Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Frank Herbert e muitos outros pensadores, certamente “Não São Loucos”, apenas conseguem ver o mundo de forma crítica.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Frank Herbert
Quando um autor ganha fama por uma obra única, assim como um cantor ou banda com uma única canção, as pessoas criticam seu trabalho. Entretanto, as condicionantes para que esta pessoa tenha apenas uma ou poucas obras, pode explicar tudo. Desse modo, muitas coisas neste mundo moderno(1), demonstram que muitos não são loucos e nem gênios. Os pensamentos e frases de Frank Herbert são simples, mas possuem muitas verdades aplicáveis atualmente.
Franklin Patrick Herbert Jr. mais conhecido como Frank Herbert ( 8 de outubro de 1920 – 11 de fevereiro de 1986 ) foi um autor americano de ficção científica mais conhecido pelo romance de 1965 Duna e suas cinco sequências. Embora tenha ficado famoso por seus romances, ele também escreveu contos e trabalhou como jornalista, fotógrafo, crítico de livros, consultor ecológico e conferencista.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Não são loucos
A frase de Frank Herbert é uma observação perspicaz sobre a natureza da crença e do conhecimento, aplicável atualmente, sem reparos. A crença é algo que a maioria das pessoas aceita sem questionar e raramente vemos as contraposições terem o mesmo espaço. Por exemplo, os cristãos levam seus filhos para vários rituais de batismo nas igrejas e templos. Experimente dizer a estes cristãos que seus filhos nasceram ateus, e que eles deveriam deixá-los viver ser manipulação e influência. Surpreendentemente, um debate racional que poderia se iniciar, mas não haverá qualquer prosseguimento, é natimorto o assunto.
Desse modo, o conhecimento sobre as religiões, que conquistaríamos através da investigação e da reflexão, não existirá. Por outro lado, a crença, mais fácil de manipular do que o conhecimento, não terá óbices para seguir adiante.
Esta observação é relevante para o nosso entendimento do comportamento das pessoas nas redes sociais. É comum vermos pessoas nestes espaços digitais expressando opiniões e crenças que parecem, à primeira vista, absurdas ou loucuras. Por isso, vemos perfis defendendo teorias da conspiração, negando a ciência ou expressando ódio e preconceito, sem cerimônia.
É tentador concluir que essas pessoas possuem déficit cognitivos, mas elas não são loucas, são apenas ignorantes(2). Portanto, a frase de Herbert nos sugere que essa conclusão tem um quê de açodamento. É provável que essas pessoas não sejam totalmente insanas. Elas podem, simplesmente, receber treinamento para acreditarem e não para saber, conhecer ou questionar.
Dissimulação ou Loucura?
A utilização de crenças e dogmas ´podem ser uma ferramenta muito útil e com utilização de várias maneiras. Uma das formas mais comuns é através da propaganda que pode ser política, como bem soube fazer Goebbels durante o regime nazista alemão. A propaganda é uma forma de comunicação que influencia as opiniões e o comportamento das pessoas. Ela pode promover uma causa, um produto ou uma ideia, questão é que esta promoção pode ter fins escusos.
As redes sociais e plataformas digitais são, atualmente, o terreno mais fértil para qualquer tipo de propaganda e divulgação. Desse modo, elas permitem que as pessoas se conectem com outras e compartilhem suas crenças. Desta forma, cria-se bolhas sociais, onde expõe-se apenas a informações que confirmam suas crenças preexistentes.
Essa exposição a informações tendenciosas pode levar as pessoas a acreditar em coisas que não são verdadeiras. Por exemplo, a teoria da terra plana, que nega descobertas seculares de pesquisadores, ganhou adeptos em todo o mundo. E, surpreendentemente, são pessoas que têm acesso à ciência, mas questionam a ciência como sendo uma fraude.
FUD
Neste contexto, uma tática vil que os manipuladores utilizam é o FUD(*).
A manipulação de massas e a defesa de uma crença ou dogma, tem aceitação através do medo. O medo, a incerteza e a dúvida provocam emoções que podem levar as pessoas a tomar decisões irracionais. Os manipuladores utilizam da técnica de FUD para induzir as pessoas a acreditarem em coisas que não são verdadeiras. E, como se não bastasse, sugerem que estas pessoas “compartilhem à vontade“, pois pode virar verdade.
Políticos podem usar o medo do terrorismo para convencer as pessoas a apoiarem uma guerra e eles não são loucos. O caso da guerra entre judeus e mulçumanos é um exemplo claro. Certamente, os cristãos que defendem um dos dois lados, estão sob manipulação intensa e defendem a destruição da verdade(3).
A exposição das pessoas a qualquer tipo de notícia falsa e desinformação provocam, sem dúvida, medo e ansiedade na sociedade. Isso pode levar à descrença, ao ceticismo e até a ideia de que o mundo está prestes a acabar ou pior. Se bem que todos que não são loucos, pelos casos reais que acompanhamos, sabemos que o mundo já acabou.
Jogo Bruto
Em suma, as pessoas nas redes sociais podem parecer loucas, mas não são loucas, necessariamente. A maioria dos participantes de redes sociais quer reconhecimento. Logo após ficarem à mercê de informações tendenciosas, entram no jogo com satisfação.
Desse modo, essas pessoas agindo com dissimulação e compartilhando mensagens não verdadeiras se acham parte dos grupos de manipuladores. Entretanto, em muitos casos, elas estão conscientes de que estão disseminando falsidades. Fingem, contudo, que acreditam para se encaixar em um grupo ou para obter algum benefício ou subir na escala piramidal.
Assim sendo, em qualquer circunstância, e importante que todos estejamos atentos a esses fenômenos. Afinal, devemos ser críticos das informações que consumimos nas redes sociais e separar o que vem daqueles que não são loucos.
Analogias
Enfim, são muitas as analogias possíveis para tentar livrar as pessoas manipuláveis deste estupor que assemelha-se a uma doença pandêmica.
Uma das analogias possíveis é como um jogo de cartas onde pode-se blefar e não ter nada para ganhar o jogo. Normalmente, sempre nestes jogos, os jogadores escondem suas cartas dos outros jogadores. E fazem isso para enganar os outros jogadores ou para obter alguma vantagem.
A maioria dos perfis manipuladores das redes sociais também escondem suas cartas. Escondem, de alguma maneira, suas crenças verdadeiras para se encaixar em um grupo ou para obter algum benefício.
A condição das pessoas, inclusive os que não são loucos, atinge uma condição extrema num culto religioso. Num culto, é comum os membros receberem alguma doutrinação de coisas que não são verdadeiras. Podemos citar, por exemplo, no Brasil, o caso das vacinas, de falsas acusações políticas e da questão da terra plana. Muitos, que no dia-a-dia não são loucos, aceitam a manipulação para seguirem os líderes de sua religião ou culto.
Descrições
Em suma, podemos descrever muitas pessoas na vida real e nas redes sociais que não são loucas, mas fazem de tudo para serem.
Temos os crentes, que acreditam em coisas que não são verdadeiras. Por outro lado, temos aqueles que foram vítimas de golpes ou de enganos, que compartilharam e acreditaram em informações falsas. E, afinal, temos os especialistas em dissimulação, que dizem uma coisa nas redes sociais e fazem outras coisas intramuros.
Em suma, é impossível separar os que não são loucos dos que se fazem de loucos para viver, e a loucura só cresce.
“Amanhã tem mais …“
P. S.
(*) FUD é uma abreviação de “Fear, Uncertainty and Doubt” que traduzido para o português significa “Medo, Incerteza e Dúvida”. Utiliza-se a expressão para descrever o estado psicológico de grupos de pessoas quando acreditam no que outros falam ou escrevem.
(1) “Entre sem bater – G K Chesterton – Mundo Moderno”
(2) “Entre sem bater – Bertrand Russel – Homens Ignorantes”
(3) “Entre sem bater – Bill Clinton – Destruição da Verdade”
Imagem: Entre sem Bater – Frank Herbert – Não São Loucos
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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