O Pobre de Direita no Brasil

Tim Maia

O pobre de direita, precipuamente, está presente na célebre frase de Tim Maia, que repetirei de forma incansável. Tim era mais do que síndico, sem dúvida, era um filósofo. Quer dizer, nestes pouco mais de 20 anos sem ele, ainda não percebemos o quanto era inteligente. Dizia ele que, se no país que cafetão se apaixona, traficante fica viciado e pobre é de direita, não pode dar certo.

Enfim, nada mais apropriado para o nosso momento que vem desde as Capitanias Hereditárias.

Pobre de Direita

A princípio, costumo pesquisar artigos e outros textos para construir as publicações deste Blog. Atualmente, após mais de mil publicações, feitas em diversos espaços, raramente utilizo excertos que não são de minha autoria.

Entretanto, quando um texto me chama a atenção. Eu reproduzo e faço alguma abordagem. É o caso do texto do professor José Menezes Gomes com o título “O pobre de direita é um figurante de burguês”.

Portanto, neste mundinho da inclusão digital, o vale-tudo reina num absolutismo amplo, geral e irrestrito. E se você diz alguma verdade, não vai ter repercussão. Quando existe repercussão, é somente entre os mesmos.

A máxima dos teleguiados é: ” … não me venham com fatos, que já tenho opinião formada… ”

Neste sentido, é exatamente o que venho tentando dizer sobre estes seres que habitam redes sociais. Para agradar capitães-do-mato e a burguesia, compartilham absurdos e cometem crimes virtuais, meros figurantes.

* O pobre de direita é um figurante de burguês *

O pobre de direita se acha liberal mesmo não tendo capital e propriedade.

É contrário aos direitos trabalhistas pois espera um dia ter capital e propriedade para ser um explorador da força de trabalho dos outros.

Ele apoia o fim  dos direitos sociais pois acha que isto irá reduzir os seus lucros futuros, quando ele for capitalista e puder explorar os trabalhadores, sendo que ele é trabalhador mas não se reconhece como tal.

Se opõe ao Estado pois acha que quando ele tiver capital e propriedades não vai querer que o Estado estabeleça limites ao seu desejo de ficar rico explorando os trabalhadores.

Produto do meio

O pobre de direita é o produto melhor elaborado pelos mecanismos de produção de ideologia burguesa para a defesa dos burgueses que tem capital, que tem propriedade e que estão na gestão do Estado para não pagar impostos, para receber subsídios e incentivos fiscais, para ganhar dinheiro comprando títulos da dívida pública e terem o controle dos meios de comunicação de forma a propor o mundo dos ricos como o objeto a ser defendido mesmo que a riqueza da burguesia fosse fruto da exploração dos também pobres de direita.

Ele passa a vida toda sonhando ser burguês, mas sem capital e propriedade e sendo explorado.

Entretanto, ele é muito útil para a burguesia, pois já que não tem nem capital, nem propriedade capitalista ele se torna o cão de guarda da classe que um dia sonha ser.

Sendo assim, ele vai para as ruas defender o capitalismo e vê nos trabalhadores esclarecidos e organizados os seus inimigos de classe.

Figurantes

O pobre de direita além de ser um figurante de burguês é terreno fértil para o fascismo.

Portanto, o pobre de direita é um figurante de Burguês que no momento de crise do capitalismo se comporta como um pitbull da burguesia na defesa de um governo de conteúdo fascista.

Como o pobre de direita tenta ser o espelho dos valores que ele acha que a burguesia tem, passa a ser machista, racista, homofóbico, etc.

Ele acaba sendo o portador dos principais preconceitos que a burguesia gerou e perpetuou como parte do seu sistema de dominação, porque precisa do racismo para pagar bem menos aos trabalhadores afrodescendentes.

Ser machista porque os salários das mulheres é bem menor que os salários dos homens. Enfim, ele nega sua origem social e tenta ser o que não tem, pois se trata de um trabalhador sem consciência de classe.

Por isso se endivida para ter uma imagem diferente do seu real poder de compra.

Emergentes

São chamados de emergentes porque querem negar sua classe assumindo a aparência de burguês.

Ele come sardinha e arrota caviar, enquanto late sempre mais alto para mostrar à burguesia que está protegendo a propriedade do burguês, enquanto dorme fora da mansão que sonha um dia ser sua.

Ao envelhecer não vai ter emprego e muito menos vai poder pagar um plano de saúde.

Desta forma vai precisar de proteção social, porém passou a vida toda defendendo que bastava deixar a mão invisível do mercado agir, que o egoísmo sendo potencializado se chegaria ao bem estar coletivo, onde todos teriam chance de um dia ser rico, bastando apenas seu esforço individual e sua capacidade de assumir riscos.

O pobre de direita é um figurante de burguês que late como pitbull e se cala sobre sua própria exploração.

por José Menezes Gomes (*)
Professor do curso de Economia e do Mestrado em Serviço Social da UFAL

Enfim, para infelicidade geral da nação, o texto é lapidar !

Redes Sociais

Faço das palavras do Professor Menezes Gomes, as minhas, mesmo que ele não autorize. Está tudo aí, seja burguês, seja capitão do mato, senhorio, político eleito, rábula que passou em  concurso público. Certamente, não importa, e cada um busca ter sua “empregadinha” sem direitos trabalhistas. O golpe não foi pelos R$0,20, foi, inquestionavelmente, por terem perdido a serviçal de estimação. E, como se não bastasse, pelos filhos dos serviçais conseguirem ter educação formal e diploma universitário..

Por outro lado, a mudança, em relação ao tempo dos capitães-do-mato, é que a briga para ser um serviçal da burguesia acirrou. Pais estão adestrando seus filhos nesta “profissão”, mas sem futuro.

Enfim, o mundo acabou em 2012. E após o golpe, aqui no Brasil, tudo mudou. A burguesia diz que foi para melhor. Pobre de direita acredita, curte e compartilha. E estão prometendo que vão ser decisivos para colocarem o “melhor” candidato no Palácio do Planalto.

Qualquer semelhança com a República da Panákia, não é mera coincidência.

É um verdadeiro salve-se quem puder !

Cadê o maldito meteoro ?

 

(*) Reprodução de texto com pequenas correções, sem mudança de sentido.

 

Charge: Ideias Embalsamadas