Entre Sem Bater - Thomas Edison - Desperdício e Ignorância

Entre Sem Bater – Thomas Edison – O Desperdício e a Ignorância

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento de muitos, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Para ser um inventor, como foi Thomas Edison, é necessário conhecer muito da ignorância e do “Desperdício” que os humanos protagonizam.

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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Thomas A. Edison

Em primeiro lugar, não sou fã de Thomas Edison e avalio-o como um oportunista(*). É provável que este meu julgamento tenha efeitos nas questões do marketing e como a nossa sociedade trata o desperdício atualmente. A ideia de que estamos desperdiçando mais é posterior às grandes invenções de Edison. Contudo, atribui-se a ele uma quantidade infinita de objetos que levam, cada vez mais, ao desperdício ou à conspiração consumista(1).

Thomas Alva Edison (11 de fevereiro de 1847 – 18 de outubro de 1931) foi um inventor e empresário americano. Ele desenvolveu muitos dispositivos em áreas como geração de energia elétrica, comunicação de massa, gravação de som e filmes. Essas invenções, que incluem o fonógrafo, a  câmera cinematográfica e as primeiras versões da lâmpada elétrica, tiveram um impacto generalizado no mundo industrializado moderno. Ele foi um dos primeiros inventores a aplicar os princípios da ciência organizada e do trabalho em equipe no processo de invenção, trabalhando com muitos pesquisadores e funcionários. Atribui-se a ele a criação do primeiro laboratório de pesquisa industrial.

Fonte: Wikipedia (inglês)

Desperdício

Em primeiro lugar, qualquer papa-hóstia ou dizimista neopentecostal deveria considerar o desperdício como um pecado mortal(2) ou capital. O mundo moderno mudou muita coisa, inclusive a noção do que é pecado. Alguns pecados ganharam versões no mundo digital/virtual e algumas religiões fazem vistas grossas ou relevam facilmente.

Por outro lado, considerando a frase de Edison, devemos considerar que o inventor estava certo e soube explorar a ignorância da massa. Certamente, Edison disse esta frase com outras perspectivas que não as de atualmente. É provável que ele via no desperdício da época algo que poderia levar a usos e costumes e provocar problemas para a maioria da população.

Assim sendo, quando a produção do documentário “Conspiração Consumista” destaca o tópico “Desperdice Mais” faz muito sentido. O pensamento de Thomas Edison deveria ter melhores reflexões e contextualizações.

“… Desperdício é pior que perda. Está chegando o tempo em que cada pessoa que reivindica habilidade manterá a questão do desperdício diante de si constantemente. O escopo da economia é ilimitado.”

Thomas A. Edison by Brainy Quote

Desperdice Mais

Em nenhum lugar, exceto talvez na sociedade análoga da Roma pagã, houve um florescimento de luxúrias e vaidades baratas, mesquinhas e repugnantes como no mundo do capitalismo, onde não há mal que não seja fomentado e encorajado em prol de ganhar dinheiro. Vivemos em uma sociedade cuja política é excitar cada nervo do corpo humano e mantê-lo no mais alto nível de tensão artificial, forçar cada desejo humano ao limite e criar o máximo possível de novos desejos e paixões sintéticas, a fim de atendê-los com os produtos de nossas fábricas, impressoras, estúdios de cinema e todo o resto.”

Thomas Merton, inA Montanha dos Sete Andares” (1948), p. 148.

Considerando que Thomas Merton escreveu esta passagem logo após a Segunda Grande Guerra, certamente deveríamos ter muitas preocupações. Se a guerra levou os habitantes das principais economias do mundo a momentos de penúria e fome, o aviso de Merton foi vazio. Luxúrias e vaidades baratas eram a representação do desperdício e o início de estratégias e táticas de marketing para incentivar o consumo.

Assim sendo, chegamos ao Século XXI com uma explosão de consumo e, consequentemente, do desperdício sem limites. Como se não bastasse, relatos presentes em documentários mostram que o planeta dá sinais de esgotamento. Alguns países, surpreendentemente, tornaram-se a lixeira dos países com mais desperdício e consumo. Conhecemos, de perto, por exemplo, casos em que um indivíduo brasileiro, especializou-se em recolher tênis dos estadunidenses. Logo após acumular boa quantidade, este brasileiro trazia (ou ainda traz) tudo para o Brasil, para vender ou até mesmo presentear ou doar.

Contudo, em outras nações, os reflexos do aumento do desperdício provocam poluição e morte dos recursos ambientais e naturais. Inquestionavelmente, datas comemorativas como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças são a maior praga para o desperdício. Adicionalmente, surgem outras oportunidades que vão ganhando espaço como Black Friday, Halloween e quejandos.

O Desperdício da Sociedade Digital

Vivemos em uma era onde datas comerciais como o Natal, a Black Friday e o Dia das Mães são verdadeiros símbolos do consumo e desperdício. Esses momentos, que deveriam ter celebração sóbria, são, em grande parte, épocas que as empresas inundam o planeta com produtos supérfluos. Como se não bastasse, em sua maioria, produtos eletrônicos e plásticos com data de validade e obsolescência curta. O resultado é um cenário ambiental alarmante, em que o planeta sucumbe ao desperdício de uma sociedade digital e inconsciente.

Sob o pretexto de promoções irresistíveis e falsas “necessidades”, as indústrias eletroeletrônicas e de plásticos faturam bilhões. Muitos destes produtos recebem símbolos como recicláveis, e transmitem, sem dúvida, a ilusão de responsabilidade ambiental. Na prática, porém, reciclar esses materiais é um processo complexo e caro, que poucos fabricantes realmente o assumem. O consumidor raramente tem conhecimento da verdade por trás do marketing verde e continua a consumir inconsequentemente.

A ignorância(3), surpreendentemente, em todas as suas acepções, reina de maneira absoluta entre a maioria dos consumidores no planeta.

Agrade aos Incautos

O problema começa com o design desses produtos. Eletroeletrônicos surgem para ter uma vida útil curta, seja por obsolescência ou pela rápida inovação tecnológica. É provável que estes dispositivos terão a aparência de “fora de moda” ou exigirão upgrade em questão de meses e com subutilização. Adicionalmente, o mesmo se aplica a itens plásticos como brinquedos descartáveis, utensílios de cozinha e decorações temáticas. Estes produtos se tornam lixo, frequentemente, após uma única utilização, ou até sem uso. No fim, estes “recicláveis” acabam em aterros sanitários, oceanos ou incineradores, aumentando a degradação ambiental e a crise climática.

As próprias indústrias têm a maior parcela de responsabilidade, mas pensam somente nos acionistas e ganhos de capital. Apesar de algumas iniciativas para coletar e reciclar seus produtos, a maioria limita-se a atender às exigências mínimas da legislação. Ou, pior ainda, aposta em estratégias de greenwashing — ou “maquiagem verde” — para enganar consumidores sobre sua responsabilidade ambiental. Em contraste, a infraestrutura para reciclagem é insuficiente e ineficaz na maioria dos países onde estão os maiores consumidores. Desta forma torna-se inviável o reaproveitamento de materiais complexos como plásticos de múltiplas camadas e componentes eletrônicos.

Os consumidores destas nações, como por exemplo, EUA, Alemanha, França e outras, precisam de “nações-lixeira“.

Cultura do Descarte

O cenário agrava-se, com toda a certeza, pela cultura do descarte, que é um plano meticuloso da propaganda de massa. Campanhas publicitárias criam a ilusão de que felicidade e sucesso têm associação com a aquisição de novos produtos. Esse círculo vicioso não apenas incentiva o consumo, mas também desestimula uma reflexão sobre as consequências ambientais e sociais.

Os impactos deste desperdício são, inquestionavelmente, devastadores. Estima-se que, globalmente, apenas cerca de 20% dos resíduos eletroeletrônicos sofram processos de reciclagem sustentáveis. O restante se acumula em lixeiras a céu aberto, ilegalmente nos países do terceiro mundo ou sofrem descartes impróprios.

Você, responda, qual foi a última vez que descartou uma pilha ou bateria de eletroeletrônico de maneira correta?

Por isso, vivemos uma era de desperdício colossal de recursos valiosos. Adicionalmente, contribuímos para expor comunidades vulneráveis a substâncias tóxicas e metais pesados.

Sem solução

Nesse ínterim, vemos discursos de governantes menosprezando as mudanças do clima e do meio ambiente. Acumulam-se desastres naturais e outros tantos que são verdadeiros crimes ambientais e contra a vida humana. Em países democráticos, a população com visão limitadíssima e egocêntrica, continua elegendo políticos negacionistas.

Desse modo, é imperativo que mudemos essas narrativas e ações. Governos, indústrias e consumidores precisam assumir a responsabilidade por essa crise. Políticas públicas mais rigorosas, como a implementação efetiva da logística reversa e a proibição de plásticos de uso único, devem ser prioridade. Desse modo, as empresas devem sofrer pressão para investir em designs sustentáveis e em sistemas de reciclagem eficientes. Finalmente, é fundamental que cada indivíduo reavalie seus hábitos de consumo, priorizando produtos duráveis, necessários e sustentáveis.

Em suma, o desperdício inconsequente e inconsciente não é apenas um reflexo de nossa sociedade de consumo. É, outrossim, um sintoma de nossa desconexão com o planeta Terra e com as diversas camadas da sociedade. Enquanto persistirmos nesse ciclo estaremos condenando as futuras gerações a herdar um mundo de lixo e inutilidades. Repensar nosso consumo e desperdício é um ato urgente de responsabilidade coletiva e ambiental.

O presente e o futuro do planeta dependem disso. Com efeito, não importa a classe social, o gênero ou raça, o desperdício é uma espécie de esporte nacional, menos para os famélicos.

Palavrinha final: Consumismo, desperdício e ignorância, somente combatendo com um grande Foda-se o Natal !(4)

 

Amanhã tem mais … 

P. S.

(*)  Sou fã e admirador de Nikola Tesla, que foi uma espécie de tarefeiro de Thomas Edison, mas soube mostrar muito mais do que o estadunidense. A hipótese de que Edison foi um oportunista recebe a fundamentação de pesquisadores e historiadores de diversas comunidades. Entretanto, após a criação do mito do inventor, especialmente com a propaganda estadunidense, isso pouco importa.

(1) “Entre Sem Bater – Conspiração Consumista – O Documentário

(2) “Pecados – As Origens e o Mundo Digital

(3) “Entre Sem Bater – Isaac Asimov – A sua Ignorância

(4) “Entre Sem Bater – Harlan Ellison – Foda-se o Natal

 

Imagem: Entre sem bater – Thomas Edison – Desperdício e a Ignorância

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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