Teoria
Todo mundo mente, não eventualmente, mas sempre, era a frase favorita do protagonista do seriado “MD House“. Naquele enredo, um médico faz diagnósticos de doenças em um hospital, ou seja, descobria doenças raras. Entretanto, desde que não tivesse desvios com mentiras de gente doente de corpo e mente. Além disso, advoga a teoria de que não é necessário estar perto do paciente para saber o que ele tem.
Segundo o personagem, todo mundo mente, ainda mais na relação paciente-médico. Neste caso, a mentira atrapalha o diagnóstico e, por conseguinte, prejudica outros pacientes e necessitados. Utilizam-se recursos materiais e humanos indevidamente e desnecessariamente
Por isso, as coisas são simples e compreensíveis, desde que a mentira prejudique somente o paciente.
Mas algumas mentiras ou “mentirinhas“, quando envolvem terceiros, familiares ou não, passam a ter uma conotação diferente.
Todo mundo mente
Por exemplo, um caso real, uma menor de idade, sexo feminino, some de casa.
Seus amigos adolescentes, professores e parentes usam das redes sociais para encontrá-la, uma vez que está na moda usar redes sociais como rastilho de pólvora. Uma repercussão na mídia, polícia mobilizada e todo o aparato público, pago com o meu e com o seu dinheiro. Portanto, ainda que estejamos em tempos de intervenção militar e crescimento de feminicídio, é perturbador o abuso. “Causa nobre” ou “o trabalho da polícia“, diriam alguns déspotas e serviçais em busca de subir na pirâmide social tupiniquim .
Posteriormente, a menor entra em contato com a mãe e conta a história do seu sumiço, com alguns detalhes sórdidos. Ela estava noutra cidade e fez referência a ser vítima de um sequestro.
Alívio geral. #SQN !
Mídia e pessoas envolvidas, com o propósito de encontrar a fujona – alguém tem noção de quantas pessoas compartilharam, divulgaram? Pois é ! – repercutem agora o sequestro, segurança pública, irresponsabilidade das autoridades, “sorte” de tê-la encontrado viva.
Conforme relato da adolescente, ela assumiu que queria fugir de casa. Portanto, no dicionário da garota, ela queria somente “dar um tempo“. É provável que tenha se divertido muito com algum sexo proibido. Por outro lado, alguém, maior de idade, irresponsável, ensinou-a no mundo das “coisas de adolescente“.
Pais parcimoniosos
A questão ganha as redes sociais e avança. Leio discussões sobre a legitimidade da mídia em identificar a menor, ainda que eu veja alguns arguindo os direitos de proteção à sua identidade. Não vi, entretanto, a responsabilidade dos pais na questão de alguém identificado como incapaz.
Ao provocar a mobilização de recursos públicos e até privados, para tudo não passar de uma “coisa de adolescente“, beira crime.
Fico surpreso após ouvir uma declaração da mãe, que diz em outras palavras:
- “… isto é coisa de adolescente e vamos pensar no futuro e o que importa é ela estar aqui em casa…”. Na minha opinião, que a permissividade e irresponsabilidade paternas, serviram de educação para a filha menor.
Em conclusão, os ditados de que “educação vem de berço” e o “tal pai, tal filho” servem, atualmente, como uma luva para nossa sociedade. Pais e filhos fazem o que querem, de acordo com a permissividade que lhes convêm e ainda querem arguir privacidade, proteção. Pais permissivos ao extremo estão criando filhos tiranos.
Dura Lex e todo mundo mente
Talvez exista lei pra isso. Existem tantas, inúteis e sem sentido. Então, que enquadrem todos, nos rigores da lei. E aquela mãe tinha que passar a defender a não-redução da maioridade penal. Ou ia preferir que sua filha sofresse processo? Por isso, vemos muitos pais pedindo punição para os filhos dos outros, exceto os deles.
Eventualmente, se houvesse uma condenação em primeira instância, a meliante juvenil nem cumpriria pena.
Afinal, a lei e possíveis punições dos crimes cometidos não são para todo mundo?
Em outras palavras, é como disse um desses patetas em seu texto viral, “a culpa é SUA !!!”
O novo perfil da delinquência é o resultado acabado da crise da família,
da educação permissiva e do bombardeio se setores do mundo do entretenimento
que se empenham em apagar qualquer vestígio de valores“
Carlos Alberto di Franco
Uma educação permissiva passa, igualmente, por liberar acesso às redes sociais, inclusive apoiando a falsidade ideológica dos filhos. O compartilhamento de mentiras (fake news), virou hábito entre sociopatas. E estes desajustados, ganham proteção e apoio dos pais. É provável que estejamos perto do ápice da imbecilidade humana.
Viva o compartilhamento de mentiras, apenas pela necessidade de alguns estarem rodeados de “amigos”.
É o fim do mundo e, sem dúvida, todo mundo mente !
(*) Revisado e atualizado em janeiro de 2021
Charge: Chaunu
Nota do Autor
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