Entre Sem Bater - Anonymous - Sempre-Vivas e o Globo Rural

Entre Sem Bater – Anonymous – Sempre-Vivas e o Globo Rural

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento de muitos, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Utilizar o perfil de “Anonymous” para esta edição com o tema “Sempre-Vivas” foi uma necessidade.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Anonymous

Este é o nome do perfil (Anonymous) que usarei na trilha “Entre sem bater” para atribuir a autoria de algumas frases-chave de cada texto. O principal motivo é não identificarmos a origem, autoria ou primeira referência de cada pensamento. É, também, uma forma de reconhecer o valor dessas citações, que não fazem parte da lista de hoaxes, fake news e mentiras. Eventualmente, é necessário colocar uma frase que motive o bom humor, ou não, embora ter argumentos seja coisa séria.

Excepcionalmente, este perfil terá utilização para muitas frases e, a princípio, representará um personagem, conforme cada acepção. No caso do poema deste texto, tentamos e não conseguimos identificar o autor da estrofe por um nome ou biografia. O máximo que conseguimos foi um nickname Viin(1), inativo desde 2013.

Acepção 1 – Anonymous (anônimo em português ) é a forma adjetiva de anonimato derivada da palavra grega anonymia, ou “sem nome”. Geralmente se refere ao estado da identidade pessoal de um indivíduo, ou informações de identificação pessoal, não públicos.

Acepção 2 – Anonymous é um movimento ativista internacional descentralizado e coletivo. É um movimento hacktivista conhecido principalmente por seus vários ataques cibernéticos contra instituições governamentais e corporações empresariais/sociais. Teve origem em 2003 ao representar o conceito de muitos usuários de comunidades na Internet. Os membros anônimos ( conhecidos como anons ) às vezes se apresentam com máscaras de Guy Fawkes, como na história em quadrinhos. Alguns anons também optam por mascarar suas vozes por meio de trocadores de voz ou programas de conversão de texto em fala.

Fonte: Wikipedia (inglês).

Globo Rural – 45 Anos

A televisão brasileira produz muito lixo – mesmo com premiações internacionais, contudo existe o melhor programa: o Globo Rural. Desde sua estreia em 6 de janeiro de 1980, o programa conquistou o coração de milhões de telespectadores. Suas histórias reais vão muito além da produção agrícola, retratando a essência do Brasil rural, suas culturas, desafios e belezas naturais.

Desde que veio ao ar, o Globo Rural foi mais do que um simples veículo de comunicação. Tornou-se, sem dúvida, uma verdadeira ponte entre o campo e a cidade. Com um jornalismo cuidadoso e respeitoso, o programa trouxe para a tela a diversidade do Brasil profundo e sem divulgação. Privilegia o protagonismo das pessoas que, com suas mãos e tradições, moldam a vida no interior do país. Apresenta inovações tecnológicas para o agronegócio e revela práticas ancestrais de comunidades tradicionais. Domingo após domingo, mostra que o campo é um lugar vivo, pulsante e essencial para todos nós.

Na edição deste domingo, o programa emocionou mais uma vez ao apresentar uma reportagem belíssima sobre a vida das pessoas simples. Ao mostrar os que trabalham com as sempre-vivas(*) na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, chegou à perfeição. Essa planta, que simboliza resistência e eternidade, tornou-se uma metáfora perfeita para o trabalho do Globo Rural. Assim como as sempre-vivas, o programa atravessa gerações, mantendo-se relevante, e mantendo sua missão de informar e encantar.

Sempre Vivas Rurais

A reportagem trouxe à luz histórias de mulheres e homens que dedicam suas vidas à colheita dessas flores singulares. É provável que algumas só floresçam em uma das regiões de maior biodiversidade do mundo. A narrativa exaltou a relação simbiótica dessas comunidades com o meio ambiente, a cultura e a humanidade. Com toda a certeza, a natureza se une ao esforço diário de transformar os recursos locais em sustento. Além disso, a reportagem destacou os desafios que aquelas famílias enfrentam há muito tempo. Estes desafios que vão desde as mudanças climáticas até as ameaças à preservação desse ecossistema, são reais. Com imagens deslumbrantes e depoimentos emocionantes, o programa reafirmou sua capacidade de transformar o simples em sublime. Inquestionavelmente, o programa deu voz a quem, muitas vezes, é invisível para uma sociedade omissa e egocêntrica.

Cordilheira do Espinhaço

Ao longo de 45 anos, o Globo Rural nos presenteou com histórias magníficas, que muitos dos protagonistas sequer vissem as edições dos editores. Como no caso das comunidades de trabalhadores das sempre-vivas, muitos não tinham energia elétrica até alguns meses atrás. Como se não bastasse, pelo depoimento de uma lídima agricultora-extratora, até Internet tem na caverna dela. É provável que isso reforce que um dia o papel da televisão como um espaço para conhecer e reconhecer o Brasil real tivesse aplicabilidade. Desse modo, o Globo Rural é um jornalismo que emociona, informa e nos conecta com nossas raízes. Não é à toa que o programa é um dos com maior reconhecimento e referência pela qualidade e conteúdo, sem histrionismos.

Hoje, a homenagem é para apresentadores, repórteres, produtores e, principalmente, as pessoas do campo que dividem suas histórias conosco. O Globo Rural é mais do que um programa de televisão; é um patrimônio cultural do Brasil, sem ufanismos e passionalidades. Devemos, sempre, celebrar a vida que brota de nossa terra e o espírito de resiliência do povo brasileiro.

Parabéns, Globo Rural !!!

Sempre-Vivas

As sempre-vivas, que habitam o Brasil, carregam em suas delicadas pétalas uma simbologia profunda de resiliência e resistência. A partir do haicai de minha autoria,  devemos refletir sobre sua existência paradoxal. Em outras palavras, pode uma flor que não murcha, que desafia o curso natural do tempo sem água, serem sempre-vivas?

Surpreendentemente, esse traço e características não são apenas biológicos; são também culturais e sociológicos. As sempre-vivas são, atualmente, símbolo de um povo e de suas práticas ancestrais. Símbolos que resistem às mudanças impositivas da modernidade e das explorações predatórias.

Nas regiões onde encontramos as sempre-vivas, comunidades dedicam gerações ao seu extrativismo, não apenas como fonte de subsistência. Adicionalmente, expressam a sua relação dos humanos com a terra e o sagrado. Essa coleta é uma atividade que vai além do econômico; é um ato de perpetuação de saberes e tradições. O cuidado ao retirar a flor, a conservação do ecossistema em que ela nasce e a reutilização dos espaços mostram um profundo respeito pela natureza. Desse modo, evidencia-se que o extrativismo tradicional é sustentável, quando se alinha ao conhecimento local.

A Força e a Verdade

Do mesmo modo, a estrofe-chave deste texto, reflete a expressão e simbolismo das sempre-vivas. Entretanto, essa relação de respeito sofre frequente desrespeito pelo olhar externo, pelo consumo sem limites e pela mercantilização da flor. Seu consumo sem critério, transforma a sempre-viva em mercadoria descartável. Desse modo, seu ciclo natural se evapora e, com ele, a sustentabilidade de comunidades que dela dependem. Essa intervenção externa representa a tensão constante entre a modernidade e as culturas tradicionais. Desse modo, a resistência, como dos povos do Espinhaço, é necessária não apenas para a preservação ambiental, mas para a sobrevivência cultural.

A sempre-viva, então, não é apenas uma flor. Ela é uma metáfora viva da resiliência humana. A beleza e a durabilidade da flor reproduz a força de povos que, em silêncio, mantêm suas tradições e conhecimento. Cada pétala que resiste ao tempo nos remete a histórias que não conhecemos, memórias que permanecem mesmo a força as retira da natureza. Sua resistência, porém, é um alerta: até mesmo a beleza imortal sucumbe ao peso da exploração predatória dos ecossistemas.

Protagonismo

Resgatar os significados das sempre-vivas é também resgatar o protagonismo das comunidades que dela dependem. Em um mundo que busca soluções sustentáveis, talvez não haja melhor exemplo do que os modos de vida desses povos. A harmonia entre o uso e a conservação, o respeito pelo ritmo da natureza são essenciais. Adicionalmente, a sabedoria em reconhecer que a verdadeira perpetuação da vida está na interdependência é vital. Assim como a sempre-viva brilha em sua cor de ouro, essas culturas e saberes são a chave para o equilíbrio humano.

Em suma, a sempre-viva nos ensina que resistir é um ato de beleza e que, para preservar o que é eterno. Deste modo, é necessário reconhecer o valor do efêmero e do perene. Não é apenas a flor que se perpetua. É, sobretudo, um convite à reflexão de uma memória viva de resiliência, de histórias que nunca cessam.

 

Amanhã tem mais … 

P. S.

(*)   Aplicamos aqui uma acepção específica do dicionário Priberam. [BotânicaDesignação dada a várias plantas da família das asteráceascuja flor conserva a cor depois de seca. [Perpétua].

(1) “Perfil Poeta Viin – Poesia Fã Clube

Imagem: Entre sem bater – Anonymous – Sempre-Vivas

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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