencer à classe média ou à burguesia vai muito além de uma mera mudança de status ou aparências.

Sucesso

Ao navegar pelas timelines repletas de sorrisos radiantes e descrições de conquistas exuberantes temos a certeza de que a maioria é sociopata(5). Eles tentam mostrar que é fácil a mudança de status nas redes sociais e o passaporte direto para uma vida de conforto e privilégios.

A realidade, contudo, é mais complexa do que os pixels brilhantes dos monitores podem retratar. Pertencer a uma classe social mais elevada requer muito mais do que uma simples atualização de perfil. Como se não bastasse, a verdadeira burguesia e classe média, não gostam de pobres. Desse modo, uma mudança de mentalidade, dos valores e outras circunstâncias materiais é necessária para todos.

Os pobres de espírito que acreditam que uma foto elegante e um novo título de emprego os catapultarão para o sucesso, não entenderam nada. Por isso, até em plataformas digitais que destinam-se àqueles que lutam, como as de procura de trabalho, a soberba prevalece.

A classe média e a burguesia não são meramente rótulos falsos, de um perfil digital, para demonstrar um falso sucesso. Estas categorias são construções complexas que abrangem educação, oportunidades, acesso a recursos e uma compreensão de nuances culturais e sociais.

Pirâmide Social

A verdadeira ascensão social requer esforço, educação e um compromisso sólido com o desenvolvimento pessoal.

Não é suficiente proclamar uma nova posição social em uma atualização de status. A hipocrisia se desfaz diante da realidade inescapável de que as mudanças substanciais na vida não ocorrem com um clique. A pirâmide social existe e o salto entre suas classes não se define com a mudança de status ou a perseverança e luta.

A falsa sensação de pertencimento à classe média ou à burguesia revela uma fragilidade da autoestima do indivíduo. A autenticidade e a integridade, ao contrário das representações virtuais, são as verdadeiras chaves para entender as barreiras sociais.

Pobres de Espírito

Enfim, os pobres de espírito que se contentam com a ilusão de pertencer a uma classe através de atualizações nas redes sociais cometem o autoengano. Certamente, mesmo que permaneçam à margem das verdadeiras transformações podem usufruir do sucesso efêmero. Neste momento, alguns destes influenciadores estão sendo presos por dar golpes e cometer crimes(6) contra outros pobres. Se eles fossem da burguesia estariam livres, se fossem da classe média, continuariam com os golpes. Entretanto, se conseguiram, pelo menos um bom dinheiro, farão a alegria de algum escritório de advocacia.

A mudança no mundo tangível e do crescimento pessoal está na compreensão de que o sucesso e riqueza não alinham-se com as aparências digitais efêmeras.

A frase original de Mary McCarthy tem relação com o mundo literário.

Só os idiotas da classe média acreditam que ficar em dia com a última novidade em literatura melhora seu status no mundo

Desse modo, é possível transpor sua ideia para o mundo das redes sociais, com leves adaptações. Certamente, a autora aprovaria a paráfrase com louvor.

 

P. S.

Com toda a certeza, muitos leitores deste texto consideram-se incluídos na categoria de burguesia ou classe média. Sinto decepcioná-los, poucos são ou serão, algum dia, basta compreender as coisas como elas são.

 

(1) “Parasita-mor da sociedade tupiniquim

(2) “Ser Lumpenproletariat agora é moda

(3) “O Pobre de direita no Brasil

(4) “Entre sem bater – Eduardo Marinho – Pobres de Espírito

(5) “Entre sem bater – Lee Camp – Os Sociopatas

(6) “Influenciadores digitais presos em MG

(7) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas

 

Imagem: Entre sem Bater – Mary McCarthy  – A Classe Média

Nota do Autor

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