Entre Sem Bater _ Spike Lee - Estados Unidos

Entre sem bater – Spike Lee – Estados Unidos

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. É impressionante como muitos idolatram os “Estados Unidos“, desse modo, uma frase do estadunidense Spike Lee é como um direto no queixo.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Spike Lee

Spike Lee é um dos poucos personagens do mundo cultural que coloca o que pensa em suas produções. Não é por acaso que faz questão de apresentar um Malcolm X com tamanha coragem e realidade. Entretanto, o preconceito faz com que muito do que ele diz tenha interpretações impróprias ou com desvios.

Shelton Jackson ” Spike ” Lee (nascido em 20 de março de 1957) é um diretor de cinema, produtor, roteirista, ator e autor americano. Seu trabalho explorou continuamente as relações raciais, questões dentro da comunidade negra, o papel da mídia na vida contemporânea, o crime urbano e a pobreza e outras questões políticas. Lee ganhou inúmeros elogios por seu trabalho, incluindo um Oscar, dois Primetime Emmy Awards, um BAFTA Award e dois Peabody Awards. Ele também foi homenageado com um Prêmio Honorário BAFTA em 2002, um César Honorário em 2003 e o Prêmio Honorário da Academia em 2015.

Fonte: Wikipedia (inglês)

Estados Unidos

Em primeiro lugar, alguns esclarecimentos se fazem necessários, para que susceptibilidades não se passem por provocações baratas(*). Muitas das frases que motivam estes textos da série “Entre Sem Bater” originam-se de livros de humor. Temos, por exemplo, como fonte de pesquisa dois livros interessantes (não ganho comissão de nenhuma editora):

  • O Melhor do Mau Humor ( Ruy Castro)
  • O Brasil em mil frases (Mauricio Stycer)

Assim sendo, aqueles ou aquelas que resolvem vestir a carapuça, lembrem-se que as frases, na maioria dos casos, têm confirmação de autoria. Por outro lado, a opinião ou o conteúdo é da responsabilidade de quem assina o texto. Entretanto, não há nenhum tipo de recado para esta ou aquela pessoa. Afinal, os recados que enviamos através destes textos terão como destinatários somente gente importante.

Desse modo, a frase-chave de hoje poderia ser democracia, mas optamos pela idolatria aos Estados Unidos e tudo que aquele povo faz.

Hollywood

Spike Lee não podia ser mais explícito, irônico e realista, especialmente em se tratando de avisar incautos e tolos do planeta. O tal American Way Life, na realidade, não serve nem para eles, quanto mais para cucarachas que se rendem a eles. É impressionante como existem pessoas que se sujeitam a dar a vida para serem gente de quinta categoria nos Estados Unidos.

E, como se não bastasse, ainda posam de exemplos de sucesso quando aparecem com seus “Green Card” no Brasil. Eu diria que o “Complexo de Vira Lata”.

Spike Lee corrobora, ipsis litteris, o que descreveu Nélson Rodrigues sobre o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico:

“… Por ´complexo de vira-lata` entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima …”

Em suma, a junção do pensamento de Nélson Rodrigues com o pensamento de Spike Lee, dão as pistas de como muitos brasileiros são estultos.

Reflexões

Vivemos, certamente, em tempos de plena conectividade digital, onde as redes sociais desempenham um papel central na formação de opiniões. Como se não bastasse, influenciam na construção da identidade social de muitas pessoas. Qualquer modernidade, apresenta-se a um toque dos dedos, pouco importando para os influenciadores a condição destes dedos. Como na discussão que Malcolm X provocou sobre os jornais(1) e que, atualmente, fazem-se representar pelas redes sociais.

Obscurantismo

Inegavelmente, estamos em tempos de muita informação, pouco conhecimento, nenhuma sabedoria, um obscurantismo, como na Idade das Trevas. Surpreendentemente, a turma da terra plana, os antivacina, defensores de práticas fascistas e nazistas, apareceram. Eram apenas covardes, que estavam em suas zonas de conforto, e agora querem a volta da Inquisição.

Presenciamos, por exemplo, um brasileiro de extrema-direita conseguir eleição nos EUA para uma posição do legislativo. Ele, com efeito, representou muitos brasileiros que votaram nele, mas não demorou meia hora para a máscara cair. um picareta vira-lata.

Essas facilidades de interconexão possuem, inquestionavelmente, um lado extremamente obscuro. Desta forma, a necessidade das pessoas em pertencerem a comunidades aparentemente de sucesso criam a subordinação. Por isso, muitas vezes, a capacidade cognitiva e reflexiva que todo ser humano deveria exercer, sofre restrições.

Enfim, as frases de Spike Lee e Nelson Rodrigues mostram graves falhas e limitações da nossa sociedade contemporânea digital.

Democracia, Justiça e Liberdade

Spike Lee, em sua afirmação contundente, sugere que a democracia, justiça e liberdade nos Estados Unidos são uma ficção. Inegavelmente, as produções de Hollywood estão distantes da realidade que os cidadãos nos Estados Unidos vivenciam. Esta visão incisiva de Lee lança luz sobre a capacidade do cinema, especialmente do estadunidense, de moldar a percepção pública. Como se não bastasse, expõem a capacidade dos meios de comunicação em distorcer a verdade em prol de narrativas convenientes.

Da mesma forma, a frase de Nelson Rodrigues ressalta a tendência do brasileiro em se colocar em uma posição de inferioridade. Seja em relação ao restante do mundo ou, notadamente, em relação aos Estados Unidos e aos nativos brancos daquele país. O “complexo de vira-lata” denota uma autoimagem negativa e uma mentalidade de submissão cultural e ideológica. Assim sendo, este comportamento se reproduz em diversos aspectos da sociedade brasileira, inclusive nas interações online.

Ambas as frases têm em comum o poder de provocar uma reflexão crítica sobre as estruturas sociais e culturais que influenciam nossa sociedade. No entanto, em tempos de domínio das redes sociais, essa capacidade de reflexão perde-se nos grupos onde a opinião de segunda mão prevalece.

Redes Sociais

É inegável que as atuais redes sociais oferecem o palco onde as pessoas buscam a validação social entre seus semelhantes. A busca incessante por aceitação e convergência ideológica é cruel e avassaladora. A necessidade de pertencimento leva as pessoas a adotarem opiniões e comportamentos predominantes em suas bolhas ideológicas online. Nesse contexto, frases como as de Lee e Rodrigues são alvo de indiferença e ataque, com distorções podendo perder seu impacto original.

Além disso, a superabundância de informações nas redes sociais cria uma sobrecarga cognitiva para a capacidade mediana reinante. As pessoas têm pressa, não querem aprender novas palavras, e se julgam “donas das verdades“. Por isso, torna-se impossível para muitos destes perfis discernir entre fatos e ficção, entre opiniões com fundamento e discursos vazios. A busca por atenção e engajamento leva à disseminação de conteúdo superficial, mentiroso e sensacionalista. Ele é o alimento, sem dúvida, de uma cultura de consumo passivo de informação, em vez de incentivar a reflexão crítica.

Adicionalmente, o fenômeno da polarização também contribui para a diminuição da capacidade cognitiva e reflexiva. Nas redes sociais, as pessoas tendem a se agrupar em bolhas sociais. Desse modo, apenas as perspectivas que confirmam seus dogmas e crenças preexistentes prevalecem. Isso cria um ambiente propício para a desinformação, a divergência e a crítica são uma ameaça à identidade coletiva. No Brasil, este rebanho tem a adjetivação pejorativa de “gado” ou “minions“, nos Estados Unidos devem possuir outra desqualificação.

Alfabetização e Educação

Um dos grandes pontos de polarização é a educação. O brasileiro mediano tem dificuldades na alfabetização tradicional e mal sabe o que é inclusão e alfabetização digital. Chegamos ao fundo do poço com a indicação de Nikolas Ferreira(2) para presidir a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Ao invés de incitar o pensamento crítico e a introspecção, vemos defesas de narrativas simplistas e superficiais. Professores estão sofrendo denúncias de pais que não aceitam que Darwin faça parte do currículo escolar.

Para combater essa tendência de idiotia coletiva, é necessário promover a alfabetização digital e a educação midiática. Ao capacitar as pessoas a navegar de forma crítica e responsável no vasto oceano de informações, poderemos evoluir. Além disso, é fundamental incentivar o pensamento crítico desde a infância, cultivando habilidades de análise e avaliação independentes.

Com toda a certeza, as redes sociais desempenham um papel central na formação da opinião pública na atualidade. Frases como as de Spike Lee e Nelson Rodrigues reforçam a importância de questionar as narrativas dominantes e de pensar por nós mesmos. Para termos uma sociedade mais justa, livre e democrática, precisamos idolatrar menos os Estados Unidos e Hollywood.

Em suma, não sejam um vira-lata, com todo respeito aos vira-latas caramelos que possuem muita capacidade cognitiva e lealdade.

Amanhã tem mais” …

P. S.

(*) Sendo bem direto, brasileiros que idolatram os Estados Unidos são verdadeiros idiotas que não sabem por que vieram ao mundo. E ainda tomam coragem para atacar Paulo Freire e outros educadores. #ProntoFALEI !!!

(1) “Entre Sem Bater – Malcolm X _ Os Jornais

(2) “Nikolas Ferreira e seus 29.388 eleitores

Imagem: Entre Sem Bater – Spike Lee – Estados Unidos 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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