Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. A ministra Cármen Lúcia não se sente uma “Pobre Menina” e refutou o ministro Nunes Marques à altura.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Cármen Lúcia
É provável que uma das músicas de maior sucesso da dupla Leno e Lilian (Pobre Menina) estivesse numa playlist da ministra Cármen Lúcia. Entretanto, a questão é muito séria e os tempos são outros, com muita tecnologia e muita verborragia destes rábulas teratológicos. Certamente, eu admirava e tinha muitas esperanças nos ministros do STF, mas a decepção nos últimos 20 anos é grande. A ministra conterrânea não foge deste escopo, contudo, isso não é motivo para que uma frase sua não tenha divulgação.
Cármen Lúcia Antunes Rocha (Montes Claros, 19 de abril de 1954) é uma jurista, professora e magistrada brasileira, atual ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo sido presidente da corte suprema e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2016 a 2018. Exerceu também os cargos de presidente do TSE e presidente da segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF). É bacharel em direito pela Faculdade Mineira de Direito da PUC MINAS e especialista em direito Comercial pela Fundação Dom Cabral (1979). Mestre em direito constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais (1982). Desde 1983 é professora titular de direito constitucional na PUC MINAS, além de coordenadora do Núcleo de Direito Constitucional.
Fonte: Wikipedia (Português)
Pobre menina
Em primeiro lugar, destaco que a citação do Ministro Nunes Marques é bastante onerosa para este escriba. Do mesmo modo, nutria muita esperança no STF, e agora reafirmo que ministros como este que citei, sepultam qualquer expectativa. Não existe a mínima possibilidade de sair alguma coisa boa de alguns deles, como aconteceu em julgamento recente.
Surpreendentemente, sua educação terrivelmente evangélica proporcionou uma espécie de lavagem cerebral irreversível. Desse modo, passamos à questão da metáfora de “pobre menina” e ao posicionamento da Ministra Cármen Lúcia.
Fraude Eleitoral
É bastante fértil o terreno quando tratamos de escrever em textos, como este, aproveitando frases e ideias, para expor nossa opinião. A frase de Cármen Lúcia, por exemplo, não tem relação direta com a música ou a ideia de fragilidade da mulher. Se bem que o caso em julgamento no TSE era sobre uma fraude em que mulheres foram alvo de manipulação em eleições.
O caso em si não tem excepcionalidades e repete-se em todos os estados e cidades do país. A exigência legal de cotas de gênero, permite que partidos fraudam as cotas com candidatas-fantasma. E, anteriormente, até um Ministro de Estado teve sua eleição praticando este tipo de crime eleitoral.
Novidade nenhuma, #taoquei?
Desvalor
Entretanto, a réplica da ministra à fala preconceituosa de Nunes Marques esbarra em alguns problemas sérios. Inegavelmente, existe este falso paternalismo em todos os setores e, infelizmente, muitas mulheres apoiam este comportamento.
Este desvalor começa, por exemplo, em igrejas que determinam a subserviência das mulheres com a ideia de “homem da casa” e o papel da mulher. Assim sendo, é assustador que muitas vozes que deveriam se levantar contra o discurso pernicioso de Nunes Marques se calam.
O desvalor a que se refere a ministra Cármen Lúcia deveria ser alvo na educação básica, desde a mais tenra idade. Entretanto, mesmo com a evolução da sociedade e apoio das tecnologias da comunicação, a guerra parece recrudescer. Em outras palavras, se cresce a conscientização das mulheres e de parte dos homens, a antítese cresce proporcionalmente.
É repugnante a posição de muitos homens e, como se não bastasse, mulheres, que exercem algum tipo de influência em outras mulheres, defendendo a subserviência. A questão da “pobre menina” na música de décadas passadas, extrapolou a questão do amor “a despeito da posição social”.
Política e Cidadania
Um político, no sexto casamento, casa com uma menor de 16 anos(1) e nomeia sogra e outros parentes; Certamente, estamos no fundo do poço. O caso, dentre muitos, repercutiu e o prefeito teve apoio da mãe da menor, da tia, da vice-prefeita que celebrou o casamento. Sem fazer julgamento de valor nenhum, estas mulheres podem se declarar independentes e não umas “coitadas“?
As questões de cidadania e política eleitoral, se tomarmos os dois casos, deveriam merecer uma reflexão da Ministra Cármen Lúcia e outras mulheres.
O posicionamento de algumas mulheres na mídia está em crescimento, de maneira oportuna, mas em determinados momentos, de forma histriônica. Entretanto, a maioria das mulheres que precisam de ajuda não têm acesso a estes discursos e compreensão. De acordo com institutos de pesquisas, a maioria delas vê publicações nas redes sociais, mas nunca terão acesso ao que disse a Cármen Lúcia.
Discurso bonito, mesmo no STF, sem o entendimento, repercussão e ampliação do debate através de “influencers” é o mesmo que nada.
Em suma, a síndrome da “pobre menina” é real e está em nossas casas e mentes, o trabalho é árduo e apenas começou.
(1) “Prefeito de Araucária casa com adolescente de 16 anos”
Imagem: Entre sem Bater – Cármen Lúcia – Pobre Menina
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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