Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Pode parecer rude, mas Eduardo Galeano e outros estão cobertos de razão, este nascimento de “Jesus” é fake.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Eduardo Galeano
A princípio, escritores que misturam ficção com a realidade podem parecer difíceis de compreender. Entretanto, Eduardo Galeano consegue ser bastante real, mesmo que com sua verve ficcional, que tem admiradores no mundo inteiro. Suas frases, inclusive a sobre o nascimento de Jesus, sob a ótica da manipulação de massas, são fortes e marcantes.
Eduardo Hughes Galeano ( 3 de setembro de 1940 – 13 de abril de 2015 ) foi um jornalista, escritor e romancista uruguaio. Nascido Eduardo Germán María Hughes Galeano seu nome tem origem nos galeses e ítalos. Considerado, entre outras coisas, “o homem de letras mais proeminente do futebol mundial” e “um gigante literário da esquerda latino-americana”. Suas obras “Memoria del fuego” (1986) e “Las venas abiertas de América Latina” ( 1971 ) são muito relevantes. Traduzidas para vinte idiomas, transcendem os gêneros ortodoxos: combinando ficção, jornalismo, análise política e história.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Nascimento de Jesus
Em primeiro lugar, se algum leitor tem a expectativa de um texto, como trilhões que circularam ontem e hoje nas redes sociais, pode pular este. Por outro lado, se o preclaro leitor consegue dedicar alguns minutos a uma leitura reflexiva, esta é a oportunidade. Surpreendentemente, quando publiquei o “Foda-se o Natal“(1), obtive uma quantidade de apoio que eu não imaginava. Entretanto, o título do texto supra afugentou aqueles que podiam, de uma forma ou de outra, apresentar alguma oposição.
Desse modo, nesta data, onde os cristãos comemoram o nascimento de Jesus (que nem foi em 25 de dezembro), apresentamos mais uma visão.
Da Mensagem de Jesus à Comercialização do Natal
No coração do Oriente Médio, em uma região de altíssima diversidade étnica e cultural, nasceu Jesus de Nazaré. Um judeu que, pela geografia de sua terra natal, provavelmente teria uma tonalidade de pele mais próxima ao pardo. Sua vida, repleta de ensinamentos revolucionários e mensagens de amor e compaixão, culminaria na fundação do Cristianismo.
Assim sendo, esta religião tornou-se uma fé que transcende fronteiras geográficas e culturais. Na Idade Média e com o ciclo das navegações, de cristãos, tornou-se a maior religião do planeta.
E, certamente, a colonização do continente americano fez com que as três maiores nações com cristãos estejam em nosso continente.
- EUA: 230 milhões
- Brasil: 190 milhões
- México: 110 milhões
Tempos modernos
Entretanto, como estamos em tempos modernos, a celebração do nascimento de Jesus assumiu uma forma peculiar.
O 25 de dezembro, uma data questionável quanto à sua veracidade histórica como o dia exato do nascimento de Cristo, é uma festa, quase pagã. Assim sendo, a data tornou-se o epicentro de uma festividade que, de certa forma, afastou-se da essência original do cristianismo.
Por isso, entendemos que o momento do nascimento de Jesus incorpora elementos que pouco têm a ver com a realidade histórica da Palestina. Palestina que, neste momento, está numa guerra santa (Islamismo x Judaísmo) e os cristãos escolhendo um lado.
A região de onde Jesus provavelmente era originário não é conhecida por suas neves e renas e o que dizer do Papai Noel?
Papai Noel
A figura do Papai Noel, por exemplo, tornou-se um ícone central das celebrações. Uma figura mágica que distribui presentes aos bons meninos e meninas ao redor do mundo e ignora a miséria e a fome.
A comercialização da temporada natalina muitas vezes destaca-se pela sua desconexão com a mensagem original de Jesus. A troca de presentes e a ênfase no consumo obscurecem de maneira profunda, o que seria o nascimento do Salvador.
A generosidade e o espírito de caridade, que deveriam ser práticas constantes para os seguidores de Jesus de Nazaré. Contudo, a maioria de seus seguidores concentram sua hipocrisia em um único período do ano. A coisa é tão bruta que no Brasil criaram um meme – “INRI Cristo“(2) – que ganhou verbete no Wikipedia em inglês e espanhol.
A hipocrisia que reina durante a temporada natalina não passa despercebida. Enquanto as pessoas se envolvem em atos de caridade e benevolência durante o mês de dezembro, esquecem dessas práticas no restante do ano. O espírito natalino, que deveria ser um lembrete constante dos ensinamentos de Jesus, torna-se, por vezes, uma máscara temporária para ações altruístas.
Religiões
Outrossim, é crucial mencionar que nem todas as religiões cristãs adotam a celebração do Natal.
Inclusive, algumas religiões cristãs, como os Restauracionistas, Ortodoxos e Protestantes, desconsideram a data por sua origem pagã. Como se não bastasse, a ausência de indicações precisas na Bíblia sobre a data do nascimento de Jesus gera mais polêmica.
Além disso, outras religiões, como o Judaísmo e o Islamismo, não celebram o nascimento de Jesus como parte de suas tradições religiosas.
Transformações
As transformações da data, ao longo dos séculos, é uma tentativa de integrar elementos culturais e tradições locais às práticas cristãs.
Entretanto, o sincretismo, no entanto, muitas vezes levou a uma diluição dos ensinamentos originais da data religiosa. Desse modo, em meio a símbolos e rituais que pouco têm a ver com as mensagens do Cristianismo original.
Em contraste com a imersão comercial e festiva, ressaltamos que o verdadeiro significado do Natal, para muitos cristãos ainda é a solidariedade. Por isso, mesmo que com críticas, a celebração do nascimento do Messias deveria servir para reflexão sobre a mensagem de esperança para o mundo.
Desde que se pratique a caridade(3), o amor ao próximo e a compaixão teríamos a essência do legado de Jesus. Por outro lado, o que vemos, atualmente, no Brasil e no mundo, são barbaridades inomináveis. É inconcebível, por exemplo, que um seguidor cristão pregue a morte de outro ser humano, como vimos recentemente.
Em meio às luzes brilhantes, músicas festivas e presentes com caros papel de embrulho, os cristãos deveriam refletir.
O Natal apresenta-se, atualmente, apenas um momento de alegria efêmera. As oportunidades de renovação do compromisso com a mensagem atemporal de amor e compaixão que transcende o 25 de dezembro.
O desafio é, com toda a certeza, manter viva a verdadeira essência do Natal, em cada amanhecer de um novo dia.
Palavrinha final: Inquestionavelmente todos que misturam política, festa cristã-pagã e outras editorias, deveriam procurar tratamento psiquiátrico. Os que praticam caridade no Natal, fazendo marketing pessoal e em busca de reconhecimento, deveriam se envergonhar.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Algumas religiões de base cristã somam-se à Católica Apostólica Romana, para terem a avaliação de “maior número de fiéis“. As atrocidades, em nome de Jesus, que o Cristianismo praticou na África e continente americano, são inomináveis.
(1) “Entre sem bater – Harlan Ellison – Foda-se o Natal”
(2) “INRI Cristo – Wikipedia”
(3) “Entre sem bater – Eduardo Galeano – Caridade”
Imagem: Entre sem Bater – Eduardo Galeano – O Nascimento de Jesus
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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