Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Graciliano Ramos carrega em sua vida um repertório de experiências que permite falar com propriedade sobre “Igualdade“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Graciliano Ramos
O escritor alagoano tem obras memoráveis, literalmente, e que traduzem muito de nossas vidas para os livros. Embora seja uma espécie de humanista, faz críticas ao comportamento das pessoas em nossa sociedade, bastante críveis. Seus romances não são ficção, são expressão da realidade, e a igualdade que ele almeja é pura utopia.
Graciliano Ramos de Oliveira ( 27 de outubro de 1892 – 20 de março de 1953 ) foi um escritor, político e jornalista modernista brasileiro. Ele é conhecido mundialmente por retratar a situação precária dos habitantes pobres do sertão brasileiro em seu romance Vidas Secas. Seus personagens são complexos, matizados e tendem a ter visões de mundo pessimistas. A partir destes personagens, Ramos trata de muitos temas como: Ânsia de poder (tema principal de São Bernardo); Misoginia (ponto-chave em Angústia); Infidelidade, Precariedade Social, e muitos outros. Seus protagonistas são em sua maioria homens de classe baixa do Nordeste do Brasil, muitas vezes aspirantes a escritores (como em Caetés ), ou trabalhadores do campo analfabetos, que costumam lidar com a pobreza e relações sociais complexas.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Igualdade entre os homens
Certamente, não é possível determinar, na civilização humana, qual foi o momento em que o hominídeo deixou a igualdade em segundo plano. É provável que na Idade da Pedra o humano ainda buscasse a igualdade e vivesse em harmonia. Desde que o homem apresentou a necessidade de ser melhor que o outro, deixou a ideia de igualdade para trás.
Assim sendo, a frase-tema de Graciliano Ramos corrobora a utopia que todos vivemos e torna a nossa busca inócua. Desse modo, frases bonitas e de efeito, conseguem concordância teórica, e no minuto posterior, voltamos ao nosso “normal“. O desrespeito ao ser humano, à natureza, aos animais está presente até mesmo dentro das nossas casas. Certamente, não é o tempo todo e nem com todas as pessoas, nem em todos os lugares. Contudo, os tempos recentes estão mostrando que este comportamento nocivo cresce e apresenta-se como normalidade nas redes sociais.
Desrespeito e desigualdade
A busca pela igualdade entre os seres humanos perdeu-se ao longo da evolução (?) da civilização humana.
A destruição ambiental que vivenciamos nos últimos anos e a degradação e desrespeito com as escolhas de cada ser humano, assustam. Aliás, deveríamos nos assustar, no momento, não nos assustamos nem com as notícias e absurdos do dia-a-dia em nossos canais de comunicação. Com toda a certeza, tudo que vem acontecendo atualmente, já acontece há décadas, ou séculos, mas não tínhamos acesso à informação.
A situação se torna mais complexa quando não sabemos, ou não queremos, distinguir fatos de versões (ou de fake news).
Quando vemos os crimes ambientais e contra a vida humana crescerem, e até autoridades defenderem alguns destes crimes, é o fim do mundo. Racismo, sectarismo, homofobia e ataques à liberdade de escolha de cada ser humano, dificultam qualquer ideia de igualdade.
A desigualdade começa a partir do desrespeito ao direito do próximo à vida e a suas escolhas.
Racismo
As pessoas, a princípio, não escolhem a raça a que pertencem, as ideias de escolha e purificação são um desrespeito. Assim sendo, o racismo impulsionado pela ideia errônea da superioridade de uma raça sobre outras, é um câncer social. Por isso, a igualdade racial é inatingível, e o preconceito racial mina os pilares da harmonia e da coexistência humana.
A história testemunhou episódios cruéis de escravidão, discriminação e violência baseados na cor da pele ou na origem étnica. Apesar das conquistas das sociedades modernas, o racismo persiste em formas sutis e manifestações insidiosas. O preconceito que se manifesta nas estruturas institucionais, perpetua a desigualdade socioeconômica e a marginalização.
Esquecemos que somos uma única raça humana, numa busca utópica de igualdade racial que não aparece num horizonte real.
Meio Ambiente
Outro tópico determinante na demonstração de que a busca pela igualdade é utópica, é a destruição implacável do meio ambiente. Enquanto alguns poucos lutam para defender biomas e a natureza, outros buscam a exploração e destruição. A ganância econômico-financeira não tem limites e os negacionistas não conseguem enxergar que o planeta não suporta as agressões que vem recebendo. Como se não bastasse, é cada vez maior a destruição em todas as nações pelos desastres naturais, sem controle.
À medida que o progresso industrial avançou, muitos negligenciam os efeitos adversos das atividades humanas sobre a natureza. A busca selvagem por lucro levou a práticas de exploração insustentáveis. O desmatamento, por exemplo, prejudica o ar e a água, promove a perda de biodiversidade e provoca mudanças climáticas catastróficas. O desrespeito pela interconexão vital entre os seres humanos e o mundo natural levou a uma crise ambiental global, ameaçando nossa sobrevivência.
Realidade
A triste realidade é que o mau comportamento do ser humano alimenta a desigualdade e pavimenta o desequilíbrio da civilização. O racismo e a destruição ambiental são somente dois exemplos, Inquestionavelmente claros, das raízes dos nossos problemas. Enquanto persistirem a intolerância para com as melhores práticas, nossa sociedade se corrói, pouco a pouco. O individualismo (hedonismo), da sub-raça(1) em destaque nas redes sociais, reflete o quadro que nossa sociedade não está evoluindo.
A superação desta realidade exige um compromisso coletivo com a educação, a empatia, respeito e a ação coletiva. Em outras palavras, as gerações futuras devem entender a importância da igualdade, da diversidade e do respeito pelo meio ambiente. A empatia é fundamental para quebrar os ciclos de preconceito e cultivar a inclusão e aceitação. Além disso, é crucial ter ações para mitigar os efeitos ambientais, promovendo práticas de consumo consciente. Os recursos naturais são finitos em relação a gana e comportamento dos seres humanos.
Em suma, não existe a hipótese de que todos os seres humanos respeitem todos os outros seres humanos. Não adianta fugir desse debate e de suas causas e efeitos. É bela a frase de Graciliano Ramos, entretanto é só uma ótima frase para livros de coaches motivacionais. Enfim, se cada um de nós não praticar a civilidade, não resolve colocar frases sobre gentileza e civilidade em murais.
O desejo de igualdade entre os seres humanos, atualmente, não passa de um farol iluminando a popa de um navio num oceano vazio. Como um personagem de Graciliano Ramos, esta não é uma visão pessimista, é a realidade, a igualdade social(2) é impossível.
(1) “Sub-raça e seu surgimento”
(2) “Igualdade Social e os pobres de direita”
Imagem: Entre sem bater – Graciliano Ramos – A Igualdade
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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