Entre sem bater – Raul Seixas – Metamorfose Ambulante

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Certamente, Raul Seixas era uma verdadeira “Metamorfose Ambulante“, uma pena que durou menos do que deveria.

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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Raul Seixas

Nesta data, cabe uma homenagem a um dos maiores pensadores da música do Brasil. As letras das músicas e as frases de Raulzito eram muito mais do que frases de efeito. Desde que iniciou sua carreira mostrou-se uma verdadeira metamorfose ambulante, como pouco no Brasil. Letras que, surpreendentemente, parecem malucas e sem sentido para esta geração perdida⁽¹⁾, proporcionaram frases icônicas. Viva Raul !

Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 — São Paulo, 21 de agosto de 1989) foi um cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor musical da CBS, durante sua estadia na cidade do Rio de Janeiro e, por vezes, é chamado de Pai do Rock Brasileiro e Maluco Beleza. Sua obra musical é composta por dezessete discos lançados durante 26 anos de carreira. Seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como Let me Sing, Let me Sing. Seu álbum de estreia, Raulzito e os Panteras (1968) foi produzido quando integrava o grupo Raulzito e os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com músicas como Ouro de Tolo, Mosca na Sopa e Metamorfose Ambulante, do álbum Krig-ha, Bandolo!, de 1973. Raul Seixas tinha um estilo musical que era chamado de “contestador e místico“. Isso se deve aos ideais que defendia, como a Sociedade Alternativa apresentada no álbum Gita lançado em 1974, influenciado por figuras como o ocultista britânico Aleister Crowley. Cético e agnóstico, Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia),  psicologia, história, literatura e latim.

Fonte: Wikipedia (Português)

Metamorfose Ambulante

É provável que a expressão metamorfose ambulante nunca tenha registro anterior à música de Raul Seixas. Por isso, temos que render homenagens a este que criou algo na contracultura tupiniquim que faz as pessoas pensarem. Entretanto, em tempos atuais, a maioria das pessoas tem uma imensa preguiça mental⁽²⁾. Em suma, não se prestam nem para analisar uma letra de música ou uma expressão.

Metamorfose está diretamente ligada àquilo que se transforma e nunca mais volta ao que era antes. Por outro lado, ambulante tem uma associação forte com aquilo que não fica imóvel ou que migra e perambula sem destino.

Desse modo, metamorfose ambulante é isso, mudança, sem a preocupação de lugar ou de entorno, e se transformando e evoluindo.

Opinião Formada

A letra da música, certamente, vai muito além do simples desejo de estar em constante transformação. A questão de ter opinião preconcebida⁽³⁾, atualmente, vem bem a calhar em contraposição àqueles(as) que seguem dogmas.

O complemento da frase-chave, neste ponto, determina, com bastante propriedade, que as pessoas que estigmatizam as mudanças, são reativas. Em outras palavras, não existe um único ponto de vista com uma verdade absoluta, e sim diferentes perspectivas, reflexões e considerações.

Além disso, à ideia de que é um atraso mental se acomodar apenas em uma ideologia. E não importa se a ideologia ou dogma é social, política, cultural e etc.

O Oposto

A letra segue impávida, quem nem Muhamad Ali, onde nos damos o direito, de dizer o oposto, e mesmo assim estarmos avançando.

Entretanto, quando se diz o oposto, pode não ser o contrário do que dissemos antes. É provável que queiramos manifestar uma opinião com perspectivas diferentes e com mais acúmulo de conhecimento. Enfim, sermos uma metamorfose ambulante significa que ideias e pensamentos se transformam, evoluem, não são as mesmas que antes.

Um filósofo já disse que uma pessoa que lê um livro abre sua mente de forma que ela nunca mais volta à forma original. Atualmente, podemos dizer que qualquer post, mesmo os de 280 caracteres, podem mudar até as mentes obscuras.

A música tem uma estrofe sobre o amor, que faz parte da letra e vida que, no mundo atual, faz pouco sentido.

Objetivo

Depois que Raulzito passa pela sua etapa de ternura e amor, volta para o objetivo de demonstrar a metamorfose que sempre foi.

E, desse modo, ele questiona um pouco do que as pessoas hoje buscam. Chegar a objetivos rapidamente, obter respostas rápidas, fazer sucesso antes do trabalho, enfim, todos têm pressa.

Se, naquele momento, Raulzito manifestou que não tinha pressa de chegar ao objetivo, teria horror aos comportamentos das novas gerações. Gerações perdidas e sem noção, que se acham metamorfoses ambulantes, contudo não passam de escravos mentais⁽⁴⁾ de aparências.

Estas gerações não sabem, com toda a certeza, o que significa refletir e ter objetivos que não sejam puro hedonismo. Por isso, é compreensível como as pessoas optam pelo mais fácil para atingir seu objetivo, sem analisar perspectivas diferentes.

A verdadeira liberdade, para Raulzito, é ter um pensamento próprio, desdizer ou se questionar e ser uma metamorfose. Sem dúvida, a questão não é ser diferente da maioria, mas evoluir, ter personalidade e espírito crítico.

Desdizendo

Da mesma forma que muitas outras canções de artistas brasileiros e estrangeiros, as letras dizem mais do que aparentam. Surpreendentemente, é muito comum as pessoas saberem toda a letra, cantarem a plenos pulmões e não entenderem nada do que cantam. Alguns cancioneiros são experts em colocar um jogo de palavras para desdizer o que não disseram.

Assim sendo, é um direito de todo ser humano adepto da metamorfose ambulante, desdizer o que disse antes, ou até mesmo não disse. É provável que nem assim a maioria das pessoas pense ou reflita, sobretudo sobre as entrelinhas da canção.

Em suma, toda a canção incentiva a reflexão e a mudança de ideias e pensamentos. Certamente, sempre sendo contra toda e qualquer imposição e sempre a favor da transformação e evolução.

Uma coisa que era de uma forma, pode se transformar, mudar; menos a terra que era ser redonda se transformar em terraplana, #TAQUEI?

A maioria das pessoas tem dificuldades em aceitar opiniões divergentes, aceitar uma metamorfose ambulante é para poucos. Definitivamente, ser uma metamorfose ambulante é algo inatingível para quem não pensa.

 

⁽¹⁾ “Entre sem bater – Franz Kafka – Geração Perdida”

⁽²⁾ “Entre sem bater – Liz Hurley – Preguiça Mental”

⁽³⁾ “Entre sem bater – Schopenhauer – Opinião Preconcebida”

⁽⁴⁾ “Entre sem bater – Bob Marley – Escravidão Mental”

 

Imagem: Entre sem bater – Raul Seixas – Metamorfose Ambulante

Nota do Autor