Entre sem bater - Charles Spurgeon - A Ansiedade

Entre sem bater – Charles Spurgeon – A Ansiedade

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. A “Ansiedade” é, com toda a certeza, um tema que aflige nossa sociedade, desde os tempos de Charles Spurgeon.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Charles Spurgeon

Alguns personagens, com suas frases em destaque, precisam de uma ação com mais detalhes, pois de nome, não passam de desconhecidos. Por outro lado, como na maioria das frases, é importante entender a ideia, sem preconceitos. Assim sendo, o tema ansiedade foi um dos que Charles Spurgeon experimentou para si e para suas plateias. Tenho algumas restrições para frases de pregadores, mas posso conceder algumas exceções.

Charles Haddon Spurgeon (19 de junho de 1834 – 31 de janeiro de 1892) foi um pregador batista inglês. Spurgeon foi pastor da congregação da New Park Street Chapel (mais tarde Metropolitan Tabernacle) em Londres por 38 anos. Ele participou de diversas controvérsias com a União Batista da Grã-Bretanha e posteriormente deixou a organização por convicções doutrinárias. Spurgeon continua altamente influente entre os cristãos de várias denominações , para alguns dos quais ele é conhecido como o “Príncipe dos Pregadores“. Ele foi uma figura forte na tradição Batista Reformada, defendendo a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 , e se opondo às tendências teológicas liberais e pragmáticas na Igreja de sua época. Fundou o Spurgeon’s College, que recebeu seu nome postumamente. Spurgeon escreveu sermões, uma autobiografia, comentários, livros sobre oração, devocionais, revistas, poesia e hinos. Muitos sermões foram transcritos enquanto ele falava e foram traduzidos para vários idiomas durante sua vida. Diz-se que ele produziu sermões poderosos de pensamento penetrante e exposição precisa, e que suas habilidades oratórias mantiveram seus ouvintes fascinados no Tabernáculo Metropolitano.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

A Ansiedade

Charles Spurgeon viveu no Século XIX(*) e, certamente, sua frase que inspira este texto, teve um contexto forte à sua época. Contudo, ele obteve este pensamento a partir da reflexão e de leituras anteriores. Atualmente, com a evolução das tecnologias e redes sociais, as pessoas não reconhecem este pensamento.

A ansiedade, em tempos modernos, inquestionavelmente, é precursora de outros graves problemas que explodem perto de nós. O ser humano pode relegar suas emoções ou nem compreendê-las, é uma questão de escolha. Por isso a ansiedade parece ser eterna e transforma-se numa epidemia totalmente sem controle.

A Era das Redes Sociais

Não sou profissional com especialização em comportamento humano, mas permito-me, após ler e refletir, falar sobre alguns temas. A ansiedade tomou conta de todos nós de maneira avassaladora. Por exemplo, enviamos uma mensagem através de uma ferramenta de envio instantâneo e a nossa ansiedade começa. Em primeiro lugar, esperamos pelos “dois risquinhos”, depois pela visualização, isto não é  normal. A Era da comunicação instantânea exige das pessoas algo que elas não têm preparação e educação e nem iniciamos a singularidade tecnológica(1).

Comportamento Antigo

A ansiedade, essa constante sombra que paira sobre a mente humana, sempre esteve presente ao longo da história. Contudo, sua manifestação e prevalência assumiram novas formas neste primeiro quarto do Século XXI. Nas sociedades anteriores a essa era digital, as pressões tinham associação com desafios tangíveis e imediatos. Por exemplo, como sobrevivermos, pendências e conflitos territoriais e as incertezas econômicas eram os temas que as pessoas se importavam. A ansiedade, nesse contexto, era uma resposta adaptativa a ameaças concretas, na maioria dos casos, parte da pauta da mídia de massa.

Com a chegada do Século XXI, testemunhamos uma transformação na natureza da ansiedade. O surgimento das redes sociais e a crescente interconexão global deram origem a uma forma de ansiedade insidiosa e invisível. O indivíduo moderno, imerso em um oceano  de desinformação e destruição da verdade(2), enfrenta desafios psicológicos que produzem dois grandes efeitos colaterais.

Comparação Social

O primeiro desses efeitos é a incessante comparação social. Antes da era digital, as comparações sociais estavam no limite do círculo imediato de amigos, familiares e vizinhos. As pessoas eram mais propensas a avaliar seu progresso e sucesso em relação ao contexto local em que estavam inseridas. Com as redes sociais, entretanto, as comparações transcenderam fronteiras geográficas e temporais.

A exposição constante à vida aparentemente perfeita de outros indivíduos, cuidadosamente curada em plataformas como Instagram e Facebook, cria uma pressão psicológica única. As conquistas, viagens e momentos felizes de outros têm exibição constante, criando um padrão irreal e inatingível. O indivíduo se encontra preso em um ciclo de autocrítica constante, cruel e sem justificação. Cada um se alimenta da ilusão de que a felicidade alheia é a norma, enquanto suas próprias imperfeições ampliam-se na ansiedade.

Validação Externa

Essa comparação incessante não apenas amplifica a ansiedade individual, mas também contribui para o segundo grande efeito colateral: a busca incessante por validação externa. Nas sociedades anteriores ao Século XXI, a validação frequentemente deriva de conquistas tangíveis e reconhecimento dentro de comunidades locais. No entanto, nas redes sociais, a validação tem exposição aberta, através de likes, comentários e compartilhamentos. Desse modo, todos, inclusive ilustres desconhecidos fazem julgamentos a cada clique.

A dependência dessa validação virtual cria uma dinâmica viciante. Os indivíduos buscam incessantemente a aprovação dos outros, muitas vezes sacrificando sua autenticidade no processo. A busca por likes torna-se uma medida de autoestima, transformando as redes sociais em um campo de competição incessante pela atenção e aceitação. A falta de validação online pode resultar em sentimentos de inadequação e rejeição, alimentando ainda mais a ansiedade.

Maldita Inclusão Digital

Como se não bastasse, a constante exposição a notícias alarmantes, e a polarização nas redes sociais eleva a ansiedade coletiva. O excesso de informação e a sensação de impotência diante de qualquer problema, aparentemente insolúvel, geram um estado de apreensão geral. É como, por exemplo, no rádio drama de 1938 – A Guerra dos Mundos de Orson Welles – e, pouco depois, o início de uma guerra mundial.

A inclusão digital sem controle faz com que profecias de Nostradamus reapareçam e reforcem as crendices e dogmas alucinantes. A conectividade global, embora traga benefícios, também expõe os indivíduos a um fluxo constante de estímulos estressantes. Desta forma, tudo nas plataformas, exige agilidade e contribui para a exaustão emocional e mental.

Em suma, a ansiedade, que sempre foi uma companheira humana, assumiu novas formas na era digital. A incessante comparação social e a busca por validação online são os dois principais efeitos colaterais dessa enfermidade sociocomportamental. Enquanto sociedades anteriores enfrentavam ansiedades até existenciais, o indivíduo contemporâneo perdeu a noção de existência. A pressão invisível e constante de padrões inatingíveis, da ditadura das redes sociais, prevalece. À medida que navegamos nestas redes, não conseguimos  entender e abordar esses desafios para preservar a saúde mental. E, como se não bastasse, textos como este, que tentam fomentar a reflexão, sequer terão leituras como qualquer fofoca de Tik Tok.

C´est la vie e “Amanhã tem mais …

P. S.

(*) É provável que o Século XIX protagonizou a maior das revoluções tecnológicas: A Revolução Industrial. Desde que ocorreram revoluções políticas e de poderio do homem sobre o homem, nada foi como antes. A revolução do Século XXI apenas começou.

 

(1) “Singularidade, Alienígenas e Minhocas

(2) “Entre sem bater – Bill Clinton – Destruição da Verdade

 

Imagem: Entre sem Bater – Charles Spurgeon – A Ansiedade 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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