“Liberté, égalité, fraternité“
Após um pouco mais de 233 anos desde que iniciou-se a Revolução Francesa, vemos cenas e atos bem semelhantes no Brasil. Com toda a certeza, muitos representantes políticos e, especialmente, integrantes do Judiciário brasileiro, estudaram sobre o fato histórico. Por outro lado, ao ver os discursos e erros em alguns discursos, muitos devem ter cabulado todas as aulas de História. Enfim, não importa se alguém é de esquerda ou direita, se são Jacobinos ou Sans Culottes, importa que não aprendemos nada.
Leio e recebo mensagens que me deixam perplexo. Os últimos dias têm sido, notadamente, pedagógicos e lúdicos. Desde perguntas nonsense feitas na plataforma Quora até manifestações e convicções expressas nos apps de mensagens instantâneas. Realmente, perdemos a noção – se é que algum dia tivemos – do coletivo e da história. Alguns diálogos que observo beiram ao surrealismo, que ultrapassa qualquer limite de ignorância e incapacidade cognitiva. E, como se não bastasse, constato uma infinidade de pessoas “passando pano” ou normalizando algo que nunca foi “normal”, em qualquer nação altiva.
Por falar em nação altiva, e aproveitando o “gancho” do termo-título ( “Revisitando Jacobinos ...” ), faço questão de apontar Montesquieu como exemplo. Escrevi, alguns anos atrás, um pequeno texto(1) sobre os “poderes” de um Estado, e estou, cada vez mais, alinhado com o pensador.
Se o ideal é liberdade, igualdade e fraternidade, que seja para todos. Por isso, prezo e defendo o lema da bandeira de Minas Gerais. E, adicionalmente, as modernidades da Internet aceleraram todos os equívocos das pessoas, superando os acertos.
Revolução Francesa
Com toda a certeza, não sou um estudioso da Revolução Francesa. Entretanto, entendo que a Revolução Francesa inspirou todas as outras revoluções e mudanças dos que lutam pela democracia. Contudo, democracia é um termo muito bonito no dicionário e com limitações em todas as nações. Mas é impossível sua aplicação, em qualquer nação onde homens querem se sobrepor a outros homens pela força. Analogamente à “Revolução das revoluções”, a Revolução Russa, que veio bem depois, pode ter motivações e decorrências semelhantes.
Inegavelmente, em termos de revolução, a ocorrida na Europa foi a mãe de todas.
A Revolução Francesa não foi instantânea e teve efeitos imediatos, como um decreto-lei ou como um Golpe de Estado. Do mesmo modo, uma revolução exige conflitos que nem sempre têm resolução pacífica. Os resultados e decorrências das revoluções estão aí, para aqueles que quiserem estudar e comparar.
O lema “Liberté, égalité, fraternité“ parece ter servido de inspiração para muitos golpes, revoluções, revoltas e rebeldias afins. E, certamente, cada pessoa que defende uma ideologia política deve utilizar tal lema, de forma conveniente. Se bem que vemos, na maioria dos casos, é a maioria da população de cada nação alheia ao lema.
Personagens e significados
A Revolução Francesa tem termos e personagens que extrapolam aquele momento e se expande com o lema para outras nações e culturas. Para entendermos a revolução e transportá-la para o Século XXI, é preciso entender o papel de cada um destes termos e palavras.
Assim sendo, podemos destacar:
- Girondinos, Jacobinos, Sans-Culottes, Esquerda, Direita, Centro.
- Montesquieu, Robespierre, Danton, Napoleão, Luís XVI, Maria Antonieta.
- Igreja Católica, Monarquia, República, Escravidão, Voto, Revolução, Imperialismo.
Em suma, a mistura e desconhecimento de nomes, termos, significados nos leva, em pleno Século XXI, a ideias e concepções mais do que paupérrimas.
Como disse, anteriormente, não sou capacitado para escrever sobre a Revolução, mas gosto da ideia de comparar as coisas, pela “repetição” da história.
Historiadores divergem, profundamente, sobre o tópico “Reino de Terror”, e a participação dos Jacobinos nesta fase da Revolução Francesa.
Jacobinos
Os Jacobinos eram integrantes do Clube Jacobino ( Sociedade de Amigos da Constituição ). Denominada, posteriormente, como Sociedade dos Jacobinos, Amigos da Liberdade e da Igualdade. Do mesmo modo que muitos partidos políticos da atualidade, em Pindorama, mudaram de nome e “esqueceram” a Fraternidade.
Logo após o início da Revolução Francesa, o Jacobinismo tinha a proposição de políticas de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Pouco depois do período entre 1789 a 1792, a disputa entre os ideais e práticas, muitos historiadores proclamam o início do “Reinado do Terror“.
A Revolução Francesa durou, segundo alguns historiadores, mais de uma década (de maio de 1789 a novembro de 1799). Surpreendentemente, o Brasil teve um efeito devastador com aquela revolução e a subida ao poder de Napoleão. Logo após a consolidação da Revolução Francesa, Napoleão expandiu a república e o rei de Portugal fugiu, fundando o Reino Unido de Portugal e Algarve. Entretanto, ao se esconder de Napoleão, Dom João VI não trouxe nenhum Jacobino, trouxe somente uma corte covarde que não tinha nem o cacoete dos Girondinos.
Esquerda x Direita
A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade. Forjou disputas, algumas sangrentas e cruéis que eternizaram termos e conceitos. Esquerda e Direita são duas concepções, assim como Jacobinos e Girondinos, de origem na França e com reprodução global. Desse modo, considero uma anomalia as comparações que trazemos para os dias atuais sobre Direita e Esquerda no Brasil. Apesar da mídia divulgar estes conceitos, o Brasil possui peculiaridades que não admitem comparações literais. Depois que retiraram a presidente eleita em 2016, passamos a ter a certeza de que conceitos antigos não se aplicam ao país.
O Brasil vive uma fase – numa visão alegórica – em que sua “revolução” (feita pelo voto em 2002) retirou parte dos Jacobinos (sem apoio do povo) do poder. Após um período em que o povo teve avanços em direitos sociais e humanos, os Girondinos retomam o poder com um golpe. Assim sendo, tocaram o terror e fazendo pose armamentista, invocando Deus e um falso nacionalismo, ameaçavam a todos. A pandemia do SARS-CoV-2 foi somente um tempero a mais em todas as maldades para com o povo e benefício da burguesia e oligarquias. A fome da Revolução Francesa, dentre outros problemas sociais, permitiu um golpe. No Brasil, os problemas sociais, de saúde, de educação, deram uma apertada vitória ao povo.
O mais aterrorizante é que os derrotados nas urnas insistem em suas pequenas “revoltas”, insistem em cortar cabeças sem inventarem nenhuma guilhotina.
O poder dos Jacobinos
Este texto passa ao largo de “ajustar” nossa situação (Brasil) hoje e a França de 233 anos atrás.
Certamente, fazer analogias com direita, esquerda, jacobinos e girondinos é um risco enorme. Aliás, qualquer analogia entre locais e situações em épocas diferentes, é um perigo para a compreensão de todos.
Até mesmo aqueles que estudam o tema (Revoluções), especialmente a Francesa ou Russa, podem ter dificuldades em associar fatos à nossa realidade. Ainda estamos construindo a nossa história. Eventos como a invasão e quebradeira das instâncias do Poder no Brasil podem ser vistos como atos de contrarrevolução, assim como na história francesa.
Avaliei algumas sugestões de associar a situação do Brasil hoje com a ascensão do Nazismo. Entretanto, embora algumas táticas dos “contrarrevolucionários” tupiniquins sejam nazistas, a analogia do quadro geral é mais complexa. Desse modo, entendo que a situação do Brasil tem utilizado as ferramentas e tecnologias atuais, com ações de terror (inclusive ciberterrorismo).
Tempos modernos
Desta forma, a opção adotada de analogia com a Revolução Francesa, inclusive seus personagens e representações é mais provocativa. Este texto é mais uma forma de provocação para que as pessoas pensem mais sobre o contexto e a história. Manifestações como a de políticos defendendo agentes contrarrevolucionários dizendo que tudo está normal é absurdo. Estas pessoas deveriam entrar na fila da guilhotina.
Nada de poder aos Jacobinos, discípulos de Robespierre, do Século XXI. Os que trabalham para dividir o país, ou qualquer forma de adaptação da cizânia pelo Poder, merecem desprezo e vigilância.
Nação é o povo com a consciência, a convicção do destino comum. A comunhão de interesses, que se estabeleceu nela, gera a convicção do destino comum e engendra entre os conacionais uma SOLIDARIEDADE insubstituível, uma lealdade no servir inviável fora da Nação. Até a virtude precisa de limites.
Os tempos são outros, desse modo, muitas teorias conspiratórias surgirão e a mídia de Pindorama esbalda-se. No Século 18 não havia redes sociais, na ascensão do Nazismo as comunicações já usavam criptografia. O Brasil faz um giro à esquerda ao sair do afastamento global. De pária internacional nos governos Temer e Bolsonaro, a reaproximação com o BRICS é iminente, e que sirva para superar nossas dificuldades.
Em suma, fico com os conceitos de Montesquieu sobre operadores do Direito metidos a Robespierre.
(1) “Revisitando Montesquieu no Século XXI”
Imagem: Reprodução Internet
Nota do Autor
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