Entre Sem Bater - Thomas Buckle - Ordem de Inteligência

Entre sem bater – Thomas Buckle – Ordem de Inteligência

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. É lamentável que a maioria das pessoas não entendam um pensamento simples, de Thomas Buckle, sobre a “Inteligência“.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Thomas Buckle

Thomas Buckle é daqueles caras que viveu pouco tempo, mas “causou” entre seus pares, inimigos, detratores e apoiadores. O inglês era historiador e se houvesse apoio e compreensão para o seu trabalho e linha de raciocínio seria um “gênio” para muitos. A inteligência de Buckle estava, com toda a certeza, muito acima e adiante do seu tempo. Por outro lado, as adversidades dos intelectuais que ele enfrentou, atualmente, provocariam a morte mais prematura dele.

Henry Thomas Buckle (24 de novembro de 1821 – 29 de maio de 1862) foi um historiador inglês, autor de uma “História da Civilização” inacabada e um forte jogador de xadrez amador. Ele às vezes é chamado de “o Pai da História Científica”. Buckle, filho de Thomas Henry Buckle (1779-1840), um rico comerciante e armador de Londres, e sua esposa, Jane Middleton (falecida em 1859) de Yorkshire, nasceu em Lee, Londres (condado de Kent) e tinha duas irmãs. A descrição da História da Civilização, sua obra máxima, na Inglaterra foi retirada da Encyclopædia Britannica Décima Primeira Edição (1911).

Fonte: Wikipedia (inglês)

Inteligência

Em primeiro lugar, devemos ressaltar que a inteligência é um conceito subjetivo e que não possui uma medição exata, é variável. Certamente, a forma como as pessoas se comunicam e expressam suas ideias pode variar muito dependendo do local e interlocutores. Inquestionavelmente, é o mesmo que jogar “pérolas aos porcos(*) como disse Mateus (o da Bíblia), desperdiçarmos nosso conhecimento com os tolos.

Desse modo, é compreensível que alguns leitores, com açodamento constante, queiram logo acusar o mensageiro de arrogante(1). Esta atitude é, sem dúvida, o primeiro sinal indicativo da classe de inteligência do interlocutor ou receptor da mensagem. Por outro lado, a frase de Buckle, embora interessante, não deve ter uma interpretação rígida pelas pessoas de outras pessoas.

Medições de níveis de inteligência, de fato, evoluíram com o passar dos séculos, antes e depois de Buckle. Entretanto, métricas como o “Quociente de Inteligência” estão com prazo de validade e servem somente para situações específicas. Medir a inteligência das pessoas com base em resultados de questionários é por demais rasteiro e subjetivo.

Frases e Pensamentos

Desde que o homem se colocou a pensar, classificar a inteligência e capacidade cognitiva dos interlocutores apresenta-se como um desafio. Desta forma, aos mais capazes, resta pensar, filosofar, construir frases e pensamentos sobre o tema.

Temos, por exemplo, algumas citações que nos levam ao aforismo de Buckle:

  • Thomas Buckle: “Os homens superiores discutem princípios; os homens medíocres discutem eventos; os homens inferiores discutem pessoas.”
  • Cícero: “É próprio de um homem de mente vulgar se preocupar com o que os outros pensam dele.”
  • Sêneca: “A maioria das pessoas se preocupa com coisas que não têm importância.”
  • Marco Aurélio: “O que os outros pensam de mim é problema deles. Eu só preciso me preocupar com o que eu penso de mim mesmo.”
  • Provérbio Chinês: “Os sábios discutem sobre as ideias, os medíocres discutem sobre as coisas, os tolos discutem sobre as pessoas.
  • Dan Brown: “Mentes pequenas sempre atacaram o que não entendem.”

Assim sendo, podemos dizer que, à exceção de Dan Brown, Buckle teve somente mestres a inspirá-lo. Por isso, podemos afirmar que o pensamento de Buckle para avaliar a classe das pessoas é, cada vez mais, atual e correto.

A ideia por trás da frase do inglês é muito mais antiga. Adicionalmente, ganha mais expressão, de diversas formas, ao longo da história e com as redes sociais.

Ordem de Inteligência

De acordo com a frase, Buckle separou as pessoas, educadamente, numa classe mais baixa, numa classe medíocre e numa classe acima das demais. É necessário ressaltar, sobretudo, que estas classes não possuem nenhum relacionamento a questões sociais, raciais ou de gênero. Quando iniciou seu pensamento com “… homens e mulheres …”, certamente ele falou de humanos, sem preconceitos e distinções. Enfim, podemos dizer que Buckle estava muito adiante do seu tempo.

As traduções, interpretações, paralogismos e aforismos do pensamento de Buckle são inúmeros. Contudo, podemos afirmar que o foco dele era a separação da inteligência entre os que debatiam ideias, coisas e pessoas.

Das Ideias

Thomas Buckle, em suas reflexões sobre a natureza do intelecto humano, destacou a preferência das mentes mais elevadas pela discussão de ideias. Este pensamento mostra a troca intelectual como um elemento vital na evolução do pensamento humano.

A mente humana, com a sua complexidade e diversidade, encontra na discussão de ideias, inquestionavelmente, um terreno fértil para florescer. Por outro lado, os humanos encontraram nas redes sociais a aridez da imbecilidade humana e da ignorância.

As mentes mais brilhantes, ou aquelas acima da mediana em cada nação, defendem que o debate é que produz avanços. As novas perspectivas, os novos conceitos e o avanço do conhecimento somente surgem com a troca de ideias.

Ao dar preferência à discussão de ideias, as pessoas inteligentes e os sábios demonstram um profundo respeito pela diversidade de pensamento. É possível, desta forma, reconhecer e respeitar que cada mente é única, carregando consigo experiências, valores e visões de mundo distintas. Portanto, ao se envolverem em debates, não buscam apenas impor suas próprias opiniões, o que nem sempre é perceptível. O objetivo é também demonstrar abertura para aprender com os outros e a expandir seus horizontes cognitivos.

Progresso intelectual

Como se não bastasse, somente a discussão aberta e honesta de ideias serve como um catalisador para o progresso intelectual e social. É através do confronto saudável de perspectivas divergentes que surgem as inovações e as descobertas científicas. Certamente, as soluções para os desafios que enfrentamos como sociedade, principalmente a digital, estão no debate. A diversidade de opiniões alimenta a criatividade e estimula o pensamento crítico, permitindo que a humanidade avance.

Por outro lado, em direção oposta a um futuro mais promissor está a cultura do compartilhamento hipócrita e dos likes automáticos.

Assim sendo, a discussão de ideias requer, obrigatoriamente, um ambiente de respeito mútuo e tolerância. O debate inteligente exige dos participantes a disposição de ouvir atentamente, considerar argumentos contrários e a refletir sobre suas convicções.

Desse modo, a situação dos perfis em redes sociais do tipo “… já tenho opinião e não quero saber de fatos …” atrasa a humanidade.

Das Coisas

Na sua provocação, Buckle sugere que o hábito comum de discutir triviais e eventos banais é o ponto crucial para a mediocridade intelectual. Em um mundo saturado de conversas superficiais e banalidades, seu pensamento soa tanto como uma acusação quanto como um chamamento à reflexão.

Afirmar que pessoas de inteligência mediana são triviais, sem dúvida, lança uma luz sobre a importância do que alimentamos à nossa mente. Diz um outro pensador que cada pessoa se torna muito do que se alimenta, desse modo, se uma pessoa se alimenta de coisas levianas

A comunicação vazia, sem substância ou qualquer conteúdo, é um obstáculo para o crescimento intelectual e a expansão do conhecimento. No entanto, Buckle não apenas aponta para o problema, mas também sugere uma oportunidade de melhoria. Ele implicitamente nos desafia a reavaliar nossas interações e a buscar conversas que alimentem nossas mentes. Contudo, a preguiça mental(2), reinante nas redes sociais, desafia a todos a pensar de forma mais crítica e profunda.

Herança Natural

A natureza das nossas conversas reflete não apenas o nível da nossa inteligência, mas também os nossos interesses, prioridades e valores. Surpreendentemente, nos últimos anos as gerações mais novas dominaram o mundo da tecnologia e não herdaram a capacidade cognitiva dos pais. Este país, com toda a certeza, pensam que fizeram tudo corretamente, #SQN.

Se estamos constantemente envolvidos em fofocas triviais ou debates fúteis, desperdiçamos uma oportunidade valiosa de crescimento pessoal. Filhos que ouvem os pais fazendo comentários sobre trivialidades, pais que não têm o hábito da leitura, encontraram o paraíso nas redes sociais.

Em contrapartida, se deliberadamente conversamos sobre temas complexos, cultivamos um ambiente propício para o desenvolvimento intelectual.

Portanto, ao invés de nos conformarmos com conversas superficiais e banais, podemos nos esforçar para elevar o nível das nossas interações. Mas, para buscar conexões mais significativas e enriquecedoras com os outros é preciso a disposição dos interlocutores.  Em outras palavras, a leitura de livros desafiadores, participação em debates fora da curva ou conversas mais profundas e autênticas, podem funcionar.

Das Pessoas

Chegamos, enfim, na classe de pessoas que se apresentam em maior quantidade nos espaços digitais da atualidade. Embora a afirmação de Buckle seja controversa, levanta questões intrigantes sobre as dinâmicas sociais e os padrões de comportamento.

O hábito de falar constantemente sobre os outros espelha uma série de fatores. Com toda a certeza, a insegurança, a falta de autoconhecimento e até mesmo deficiências cognitivas pessoais são causas prováveis. Em um sentido amplo e rasteiro, indica uma mentalidade que chamo de baranga-fofoqueira, sem conotação de gênero. Ou seja, alguém que busca satisfação em discutir a vida alheia em vez de se concentrar em seu próprio crescimento e desenvolvimento.

No entanto, é crucial não interpretar essa observação de forma simplista, com açodamento ou com generalizações. A complexidade das interações humanas diz que não se pode fazer uma avaliação precisa da inteligência com base apenas em seus hábitos de fala. A inteligência é um conceito amplo  cruel, que abrange não apenas a capacidade cognitiva, mas também a inteligência emocional, social e comportamental.

Além disso, a própria definição de “classe mais baixa na classificação de inteligência” é altamente subjetiva e potencialmente sectária. A inteligência não deve se relacionar em termos de status social ou econômico, pois isso perpetua estereótipos e injustiças. Cada indivíduo é único, e suas habilidades e potenciais não podem se reduzir a categorias e pensamentos simplistas.

Pandemia Digital

A pandemia digital teve seu paciente zero anteriormente, lá atrás, possivelmente com a criação do Orkut e suas comunidades do tipo “Eu odeio“. Fiz parte de algumas delas e, surpreendentemente, fui alvo de uma delas, abertamente e com mentiras insuportáveis.

Desse modo, em vez de julgar os outros com base em comportamentos superficiais, seria mais construtivo trabalhar a compreensão. As pessoas podem falar sobre os outros por uma variedade de razões, mas nenhuma faz crescer nenhuma das partes. Rotular alguém como pertencente a uma “classe mais baixa  revela preconceito e intolerância.

Além disso, é fundamental reconhecer que todos nós temos nossas próprias fraquezas e áreas para crescimento, especialmente nestes novos tempos.

Novos Tempos

Nesse ínterim de julgamentos, preconceitos e acusações, estamos perdendo a batalha da evolução humana. Em vez de apontar o dedo para os outros, deveríamos nos concentrar em nosso próprio desenvolvimento pessoal. Entretanto, cultivar relacionamentos saudáveis e significativos com as pessoas torna-se impossível ante a falsidade das redes sociais.

A preferência pela discussão de ideias é um sinal de maturidade intelectual e um compromisso com a busca da verdade. É um convite para que as mentes mais brilhantes se unam em um diálogo construtivo. É nesse intercâmbio de ideias que encontramos a essência da jornada intelectual humana, sempre em busca de novas perspectivas.

Inquestionavelmente, a qualidade das nossas conversas é um reflexo direto da qualidade dos nossos pensamentos. Ao escolhermos nos envolver em diálogos que nos inspirem e nos desafiem, avançamos em direção potencial máximo como seres pensantes.

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) Frequentemente, recebe reprimendas sobre a forma como escrevo. Insisto, por vezes, em jogar pérolas aos porcos, aos negacionistas e até aos estultos que se travestem de debatedores. Costumo ter pouca paciência com pessoas que só olham a capa de um livro ou a forma de um texto e nunca enxergam o conteúdo. Há limites!

(1) “Entre Sem Bater – Susan Piver – Confiança e Arrogância

(2) “Entre Sem Bater – Liz Hurley – Preguiça Mental

 

Imagem: Entre sem bater – Thomas Buckle – Ordem de Inteligência

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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