Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Reinaldo Azevedo é um cronista político que ganhou notoriedade como muitos por aí, uma espécie de “Golpismo” no jornalismo.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Reinaldo Azevedo
Em primeiro lugar, declaro que nunca fui e nunca serei fã ou seguidor do Reinaldo Azevedo(1). A base para esta refração é, sem dúvida, porque considero que ele pratica o golpismo na sua área de atuação. Defendo ainda a ideia de que devemos colocar em pauta as ideias da pessoa, e não seus atributos pessoais. Não conheço a pessoa, classifico-o na categoria de indiferentes(2), por tudo o acompanho desde que virou estrela da revista Veja. Como um rato que abandona o navio, o dito cujo pulou fora e foi para a Jovem Pan. Sintomático, né? Este pessoal da mídia que se diz de centro e fica mudando de plataforma e canal como político muda sigla de partido não presta. Entretanto, alguns comentários dele merecem reflexão, o que deve desagradar ao articulista (ter ouvintes que pensem!).
José Reinaldo Azevedo e Silva (Dois Córregos (SP), 19 de agosto de 1961) é um jornalista brasileiro. Atualmente, Reinaldo é colunista do jornal Folha de São Paulo e atua como comentarista, além de apresentar o programa “Pela Ordem” nas plataformas da emissora. O blog de Azevedo foi listado em 2014 como um dos dez principais blogs políticos do Brasil. Durante 12 anos seu blog ficou hospedado no site da Veja, porém, em 23 de maio de 2017, ele mudou seu blog para o Portal Rede TV!. Na mesma data, ele pediu demissão da rádio Jovem Pan, onde ancorava o programa vespertino “Os Pingos nos Is”; e no dia seguinte, o jornalista estreou como âncora no programa “Pela Ordem” na Rede TV!, do qual foi demitido posteriormente. Na mesma semana, ele também assinou contrato com a Rádio BandNews FM, cujo novo programa “O É da Coisa” estreou às 18h do dia 29 de maio de 2017.
Fonte> Wikipedia (inglês)
Golpismo
É preciso explicar que o termo golpismo vai muito além do que a mídia apresenta atualmente. Certamente, quando qualquer nação sofre atentados ou tentativas de golpe contra autoridades no poder, é golpismo explícito. Por outro lado, imaginar que algum maluco teleguiado que quer, sozinho, estourar uma bomba contra um poder e dar um golpe é insano. Em outras palavras, a frase e pensamento de Reinaldo Azevedo é, inquestionavelmente, um alerta sobre a situação em que vivemos no Brasil.
Como diria o Capitão Nascimento, e não vem do grego e nem do Latim, é um ato ilegítimo de quem não tem o poder. O golpismo no Brasil, atualmente, é uma representação no neotenentismo(3), mais burro e mais estúpido que os golpistas do século XX.
Golpes e golpistas têm, frequentemente, associação com o golpismo e a manipulação de mentes fracas. Os adeptos do golpismo objetivam enfraquecer as instituições democráticas e impor o autoritarismo que atue para atender seus interesses. A burguesia(4) adora apoiar golpistas para poder continuar se locupletando e usufruindo de privilégios.
Desse modo, uma ou outra manifestação de tentativa de golpe, além de ilegítima, é sempre covarde e criminosa. Adicionalmente, é importante destacar que os golpistas estão em todos os lugares, desde o condomínio de um prédio até uma República. E, certamente, a maioria das pessoas que estão a ler este texto, participam ou já participaram de alguma conspiração golpista.
Golpista Explícito
Com toda a certeza não existe legitimidade em atos golpistas(*). O princípio fundamental para qualquer sociedade democrática é o respeito pelas instituições e pela vontade popular expressa de maneira legítima.
Outrossim, a ideia de anistia para indivíduos envolvidos em atividades golpistas, especialmente a que parlamentares eleitos defendem, é criminosa. Surpreendentemente, eles tentam enfraquecer o próprio sistema que lhes confere autoridade. Em outras palavras, isso representa um golpe duplo, covarde e canalha, na democracia.
A tentativa em curso de conceder anistia a figuras políticas e públicas envolvidas em ações antidemocráticas de 8 de janeiro são criminosas. Uma vez que deslegitima o Estado de Direito, também ameaça minar o pacto social que sustenta a sociedade. É simplesmente o golpismo criminoso e inconstitucional, na cara da sociedade e com apoio irracional de parte dela. Mas, esperar o que de uma horda que foi às ruas com cartazes pedindo “intervenção militar já!“.
Democracia Saudável
Em uma democracia saudável há, sem dúvida, limites claros entre o que é aceitável no discurso político e o que constitui uma transgressão. Quando agentes políticos, beneficiados pelas instituições democráticas, se envolvem ou apoiam golpistas, eles ultrapassam todos os limites. Eles são contrários à própria legitimidade do sistema que lhes dá voz e palanque. Essa postura coloca em risco a estabilidade da democracia e compromete o exercício da cidadania.
Defensores de atos golpistas — independentemente de ocuparem cargos, eleitos ou não — desafiam as normas básicas de convivência democrática. Ao rejeitarem e cuspirem na alternância de poder e desrespeitarem decisões legítimas do Estado. E quem elege e apoia estes criminosos que se travestem de políticos são piores do que eles.
Anistia de UC é rola
A proposta de anistiar figuras que participaram de atos golpistas traz consigo mensagens perigosas. Uma delas é a de que, sob certas circunstâncias, a traição à democracia é perdoável ou até justificável. Esse tipo de anistia que alguns políticos defendem abertamente, é uma espécie de golpismo e canalhice. Compromete, sobretudo, a segurança jurídica e transmite uma sensação de impunidade e fraqueza no papel das instituições. Em outras palavras, quando deveriam proteger a sociedade contra o abuso de poder, querem legitimar seus abusos e seus golpes.
Anistiar golpistas é, portanto, um passo perigoso em direção a um precedente que valida a subversão e a ruptura da ordem constitucional. Sem uma resposta firme contra tais ações, o Estado terá que lidar com futuros ataques à sua integridade e aos seus valores fundamentais.
Democracia Já
A defesa de uma democracia não deve ser uma posição passiva. Ela exige vigilância constante e uma recusa explícita em aceitar qualquer forma de conivência com a quebra da ordem democrática. Propor anistia para aqueles que se engajaram em atos golpistas é contradizer esse princípio e é trair a confiança pública.
É uma espécie de tolerância que, na prática, se torna uma autorização para que novos ataques contra a democracia ocorram sem consequências. Sob esse aspecto, não se trata apenas de uma questão de responsabilização individual, mas de um compromisso com a sociedade. Vivemos, desde o império, numa falsa democracia ou numa democracia sob a tutela das oligarquias, e o povo não se deu conta.
A tolerância para com atos golpistas é, com toda a certeza, o início de um processo de erosão institucional. Ela mina o precário sistema democrático e fomenta o ceticismo em relação à justiça e à política. A proposta de anistiar golpistas representa o respeito à Constituição. Em vez de anistia, é necessário um processo rigoroso de denúncia dos mandantes dos crimes que vivenciamos. Enfim, só assim o sistema será capaz de se defender contra aqueles que pretendem subvertê-lo.
Diversionistas
Os pseudoargumentos em favor da anistia para golpistas, como forma de “reconciliação” social, é um diversionismo e falácia. Assim sendo, temos uma mostra contra o fato de que a sociedade não apoia a relativização de princípios. O Estado não pode oferecer perdão a quem busca sua destruição e ao mesmo tempo querer afirmar sua legitimidade perante os cidadãos. A reconciliação verdadeira surge quando os responsáveis por crimes contra o Estado respondem por suas ações. Ou ainda quando a Justiça se mostra firme no cumprimento da lei, independentemente do status ou da influência dos envolvidos.
Diante disso, é preciso deixar claro que não existe legitimidade em atos golpistas nem em tentativas de limpar a ficha de quem os cometeu. A democracia só se fortalece se for capaz de expurgar aqueles que não a respeitam. Os detentores do Poder devem mostrar que as instituições estão acima dos interesses individuais, oligarquias e grupelhos de redes sociais.
Em suma, qualquer proposta de anistia para golpistas políticos não é apenas uma frente ao sistema democrático. É, outrossim, mais um golpismo e atentado à própria ideia de Justiça. Uma sociedade que permite a impunidade para aqueles que desafiam as suas instituições é uma sociedade corrompida e podre, que sucumbe à sua própria existência.
Por isso, anistiar golpistas não é uma opção honesta; é um convite ao caos e à desordem institucional, que precisa ter refutação instantânea. Aceitar atos terroristas, de malucos ou não, apoiando ou se calando é ser conivente. Desse modo, Reinaldo Azevedo acerta quando fala da ilegitimidade do golpismo e de atos insanos dos indivíduos.
Terroristas e golpistas não sabem o que é e não praticam a verdadeira liberdade de expressão.
“Amanhã tem mais …
P. S.
(*) Atos golpistas acontecem em muitos setores da sociedade, diuturnamente, inclusive na mídia. Acontece que, no Brasil, tem coisa que a mídia divulga e tem coisa que a mídia não divulga. E, adicionalmente, atos golpistas não forma somente no fatídico 8 de janeiro. na “”festa da Selma“
(1) “Mais Uma Esparrela do Reinaldo Azevedo”
(2) “Os Indiferentes e a Trincheira da Hipocrisia”
(3) “Entre Sem Bater – Murilo de Aragão – O Neotenentismo do Século XXI”
(4) “Entre Sem Bater – Gustave Flaubert – A Burguesia”
Imagem: Entre sem bater – Reinaldo Azevedo – Golpismo Explícito
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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