Acidente ou Crime?
Certamente, não foi acidente!
Uma barragem operada pela Samarco, mineradora controlada pela Vale (Multinacional de origem brasileira, privatizada) e BHP (mineradora de origem australiana), localizada no município de Mariana (MG), surpreendentemente, rompeu-se no dia 5 de novembro de 2015. Logo após o sinistro foram contados de 19 mortos (um corpo ainda não foi encontrado), com muita destruição e terror.
Em suma, centenas de desabrigados, milhares de desempregados e o maior desastre ambiental, não natural, um não acidente de grandes proporções no Brasil e possivelmente do mundo, nos últimos tempos. Assim, tal qual num acidente natural ou desastre ambiental, deixou um rastro de poluição e degradação no Rio Doce, até sua foz no litoral capixaba.
Não esqueceremos
A indignação não me deixa esquecer, principalmente porque, passados mais de dois anos, muitas pessoas, e a maioria da mídia, já esqueceram. Lá vamos nós para mais um post, até que, inegavelmente, apareçam os culpados por este grave crime e que sejam julgados com rigor e que sejam condenados e cumpram suas penas.
Então, como hoje é dia 5, publico os posts da série NÃO FOI ACIDENTE. Entretanto, não vou escrever mais do mesmo. Vou reproduzir uma coluna de um amigo, já que ele é mais fidagal do que eu poderia ser, nesta data.
Portanto, faço das palavras dele as minhas palavras.
Sirene de luta
Vivi um dos momentos mais fortes da minha vida no último sábado, em Barra Longa, a convite dos atingidos pelo crime da Samarco / Vale / BHP / Prefeitura de Mariana / Governo de Minas Gerais / União / Partidos Políticos. Voltei a sentar numa roda de conversa na casa que ajudei a criar e de onde eu nunca deveria ter saído: o JORNAL A SIRENE. Passei o dia novamente com a turma que toca brilhantemente esse veículo há dois anos, que felizmente hoje, cada vez menos se deixa levar pelo discurso de outros movimentos. Fui falar sobre “A comunicação como direito”. Expor um pouco como a canalhice com que o Poder Público e principalmente as empresas responsáveis pelo crime da barragem de Fundão lançam mão deliberadamente de milhões para desequilibrar maquiavelicamente a guerra midiática. Usam gigantescas estruturas de Comunicação / Publicidade / Jurídica para sufocar as vozes dissonantes aos seus podres interesses e como isso desequilibra totalmente a equidade e a VERDADE que deveriam existir na narrativa tanto na corrompida imprensa dita dos “jornalões” (criminosos seculares que destroem o Brasil a partir do monopólio do discurso) quanto também nas hipócritas ditas “mídias independentes”, filhotes do mesmo sistema (na sua maioria, usando as verdadeiras vítimas como escada para esconderem os interesses políticos/partidários de seus “sócios” financiadores, assim como fazem os jornalões). Relembrei a luta do início do JORNAL A SIRENE para tentar quebrar essa falsa polaridade a partir da seguinte reflexão: “ouvir a todos, mas falar por mim”. Sempre foi a tecla que bati e que nesse sábado, de forma a me emocionar, percebi que o grupo de atingidos e o time que toca o veículo, pelo mérito de “suas próprias pernas”, já o fazem e caminham firmes na consolidação dessa premissa! A equipe do JORNAL A SIRENE, os atingidos e eu tivemos também a dádiva de assistir uma palestra riquíssima de significados como a feita pelo padre Geraldo Martins. Ele mostrou de forma simples que a missão do “repórteres populares” deveria ser levar a VERDADE dos atingidos como passo primeiro do Código de Ética do novo e revolucionário jornalismo criado a partir do A SIRENE. Juntos, todos pensamos muito em encontrar formas de questionar o uso das estruturas de Comunicação das empresas responsáveis pelo crime que fazem de suas ações de Comunicação / Publicidade / Eventos o FALSO discurso subjetivo de que estão “fazendo o bem”, quando na verdade, estão apenas pagando sua pena pelo crime cometido. Plantei a semente de um plano de comunicação mais amplo e lutarei junto por isso. Pude provocar a todos a questionarem ainda mais. Expor e constranger o inimigo. Perceber o que está por trás desse jogo sórdido. Mostrar que aceitar isso calado é como se fosse MORAL concordar com um estuprador que se nega a confessar o seu crime e que durante o cumprimento de sua pena, usa de assessoria de comunicação, de verbas publicitárias e da contratação com salários acima da média do mercado dos mais renomados sexólogos e psiquiatras do mundo para servirem de soldados a defenderem o seu protagonismo do discurso. Pensando assim fica mais fácil ver como é imoral e canalha uma fundação não reconhecida juridicamente se utilizar de milhões para fazer propaganda, comunicação e (pasmem..) eventos de lançamentos / entregas, quando deveria apenas se concentrar em reparar o crime cometido (não será surpresa nenhuma se daqui a alguns meses, esse estuprador “renovado” receber prêmios de “Exemplo de Educação Sexual”). Mas voltando ao sábado e à minha felicidade em ver correr novamente uma SIRENE na minhas veias, lembro da honra que foi para mim conhecer de perto pessoas como a Luzia de Paracatu e sua paixão pela memória como sendo o maior patrimônio de seu povo. Abraçar a Simone de Barra Longa e perceber que a luta ainda move essa mãe-guerreira. Reencontrar pessoas que amo como Moniquinha, Mara e meus mestres Juçara, Estevam e Milton Sena, o editor-chefe do jornal. Voltar a falar sobre natureza, rios e o nosso amor à vida com o companheiro Valcileno, do MAB. E principalmente, dar um abraço apertadíssimo na minha doce amiga Silvany, sem a qual eu não teria força para essa reaproximação. Tive orgulho por ter conhecido gente interessada nessa luta, como o jornalista Lucas Simões, com quem ainda travarei boas conversas sobre “midiativismo” em breve. Mas, o maior de tudo foi a admiração do tamanho do mundo que trouxe comigo do trabalho feito pela equipe de apoio aos atingidos, tão bem pilotada pelo Rafael Drumond. Assim como me confortar e perceber que as minhas angústias “para os próximos passos” do processo educativo da “comunicação como direito” são as mesmas de uma gigante na sua inteligência em pensar e comandar o suporte à narrativa dos atingidos, que é a Miriã. Sem palavras e ainda meio tímido em me reaproximar da Silmara Filgueiras, mas com vontade de gritar ao mundo a felicidade em saber que aquela menina que ao nosso lado diagramava os primeiros contornos do jornal, hoje, é a jornalista responsável pelo veículo. Enquanto eu falava, fiquei olhando para ela, imaginando o orgulho que o irmãozinho dela, o Stênio Lima, sentiria ao vê-la nessa posição… Senti falta da Marília Mesquita, outra guerreira do início do JORNAL A SIRENE, menina que tanto me ensinou e continua sendo referência para mim quando falo sobre “direito à comunicação”, pois bem lembro dela travando bons embates entre repórter / editor e mostrando que eu não estava sendo correto em “não deixar a matéria do jeito que a Simone falou”… Eu aprendi muito com ela. Como disse lá, me afastar do JORNAL A SIRENE, que lutamos tanto para que ele se consolidasse, era uma trauma que me amargurava todos os dias desde meados de 2016, bem sabe minha companheira Camila Pacheco e a minha amiga Aninha Souza. Mas depois deste sábado e após ver o brilho nos olhos dos verdadeiros amigos que fiz nessa caminhada, pude ampliar a minha percepção de “culpa”, principalmente, da “minha culpa”. Agora é olhar para frente! Os bandidos continuam fortes, o crime continua impune, a cada dia se RENOVA a estratégia sórdida da comunicação e dos lobbies das empresas para que isso seja esquecido, mas se depender de todas as reflexões que provocamos e da energia ampliada na roda de conversa de Barra Longa, eles terão ainda mais trabalho sujo para fazerem, pois não nos calaremos enquanto não colocarmos seus venenos expostos em praça pública. Por Gustavo Nolasco in Mundo Vasto Mundo
Apesar de ser um pequeno sinal, é ótimo ver que as sirenes não-oficiais começam a retomar seu curso.
Isto é resistência !
Charge: Latuff
Pedido de Doação
Assim como no ano velho, reitero meu pedido.
Meu irmão está precisando de doadores de sangue (qualquer tipo e fator). Só assim, ele e muitos outros pacientes que precisam de sangue para transfusão ou de hemoderivados, conseguirão prosseguir com seus tratamentos. E poderão ter a esperança de uma melhoria e retomada da normalidade em suas vidas.
Carlos Henrique de Oliveira (paciente do Hospital Mater Dei)
O Hemoter recebe doações para pacientes que estão internados em diversos hospitais. Certamente, a doação pode ser realizada para paciente específico ou voluntário para o banco de sangue.
Horário: 8h às 13h, segunda-feira a sábado (sábado, somente com agendamento prévio pelo telefone).
Endereço: Rua Juiz de Fora, 861, Barro Preto – Belo Horizonte.
Telefone: (31) 3295-4584