Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Certamente, a maior torcedora do Cruzeiro sempre será a Salomé, por isso o “Cruzeiro” era a vida dela.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Salomé
Maria Salomé, a torcedora-símbolo do Cruzeiro, nunca pedia a cabeça de ninguém, como a sua homônima bíblica. Pelo contrário, ela era a torcedora que tinha o Cruzeiro como um Deus, e adorava seus discípulos (jogadores). Assim sendo, o nome da maior torcedora do Cruzeiro é mais do que suficiente para quebrar alguns dogmas de evangelistas. Salomé foi a pioneira como torcedora com vínculo à ASTOCA e frequentando o setor da Geral.
Maria Salomé Silva ( 22 de outubro de 1933 – 10 de dezembro de 2019) foi a torcedora-símbolo do Cruzeiro por décadas, até seu falecimento. Segundo seus relatos, desde a sua estreia nas arquibancadas, até os últimos anos de sua vida, deixou de comparecer apenas a 18 jogos. Trabalhou no próprio Cruzeiro por mais de 25 anos como auxiliar de serviços gerais onde irradiou sua paixão. Recebeu homenagens do clube, das torcidas organizadas e de torcedores do mundo inteiro. Participou de caravanas em todas as cidades que o Cruzeiro atuou dentro de Minas Gerais e muitas pelo Brasil afora.
Fonte: Marco Astoni (Jornalista)
Cruzeiro, Minha Vida…
A maneira que encontrei para manifestar-me nesta data (103 anos do Palestra-Cruzeiro), através da frase da Salomé, pode parecer estranha. Entretanto, tem tudo a ver com o que o centenário clube se tornou após o rebaixamento e transformação em SAF(1). Estive em caravanas com a Salomé e as narrativas proporcionariam crônicas maravilhosas.
Desta forma, nesta data é necessário ser um pouco estoico e saudosista, pois aquele deus da Salomé não existe mais.
Com toda a certeza, na missa tradicional de 2 de janeiro, lá estaria ela conduzindo uma imagem em uma entrada triunfal. Parece que este ano, duas missas em locais diferentes indicarão uma comemoração oficial. Certamente, a Salomé não aguentaria participar de duas ao mesmo tempo. Por outro lado, agora ela estará onipresente, onde quer que esteja o Cruzeiro nosso ou até mesmo a SAF.
Surpreendentemente, a maioria dos torcedores do Cruzeiro, com a avalanche de informações da Internet, não consegue se livrar da sua Zeitgeist(2).
Era uma vez…
Escrevi mais do que dezenas de textos(*) sobre o Cruzeiro e tudo que o cerca. Desde que a Internet permitiu escrever e publicar sem depender da mídia tradicional, exerci este direito. Escrever sobre o clube, o time e a torcida era uma coisa comum e fácil, pois eu estava junto a torcedores como a Salomé.
Desse modo, e isso incomoda muitos torcedores da geração ZZP, nunca dependi de redes sociais para falar sobre o Cruzeiro. As histórias reais em nada se assemelham às narrativas de redes sociais e grupos de mimizentos. Por isso, é repugnante quando vemos torcedores nas redes sociais mendigando volta de ex-jogadores. Como se não bastasse, fica muito pior quando parcela destes torcedores, seguindo influenciadores do mal, defendem jogadores mercenários.
É impressionante como os torcedores não entendem que, no futebol atual, não existe jogador que ame o time como parte da torcida. Os caras ganham muito bem e pagam serviçais para fazerem posts e publicarem bobagens nas redes sociais. Quando, por exemplo, um jogador fica forjando frases como “… piscininha, amor…” e um monte de estúpido compartilha, é somente golpe.
Enfim, vocês que pagam pau (assim que fala, né?) para jogador, técnico, dirigente e até torcedores-influenciadores, nunca serão torcedores. Passados vinte anos da primeira versão do “(Re)Aprendendo a ser torcedor“(3), parece que muita coisa só piorou.
Era uma vez, um time de futebol da colônia italiana, com história de luta, tão combatido, jamais vencido !
Salve, Salomé, primeira e única que tinha o direito de torcer para os jogadores !
Sugestão de leituras
A relação de links a seguir é apenas uma pequena amostra sobre o que escrevi da torcida e seus torcedores. Lamento não ter feito um texto grandioso para homenagear a Salomé, quando ainda era viva.
Desde que publiquei a primeira versão do “(Re)aprendendo…” recebi intermináveis críticas. Contudo, a cada temporada, mesmo com o aumento dos ataques e de haters, minhas teorias se confirmam. Não posso referir-me ao torcedor de rede social que adora este ou aquele repórter, como sendo teleguiados. Adicionalmente, sofro repreensão (quase a ponto de chamar de bullying) se faço alguma referência aos simpatizantes.
Sócios do Futebol
O torcedor-leitor deve se perguntar porque tantas referências ao “Sócio do Futebol” que nem existe mais. É uma forma de nos posicionarmos neste momento, ante o desrespeito para com grupos de torcedores. Não queremos equiparação com torcedores que alinham-se a influencers que recebem dinheiro para declarar amor ao Cruzeiro.
Estas transformações e modernidades não nos pertencem, nós sabemos, mas não percam o respeito dos torcedores do futuro.
Desta forma, a torcida do Cruzeiro e o próprio clube se transformaram, desrespeitando a história. Poderíamos ser 100 mil sócios do futebol, hoje somos menos de 50 mil. E, desse modo, a passividade da torcida ante a tratamentos como o que os sócios do futebol (antigos) recebem sofre desprezo até dos noviços rebeldes.
Em suma, é um direito torcer pelo que cada um quiser, até torcer e dar dinheiro para bandido influenciador de rede social. Só não queiram misturar a Salomé com este povo, ela não merece isso, o Cruzeiro não merece. Ah! e uma última palavra, o papo de que não tem ninguém mais torcedor do que outro é uma narrativa enganadora.
Só a Salomé adquiriu muitos direitos, em nome da sua paixão pelo Cruzeiro, “Amanhã tem mais …“,
P. S.
(*) Este e muitos outros textos não seriam possíveis sem a ajuda de grandes cruzeirenses como Ângela Azevedo, Gustavo Nolasco e Marco Astoni.
(1) “O Futuro do Cruzeiro foi ontem”
(2) “Zeitgeist Azul e as confusões mentais”
(3) “(Re)Aprendendo a ser torcedor do Cruzeiro”
Imagem: Entre sem Bater – Salomé – Cruzeiro, Minha Vida…
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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