Firehose ou Falsehood
A princípio, sou avesso a adotar e utilizar desmedidamente estrangeirismos. Firehose ou Falsehood é um destes que ainda nem foi internalizado pelos habitantes de Pindorama. Entretanto, muita gente pratica, é vítima e nem sabe que tem nome novo para trapaças antigas, o Firehosing.
Em suma, Firehosing ou Falsehood é uma técnica de propaganda com um grande número de mensagens. Como se não bastasse, as mensagens são repetitivas, em curtos espaços de tempo e contínuas. Utiliza-se vários canais como portais de notícias e redes sociais. Surpreendentemente (para a maioria das pessoas), o conteúdo das mensagens não tem verificação de consistência em relação com fatos. São meias verdades, mais perigosas do que as mentiras, pois são mais complexas de refutar e a patuleia tem pressa.
O termo teve sua iniciação para associar à prática de propaganda russa (sobre a Crimeia), e foi identificado, a princípio, por volta de 2015(1). Desde que indicaram Firehose (tradução literal de mangueira de incêndio), os que incendiaram as redes ganharam adjetivação.
Firehosing
Como o termo Firehosing está sendo mais utilizado por especialistas em redes sociais, segurança da informação e afins, escolhi a palavra.
Assim sendo, este texto vai abordar o que está acontecendo nos grupos de redes sociais com perfis falsos espalhando meias-verdades. É impressionante como pessoas sem a mínima noção de determinado assunto viram “especialistas” e se arvoram como sábios. Defendem ideias e textos que não entendem nada, e se insurgem contra todos que os corrigem ou tentam esclarecer alguma coisa.
Eu diria que está impossível qualquer debate com pessoas conhecidas como Firehosing lovers.
Máquina de votar
Os temas que essas pessoas estão divulgando são muitos, vão desde a simples reprodução de notícias falsas até relatórios ditos “técnicos”.
Em outras palavras, não importa o conteúdo, pegam um relatório, usam de alguma “autoridade” e começa o espalhamento de fake news.
Desde que foi eleito, um grupo ligado ao atual presidente, candidato à reeleição, tem feito ilações de toda a sorte sobre a máquina de votar. Desconsideram, inclusive, que foram eleitos com estes artefatos de registrar voto e com este sistema que aí está, há mais de 20 anos.
Escrevi muito sobre o assunto, desde 2000, quando as vulnerabilidades eram muito claras. O TSE melhorou muito em muitas coisas. Em outras especificidades, o TSE e os técnicos e empresas que contrataram, só nos enganam com espelhinhos. Afinal, somos índios e acreditamos em qualquer coisa.
Pouco mais de uma ano atrás, escrevi sobre os absurdos(2) que a deputada Bia Kicis falava. Ali estava a representante máxima do Firehosing sobre o sistema eleitoral brasileiro. A deputada não conhecia (e ainda não conhece) do sistema eleitoral brasileiro e fala muita bobagem. Tudo com a devida divulgação (propaganda) via redes sociais.
Tentar mostrar contraditório foi uma perda de tempo, como está previsto por quem pratica as fake news.
Fofoca de quermesse
Letícia Sallorenzo, uma conectada personagem de redes sociais, não deixou passar em branco. Em seu texto sobre Firehosing(3), pedia que os ministros do STF agissem, sob o risco de fake news virarem verdade pela repetição.
Goebbels dizia que: “… se você repetir uma mentira com bastante frequência, as pessoas acreditarão e você mesmo acreditará.”.
É a situação em que o país chegou, ” … com o STF e tudo”.
Enfim, de nada serviu o apelo (pito) da Sallorenzo sobre os ministros da mais alta corte do país. O incêndio que as fofoqueiras de quermesse promovem têm virado “verdade” e não tem padre ou pastor que resolva. E fica pior quando eles ajudam na disseminação das mentiras do alto de seus púlpitos e grupos de redes sociais.
O fluxo constante de mentiras e conteúdo técnico falso/verdadeiro serve para manter a “militância” engajada. De nada adianta fazer uma refutação técnica. Com toda a certeza, refutar, seriamente, leva tempo, e a “militância” vai ignorar e nem responderá. Por isso, durante o tempo em que se tenta fazer uma análise séria, outras mentiras surgem; puro diversionismo.
E, no final, ninguém dá bola para o que foi escrito com seriedade, prevalece a mentira ou meia-verdade.
Perdemos ?
(1) “Firehosing – Dicionário de Política”
(2) “Bia Kicis, a nuvem e a tábula rasa”
(3) “Fake news em ambiente de Firehosing não é fofoca de quermesse”
P. S.
Notas de uma leitora:
“Firehose não é sinônimo de falsehood. Firehose é mangueira de incêndio. Falsehood é falsidade (ou a boa e velha mentira)“.
“Mangueira de incêndio de falsidades é uma metáfora, que mostra fake news cuidadosamente escolhidas e produzidas, espalhadas como a água da mangueira de incêndio: alto volume, ininterrupta, repetitiva.”
Imagem: Adaptação Internet
Nota do Autor
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