Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Romário, se calasse a boca, seria um poeta (OPS!), mas sua frase sobre a “Janela” comprova que ele nunca leu uma poesia.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Romário
Romário, como não poderia deixar de ser, é uma grande decepção para muitos de seus fãs. Senão vejamos, ele é um falastrão, enquanto jogador, contudo realizava façanhas como nenhum outro. Por outro lado, passou a medir suas palavras como político, mas mostrou que suas frases, como a da janela, eram pretéritas. É um dos senadores da República que representa e defende o que tem de pior no país. Com toda a certeza, fora seu trabalho em benefício de entidades de proteção a crianças excepcionais(*), é um inútil.
Romário de Souza Faria (Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1966) é um político, empresário e futebolista brasileiro. Em sua carreira no futebol, jogou primariamente como centroavante e conquistou a Copa do Mundo FIFA de 1994 com a Seleção Brasileira. Em fevereiro de 2024, tomou posse como presidente do América-RJ e, em abril do mesmo ano, foi inscrito como jogador do clube 15 anos após sua aposentadoria em 2009. Atualmente, também é Senador da República pelo Rio de Janeiro, filiado ao Partido Liberal (PL).
Fonte: Wikipédia (Português)
Paisagem na Janela
Parafraseando o poema de Fernando Brant (Paisagem na Janela) podemos construir outros poemas, como um haicai.
Uma janela, uma luta —
querem ver lá fora o céu,
perdem o dentro.
É provável que o jogador Romário nunca ouviu Brant, Lô ou qualquer coisa do Clube da Esquina. Como ele próprio se denomina – O CARA – deve pensar que seu caráter(1) não se relaciona com aquilo que diz.
Mas esta história toda é somente para falar sobre como a nossa sociedade mudou. Um episódio que muitos devem ter protagonizado. Você escolhe um assento na janela de um avião, às vezes pagando por ele, e alguém pede para trocar de lugar.
Neste contexto, vivi muitas experiências, até que após um acidente, passei a precisar ficar no corredor.
O episódio de uma mãe pedindo uma passageira para ceder o lugar na janela para a filha, tornou-se viral. A passageira da janela, a mãe com a filha e uma outra passageira, advogada e barraqueira.
Janela – Um Símbolo
Certamente, alguns sociólogos e estudiosos comportamentais terão alguma explicação para a “briga” pela janela(2) em questão. Desse modo, como exercício, separamos dois países antagônicos: Brasil e Índia.
A briga pela janela no Brasil, como no vídeo, é conhecimento de todos, desde a infância; quem nunca?
Por outro lado, na Índia, com o transporte público mais insano do mundo, brigar pela janela é surreal.
Esse comportamento, sem dúvida, não é exclusivo do Brasil, mas algo que verifica-se em muitos países ao redor do mundo. Notadamente em contextos onde a escolha de assento é uma parte do hedonismo sem limites que vivemos. Como se não bastasse, existem os que não satisfeitos com seus direitos, abusam do direito de outras pessoas.
Em países ocidentais, por exemplo, é comum ver as pessoas preferindo lugares perto da janela em aviões e ônibus. Em culturas mais coletivistas, como a Hindu, as preferências podem ser mais flexíveis, com menos foco na janela.
Assim sendo, a janela pode simbolizar uma oportunidade de escape ou uma conexão com o mundo exterior. Em aviões, especificamente, a vista das nuvens ou da terra abaixo pode oferecer uma sensação de liberdade. Surpreendentemente, podem ainda dar a sensação de superioridade, de estar “acima” de tudo, uma sociopatia(3).
Mundo Moderno
A “Paisagem na Janela” de Brant traz outras frases interessantes, e uma delas aplica-se, sobremaneira, à trilha “Entre Sem Bater”. Depois de repetir “… eu vejo …”, várias vezes, o poeta vaticina:
“Você não escutou
Você não quer acreditar
mas isto é tão normal
Você não quer acreditar
e eu apenas era”
Pois aí esta´, você não quis me escutar, não leu o que escrevi, mas fica aí, compartilhando vídeos de uma sociopata. A “Madalena arrependida” que filmou e compartilhou a Briga pela “janela” deve ter ganho muitos likes, mas foi muito vil. E aqueles (todos) que ajudaram-na compartilhando, são iguais ou piores do que ela.
A videomaker, a mãe e sua filha desrespeitaram um direito de qualquer pessoa de ir na janela. Apresentarem arrependimento logo após verem que parte das pessoas não são como elas, só comprova que erraram.
O mundo moderno deu muito espaço para este tipo de pessoa. Infelizmente, não parece ter volta e comportamentos recrimináveis parecem ser o “novo normal“.
Razões Psicológicas
É provável que apareçam advogados e sociólogos para explicar a irracionalidade das ações que as mulheres protagonizaram. Contudo, a racionalidade e frieza da passageira da janela, revela que nem tudo se perdeu. As justificativas para querer ir na janela transcendem a poesia.
Podemos ter, por exemplo, razões psicológicas, que deveriam respeitar o direito dos outros.
Privacidade e Controle
Sentar-se à janela oferece uma sensação de maior privacidade e controle sobre o espaço pessoal. No caso de transportes públicos, como ônibus ou aviões, estar na janela cria uma barreira física contra o movimento de outras pessoas. Desta forma, proporciona uma sensação de segurança e isolamento, que muitas pessoas precisam.
Vista e Entretenimento
Eventualmente, as pessoas preferem a janela porque têm a oportunidade de olhar para o exterior. Esta é uma forma de distração ou entretenimento, especialmente em viagens longas. A vista pode ter um efeito relaxante ou proporcionar curiosidade e prazer. Entretanto, não se aplica em viagens noturnas ou em condições impróprias de visibilidade.
Conforto e Relaxamento
Sentar-se na janela permite que o passageiro encoste a cabeça na parede, vidro ou outro objeto. Desse modo, o espaço pode ser mais confortável em qualquer tipo de viagem. Isso é especialmente relevante em aviões, onde a posição pode ser mais estável e proporcionar um maior grau de descanso. A posição do meio, em veículos e aviões é sempre desconfortável.
Universal
Enfim, a preferência pela janela é uma combinação de fatores psicológicos universais e hábitos culturais. Desde que éramos crianças e queríamos ir na janela, até atualmente, quando brigamos para nossos filhos irem na janela. Podemos atribuir que a civilidade não é algo que esteja em alta, nos “países civilizados” ou no Brasil. Sobretudo após o advento da Internet e das redes, cada pessoa só pensa em seu próprio umbigo. Desta forma, as necessidades humanas de conforto, controle e apreciação do ambiente tornaram-se individuais.
O comportamento das pessoas preferirem sentar-se na janela, seja em ônibus, carros ou aviões, tem vários motivos. Expor ou achincalhar quando alguém exerce estes direitos, sem agredir ninguém, é que não é normal.
Em suma, a preferência por sentar-se à janela em ônibus, carros e aviões é uma ação sociocomportamental. Com toda a certeza, vai além dos limites geográficos do Brasil e existe em muitas partes do mundo. As razões podem envolver o desejo de controle, privacidade, conforto, todos egocêntricos. A oportunidade de apreciar vistas externas, tornando a janela um lugar de desejo, camufla comportamentos individualistas.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Romário chegou ao Congresso e logo sentou na janela do assunto crianças excepcionais. Por ter uma filha com problemas, e utilizando a notoriedade do futebol, escalou rapidamente uma posição de destaque. A frase-chave teve sua verbalização exatamente como na descrição, com erros crassos e tudo.
(1) “Entre Sem Bater- George Elliot – O Caráter“
(2) “UOL – Mulher que gravou vídeo admite erro… “
(3) “Entre Sem Bater – Lee Camp – Os Sociopatas“
Imagem: Entre Sem Bater – Romário – Paisagem na Janela
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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