Jabuticaba e Origens
Muito se discute sobre a hospitalidade e a condição do mineiro e belo-horizontino ser receptivo. Não vejo nenhuma dificuldade, uma vez que basta entender de história e saber ler. Sem dúvida, é como a história da Jabuticaba, que se confunde com Minas Gerais, Sabará, Belo Horizonte, Curral Del Rey e cercanias.
Jabuticaba
Jabuticaba ou jaboticaba é um nome originário da língua tupi. A etimologia da palavra e a origem da planta são um mistério. Se bem que diz a lenda que a fruta só existe no Brasil. As cidades de Jaboticatubas (MG) e Jaboticabal (SP) têm o nome referenciado na fruta. Se não existem ocorrências da planta fora do país, como assim não sabem da sua origem?
Desse modo, quanto à etimologia, algumas proposições são possíveis:
- ïapotï’kaba, que significaria “frutas em botão”;
- îabotikaba, que significaria “gordura de jabuti”, pela junção de îaboti, jabuti, e kaba, gordura.
- “jabuti” – espécie de cágado + “caba” = lugar. (jabuticaba = lugar do jabuti)
Também é conhecida por nomes populares como: jabuticabeira-preta, jabuticabeira-rajada, jabuticabeira-rósea, jabuticabeira-vermelho-branca, jabuticaba-paulista, jabuticaba-ponhema, jabuticaba-açu. Uma outra espécie especial, de acordo com estudos sobre a planta, é a Myrciaria jaboticaba. Conhecidíssima como jabuticaba-sabará e é encontrada com mais frequência nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, no Brasil.
Receptivo no Curral Del Rey
Diz a lenda que a jabuticabeira precisa de muita água (já existem espécimes que estão sendo irrigadas durante o ano inteiro, até por gotejamento). Estas espécies produzem o ano inteiro – na casa da minha mãe tem um destes pés. Com as chuvas, que deveriam aparecer a partir do mês de julho, as jabuticabeiras tradicionais florescem. Contudo, as chuvas devem ser daquelas finas e mais constantes, os temporais e ventanias prejudicam toda a safra. Desse modo, na sequência de chuvas a casca da jabuticaba vai afinando, a polpa ficando mais doce. Desta forma, quase toda chuva nas jabuticabeiras é benéfica. Sou do tempo de alugar pé de jabuticaba para a família inteira se empanturrar e levar pra casa, debaixo de chuva fina.
A cidade de Sabará é pródiga em pés de jabuticaba grandes, antigos, repletos de frutos durante a estação. É provável que seja o maior produtor da fruta, e com vários tipos de derivados. Um pouco antes de escrever este texto, fui àquela cidade ( Passeio Bate e Volta ) ( Link em manutenção ) e pude conhecer novos produtos. Estou me preparando para voltar ao Festival de Jabuticaba de Sabará, imperdível, ainda mais com estas chuvas finas recentes.
A maioria dos cidadãos que pagam impostos em Beagá nem sabe que o Arraial do Curral Del Rey surgiu da separação de Sabará. Em outras palavras, se tem uma coisa que nós, com ancestrais de Sabará ou do Curral Del Rey, sabemos é respeitar as origens e tradições. Ser receptivo, respeitar a história e a jabuticaba são da cultura do nosso povo, pelo menos uma pequena parte dele.
Ser Receptivo
Nesse ínterim, o leitor que chegou até aqui e é mais atento perguntaria: O que este papo tem a ver com o “receptivo belo-horizontino“?
Certamente, a maioria da população belo-horizontina não trouxe do interior a ideia de receptivo, mas eu vos digo, sem medo de errar.
Tem a ver, surpreendentemente, com uma falácia do alcaide anterior de Belo Horizonte e a campanha política que estamos vivendo. O prefeito da vez prometeu metrô na Savassi e fez propaganda sobre o legado da Copa e Olimpíada. Enalteceu a verve de BH “para eventos de turismo de negócios e o receptivo da cidade“. Os candidatos a prefeito da vez falam em usar este viés de bom receptivo para ampliarem a ocupação hoteleira, infraestrutura de lazer e etc. É provável que o lero-lero só atrapalhe a vida de quem promove o turismo na cidade e região metropolitana.
Nesse ínterim, a pergunta me veio à mente, de acordo com a situação caótica que a cidade ficou nestes momentos de chuva e confusão.
Enfim, se você quer falar ou escrever sobre ser receptivo e encantador em Belo Horizonte, deve pensar com mais abrangência. Se não consegue nem receber adequadamente a chuvinha “de afinar casca de jabuticaba”, tá na rota errada.
Belo Horizonte e a região metropolitana são, e sempre foram, um “Logo Ali“.
Imagem: Reprodução Internet (Autoria desconhecida)
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