Entre Sem Bater - Eva Sopher - As Coisas Ruins

Entre Sem Bater – Eva Sopher – As Coisas Ruins

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Alguns pensamentos, como os de Eva Sopher,  podem ser aplicáveis em muitos contextos. As “Coisas Ruins“, sem dúvida, não escolhem hora e nem destinatários.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Eva Sopher

É provável que a história de defesa da cultura, que nem era, originalmente a sua, que fez Eva Sopher, não classifique-se como coisas ruins. Entretanto, a frase-chave deste texto tem tudo a ver com a luta de uma gaúcha por adoção, nestes tempos difíceis. Do mesmo modo que Eva Sopher, muitas pessoas eliminam alguns pensamentos e seguem em frente. Força ao povo gaúcho e a todos os brasileiros que entenderam o drama daquela nação dos Pampas. Sem desmerecer o contexto da frase de Eva Sopher, pelo contrário, urge que a humanidade repense o que segue e o que pratica.

Eva Sopher (18 de junho de 1923 – 7 de fevereiro de 2018) foi uma gestora de teatro brasileira em Porto Alegre. Renovou o Teatro São Pedro e o administrou por 41 anos. Sopher nasceu Eva Margarete Plaut em 1923 em Frankfurt am Main, na Alemanha. Seus pais Max e Marie eram judeus e, como muitos, sua família deixou a Alemanha para evitar a ascensão do nazismo em 1936. Em 2015 recebeu a Medalha Goethe em reconhecimento ao seu trabalho na melhoria do intercâmbio cultural. Os organizadores notaram como ela e seu teatro foram anfitriões de diferentes culturas. Dada a sua formação, notaram particularmente que esta lista inclui a cultura da Alemanha. Um complexo comunitário de 18 mil metros quadrados no Teatro São Pedro recebeu o nome de Eva Sopher.

Fonte: Wikipedia (inglês)

As Coisas Ruins

A princípio, é um comportamento muito comum das pessoas atribuírem as coisas ruins ao capiroto(1). Contudo, esquecem-se que são os humanos que estão praticando tudo o que querem, e esquecem-se do que chamaram de banquete de consequências(2). Desse modo, a tragédia natural que ocorreu recentemente no sul do país não é uma obra do acaso.

A frase de uma mulher que atuou com extrema bravura e honra serve para mostrar um contraponto sobre as coisas ruins da atualidade. Os modernismos que vivemos nos coloca em situações alarmantes. Ao mesmo tempo que muitas pessoas tentam ajudar as vítimas das nossas ações e omissões, outras tentam aplicar golpes.

Ao mesmo tempo em que comprovamos nossa teoria de que o brasileiro, no geral, é cooperativo, temos o outro lado da moeda de maneira cruel. Políticos esparramando mentiras e fake news, inclusive com ajuda da mídia tradicional, é, por exemplo, uma das crueldades. Como se não bastasse, situações que seriam ações boas para a maioria ganham as manchetes com falácias e distorções.

Assim sendo, louvamos a luta de Eva Sopher, e que esta heroína da cultura inspire a humanização dos brasileiros para as coisas ruins reais.

Conexões Complexas

Em primeiro lugar, a série “Entre sem Bater” é uma homenagem a um pampeiro legítimo: Aparício Torelly, o “Barão de Itararé“. Pode parecer estranho, mas estas conexões complexas servem para explicar, por exemplo, a paixão do gaúcho por muitas coisas simples.

A rivalidade que os gaúchos têm no esporte e na política, geralmente, não tem a compreensão de outros brasileiros. Na minha opinião, na questão do Gre-Nal, é a maior do Brasil e talvez do planeta. E, como se não bastasse, expande-se para a política, criando conexões que não se percebe pela mediocridade das redes sociais.

Pode parecer estranho esta abordagem na medida que eu defendo a ideia de que política e futebol não se misturam. Entretanto, no caso dos Pampas, serve para justificar algumas posições que poderíamos considerar radicais.

Problemas Reais

Podemos dizer que, no caso das enchentes do Rio Grande do Sul (RS), temos um grave problema ambiental, com responsáveis e cúmplices. A questão do ambientalismo(3) teve uma caracterização interessante quando Chico Mendes classificou-a. E os problemas reais são coisas ruins que, ao contrário da proposta de Sopher, não devemos esquecer ou eliminar.

As catástrofes naturais(*), que presenciamos com frequência cada vez maior, apresentam-se como eventos inevitáveis e fora do nosso controle. No entanto, uma análise séria e honesta revela que a gravidade e a frequência desses eventos podem ter outra interpretação. Estas coisas ruins relacionam-se à irresponsabilidade humana e à ganância de setores que exploram a natureza em busca do domínio econômico.

A urbanização sem limites, que eleva-se pela especulação imobiliária e pela busca incessante de lucro, leva à destruição de vastas áreas naturais. Esses ecossistemas, que absorvem o excesso de água das chuvas, somem, e surgem o concreto, o asfalto e o solo não natural.

Desse modo, cidades inteiras surgem sem planejamento sustentável, que sofrem com alagamentos que poderiam não ocorrer, se houvesse consciência ambiental.

Catástrofes Naturais

Meu amigos, as catástrofes naturais não são obra do diabo ou um castigo pelas escolhas religiosas que este ou aquele povo faz. A estupidez humana é que provoca estes desastres. Como se não bastasse, esta estupidez alia-se à imbecilidade como da mulher que atribuiu a tragédia do sul à quantidade de terreiros de Umbanda. Certamente, o filósofo que disse que “… a imbecilidade humana é infinita …” tinha razão.

Os extremos de temperatura, como ondas de calor e frio intensos, recrudescem somente pela ação humana. A emissão de gases de efeito estufa, resultante do desmatamento e de práticas agrícolas insustentáveis, altera o clima global. A mudança climática é consequência direta das atividades humanas com impactos a longo prazo no meio ambiente e na vida humana.

Construções em encostas e áreas de risco, além da especulação imobiliária, desestabiliza o solo e remove a vegetação que protegeria essas áreas. O resultado são deslizamentos que destroem casas, vidas e comunidades inteiras, tragédias que não ocorreriam com políticas de uso do solo sustentáveis.

Em todos esses casos, a ganância de setores econômicos que dilapidam a natureza para ganhos pessoais e domínio econômico é evidente. O desmatamento, a poluição industrial, a exploração irresponsável dos recursos naturais e a falta de regulamentação ambiental são práticas nocivas à saúde do planeta.

Soluções ou Problemas

O diversionismo e até mesmo os casos que vemos no caso do RS são aterrorizantes. Pessoas comuns defendendo coisas materiais enquanto outros perdem tudo. Como se não bastasse, políticos venais utilizando da tragédia e pensando nas eleições municipais. Aqueles que esperavam um fim do mundo hollywoodiano, com meteoro e tudo, ainda vão entender o que está acontecendo.

Surpreendentemente, ao contrário de Eva Sopher, é necessário termos em mente todas as coisas ruins, e trabalhar por coisas boas.

A solução para esses problemas passa necessariamente pela adoção de políticas públicas mais rigorosas e pela conscientização da sociedade. A questão da sustentabilidade, como no caso da agricultura do RS, deve servir de exemplo para biomas como o do Cerrado.

É fundamental que governos, empresas e indivíduos adotem práticas que respeitem os limites naturais e promovam a conservação ambiental. Investir em energias renováveis, preservar áreas verdes, promover a agricultura sustentável são ações defensáveis desde sempre. Além disso, regulamentar a exploração dos recursos naturais para mitigar os impactos das catástrofes naturais é fundamental.

Portanto, enquanto as catástrofes naturais continuarão a ocorrer, a intensidade e a frequência desses eventos podem sofrer diminuição. Em outras palavras, basta a humanidade optar por um caminho de responsabilidade ambiental e social.

Se crimes ambientais como o de Mariana (MG) e catástrofes como do RS não servem para acionar a luz vermelha no Brasil, nada mais servirá.

Em suma, é impossível eliminar as coisas ruins do pensamento e das nossas ações em prol do coletivo.

 

 Amanhã tem mais …

P. S.

Utilidade Pública: Para quem Doar

(*)  Enchentes devastadoras, ondas de calor e frio extremo, deslizamentos de terra, naufrágios e outros desastres são coisas ruins evitáveis.

(1)Entre Sem Bater – Karl Kraus – O Diabo

(2) “Entre Sem Bater – Robert Stevenson – Banquete de Consequências

(3) “Entre Sem Bater – Chico Mendes – O Ambientalismo

Imagem: Entre sem bater – Eva Sopher – As Coisas Ruins

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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