Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Uma paráfrase de William Randolph Hearst sobre jornalismo e “Publicidade Paga” faz o maior sentido.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
William Randolph Hearst
A rivalidade entre Pulitzer e Hearst foi como um duelo de titãs. O oligarca da mídia estadunidense acumulou fortuna e fazia suas críticas ao próprio negócio. Certamente, nunca saberemos o porque ele insistiu na questão da notícia vs. publicidade. Entretanto, sabemos que ele era duro na crítica. É provável que as pessoas, inclusive nos EUA, conheçam o personagem pela notoriedade que sua neta (Patty Hearst) amealhou. Hearst pode foi responsável por uma frase ou pensamento que muitos adotaram, por isso a paráfrase.
William Randolph Hearst Sr. ( 29 de abril de 1863 – 14 de agosto de 1951) foi um empresário, editor de jornais e político americano. Conhecido por desenvolver a maior rede de jornais e empresas de mídia do país, a Hearst Communications. Seus métodos extravagantes de jornalismo amarelo influenciaram a mídia popular do país, enfatizando o sensacionalismo e as histórias de interesse humano. Hearst entrou no ramo editorial em 1887 com Mitchell Trubitt depois de receber o controle do The San Francisco Examiner de seu pai rico, o senador George Hearst.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Publicidade Paga
De acordo com o manual da boa analogia, é possível atribuir a figura de WR Hearst como um Datena que ganhou um canal de TV. É provável que os leitores, mais críticos, pensem que estou valorizando o Datena ou menosprezando o Hearst Sr. Entretanto, é possível fazer esta comparação absurda para mostrarmos que muita gente pode fazer publicidade paga ao invés de jornalismo. Como se não bastasse, podemos realçar o que vem acontecendo nas redes sociais e influencers sensacionalistas.
Notícia
Existem ao menos uma dúzia de frases que tratam do tema. Certamente, a mais famosa e que muito portal publica como sendo de Orson Welles, sem nenhum pudor, resume bem a ideia.
- “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que existe algum sentido em atribuir a frase acima a Orson Welles pelo que ele fez em “Cidadão Kane“. Conforme os ótimos estudos do portal Quote Investigator, o pensamento é quase anônimo, mas atualmente ainda tem validade.
Alguns exemplos sobre como o jornalismo e a notícia se contrapõem à publicidade paga e à propaganda. Em outras palavras, jornalismo e notícia não combinam com publicidade e propaganda. Hearst Sr. se autodenominou como “imprensa amarela” e foi um político hábil, que soube utilizar do seu canal. Curiosamente, temos exemplares no Brasil de donos de meios de comunicação que se metem com a política. Com toda a certeza, notícias, propaganda e imprensa séria(1) não combinam e os resultados são nefastos.
Frases
Algumas frases utilizam como sinônimos as palavras imprensa e notícia, ou usam publicidade, publicidade paga e propaganda, o sentido é o mesmo.
- Notícias são qualquer coisa que alguém queira suprimir; todo o resto é propaganda.
- Jornalismo é imprimir o que os outros não querem ver numa publicação; todo o resto são relações públicas.
- Tudo o que um patrono deseja publicar é publicidade; tudo o que ele quiser manter fora do jornal é notícia.
- Faz parte do negócio de um jornal obter notícias e imprimi-las; faz parte do trabalho de um político impedir que certas notícias tenham divulgação.
- Publicidade é o que alguém quer ver no jornal; notícia é o que alguém quer manter de fora.
Desse modo, é tudo a mesma coisa e Hearst Sr. e Pulitzer sabiam muito sobre a imprensa cínica(2), que muitos, ainda hoje, dão credibilidade.
Propaganda Pura
Como diria o saudoso Stanislaw Ponte Preta, o Febeapá tupiniquim não tem fim e muito menos respeita qualquer limite.
Qualquer dos canais apresenta mais opiniões e versões do que fatos e notícias. Desse modo, o cidadão, principalmente aquele incluído digitalmente, não tem ideia do que consome. A ânsia de cada um em compartilhar aquilo que recebe nos seus smartphones supera o pré-requisito da verificação. E, como se não bastasse, quanto maior a necessidade de se mostrar em dia com a “notícia”, maiores são os absurdos.
Em algumas redes sociais que nem são de debate político, alguém pega uma versão de notícia de 4 ou 5 anos atrás e divulga. Em poucos minutos aquilo já recebeu compartilhamento e não tem volta. Assim sendo, cria-se qualquer fake news, pois basta um pouco de dinheiro e conhecimento de redes sociais para viralizar.
Enfim, não temos uma imprensa séria e muito menos algo da mídia de massa que seja confiável e noticiar fatos. Vemos, sobretudo nos canais abertos e até mesmo canais nacionais da TV paga, muita gente dando opinião. Os tais jornalistas com informações “exclusivas” mais parecem aquelas fofoqueiras de bairro. Apresentam programas de TV, que era para oferecer notícias, com celular na mão e lendo o que seus informantes digitam.
Quinta Essência
Vivemos, com toda a certeza, a quinta essência do mau jornalismo. E, sem dúvida, o exemplo transparente de como se manipulam as massas de incautos e carentes, nas redes sociais.
A um jornalista, cabe o dever de obter notícias, de um repórter, devemos esperar o relato de fatos. Ao apresentador, jornalista, repórter, eticamente falando, cabe imprimir, falar, escrever as notícias e não versões ou opinião. Inegavelmente, essas premissas nada mais são do que o desejo de um cidadão que se vê num mar de informação de baixa qualidade. Os conteúdos do que têm divulgação nas mídias digitais são de pouca confiabilidade e não trazem nenhum conhecimento.
Nossa sociedade apodrece rapidamente com as redes sociais e Hearst e Pulitzer devem estar se revirando em seus túmulos. Até comediantes fazem piada, há muito tempo, sobre a seriedade da imprensa e o preço desta seriedade. As notícias e opiniões falsas(3) pululam em nossos vídeos em online com o planeta Terra, não tem solução, perdemos !
(1) “Entre sem bater – Juca Chaves – Imprensa Séria”
(2) “Entre sem bater – Joseph Pulitzer – Imprensa Cínica”
(3) “Entre sem bater – Joseph de Maistre – Opiniões Falsas”
Imagem: Entre sem bater – William Randolph Hearst – Feridas Abertas
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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