Entre Sem Bater - Joseph McCarthy - Macarthismo

Entre sem bater – Joseph McCarthy – Macarthismo

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Quando alguém, como Joseph McCarthy, utiliza a expressão “Macarthismo” para valorizar suas teorias, fuja.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Joseph McCarthy

McCarthy foi um político estadunidense fugaz, e sobretudo, um enganador emérito que soube conquistar mentes e corações naquele país. É provável que os adepto do macarthismo tupiniquim não saibam nem quem foi o McCarthy, mas reproduzem as piores ações dele. Como se não bastasse, as redes sociais transformaram-se no paraíso dos macarthistas e mentirosos contumazes.

Joseph Raymond McCarthy (14 de novembro de 1908 – 2 de maio de 1957) foi um político americano que serviu como senador republicano dos EUA pelo estado de Wisconsin de 1947 até sua morte em 1957. A partir de 1950, McCarthy tornou-se o rosto público mais visível de um período nos Estados Unidos em que as tensões da Guerra Fria alimentaram receios de uma subversão comunista generalizada. Ele alegou que numerosos comunistas e espiões e simpatizantes soviéticos se infiltraram no governo federal dos Estados Unidos, nas universidades, na indústria cinematográfica e em outros lugares. No final das contas, ele foi censurado por se recusar a cooperar e por abusar dos membros do comitê criado para investigar se deveria ou não ser censurado. O termo “macarthismo”, criado em 1950 em referência às práticas de McCarthy, foi logo aplicado a atividades anticomunistas semelhantes. Atualmente, o termo é usado de forma mais ampla para significar acusações demagógicas, imprudentes e infundadas, bem como ataques públicos ao caráter ou ao patriotismo de oponentes políticos.

Fonte; Wikipedia (inglês)

Macarthismo

A Guerra Fria, que alimentou a indústria bélica dos EUA e levou os maiores países do planeta a se armarem, voltou com força total. Primordialmente, os confrontos entre Rússia x Ucrânia e Israel x Palestina acirraram as perspectivas de confrontos ainda maiores. A Guerra Fria, sempre esteve quente e não será surpresa se a situação piorar de maneira aterrorizante.

A grande possibilidade de informação, através de documentários do período entre 1945 e 1970, sensibiliza poucas pessoas. A maioria dos habitués de redes sociais já adotou algumas opiniões de segunda mão.

O que McCarthy fez em menos de uma década reproduz-se, de maneira criminosa, em países como o Brasil 70 anos depois. Com toda a certeza, as pessoas estão utilizando a teoria do princípio ativo(1) da mobilização, sem se preocupar com saberem o que estão fazendo.

O macarthismo fez com que a população mundial seguisse o que a mídia publicava, como, atualmente, com as fake news. Nesse contexto, é assustador como, mais de 70 anos depois, muitas pessoas são, essencialmente, macarthistas convictos.

Macarthismo Tupiniquim

A ascensão da extrema-direita no Brasil após as eleições de 2014 trouxe o discurso e as práticas demagógicas dos déspotas. Assim sendo, a partir de ataques pessoais aos opositores e a disseminação de visões distorcidas da realidade avançam eleitoralmente. Teorias sem fundamento sobre o comunismo, a Rússia e até mesmo em relação a religiões e ciência predominam nas redes sociais.

Esse fenômeno, que se beneficia das modernidades tecnológicas para se propagar, num verdadeiro  “macarthismo tupiniquim”. Esta alusão ao período que nos Estados Unidos(2) a caça aos comunistas era uma prática criminosa e comum. Surpreendentemente, esse discurso ganhou corpo no Brasil contemporâneo e reproduz, analisando suas características e impactos.

O Discurso Demagógico e os Ataques Pessoais

A retórica da extrema-direita no Brasil se baseia em discursos demagógicos, manipulação de emoções, dogmas e crenças. Desse modo, objetivando interesses político-eleitorais específicos utilizam as mais diversas falácias. Essa estratégia vem junto a ataques pessoais aos opositores e ameaças do caos. Desta forma, desqualificam as ideias dos opositores sem apresentar nenhuma alternativa ou abrir o debate. Raramente, ou nunca, se focam em debates substantivos ou a partir de fatos e da realidade.

A polarização política(*) intensificada por essas táticas contribui para um ambiente de hostilidade e desinformação(3). Podemos, por exemplo, exemplificar como se comportaram as pessoas durante a pandemia em relação às vacinas. O Brasil, país-referência em cobertura vacinal no planeta, tornou-se quase um pária na saúde pública.

Por isso, um dos pilares do discurso da extrema-direita no Brasil é a disseminação de visões peculiares de uma terra plana. É impressionante como até pessoas com diploma superior e alguma qualificação profissional renderam-se à estultice. Se bem que educação formal não é sinônimo de conhecimento e sabedoria.

Guerra Fria 2

Com toda a certeza, as deturpações sem fundamentação sobre o comunismo e a Rússia determinam sandices contra o “Foro de São Paulo“. Ouvi alguns argumentos(?), de gente até com alguma cultura sobre a humanidade, que são assustadoras. Como se não bastasse, falácias e paralogismos ganham velocidade com o tal “compartilhamento com frequência“.

Desde que as editorias de política eleitoral (muito diferente de política) e religião se misturam, o país mudou para muito pior. O comunismo aparece, como anteriormente, na figura de uma ameaça iminente que ameaça os cristãos.

Na questão da guerra entre Ucrânia e Rússia, com envolvimento da OTAN, a situação não poderia ser pior. Em outras  palavras, retomamos a situação pós Segunda Guerra, com mais contrainformação e mentiras. A associação ideológica a regimes totalitários do passado, sem considerar os contextos históricos, é criminosa.

Da mesma forma, a Rússia é um espantalho para incitar o medo da influência estrangeira. Desta forma, vemos milhões de postagens sem nenhuma análise crítica das relações internacionais.

A propagação dessas narrativas com uma disseminação rápida e massiva de informações, torna qualquer debate estéril. As redes sociais e plataformas digitais servem somente como ferramentas para amplificar discursos extremistas e fora de contexto. Por isso, criam-se bolhas informativas que reforçam dogmas e crenças num desserviço crescente e sem controle.

Descontrole Tupiniquim

O “macarthismo tupiniquim”, presente no discurso da extrema-direita no Brasil, gera efeitos devastadores. A polarização política eleitoral mina a democracia sem o mínimo constrangimento. Assim sendo, qualquer debate público ou a construção de consensos perde-se na mídia. Como resultado, a disseminação de meias-verdades e informações falsas cria um ambiente de desconfiança e divisão entre os cidadãos.

Enfim, alguns fatores determinam que, absolutamente, é impossível controlar o avanço do macarthismo tupiniquim.

Esta forma de macarthismo que se enraizou na política brasileira contemporânea não tem limites e controle. A utilização dessas estratégias pela extrema-direita reflete não apenas uma tentativa de conquistar apoio popular. Apresenta, sobretudo, um desvio perigoso dos princípios democráticos e do respeito à diversidade de opiniões.

É fundamental que a sociedade esteja atenta a esses padrões discursivos manipulativos. Se a maioria tiver interesse na promoção de debates que alinhem-se com a verdade, ética e respeito, devemos mudar. Assim sendo, cada um deve combater as estratégias que provocam o diversionismo e a polarização infrutífera.

Estratégias Macarthistas

O discurso demagógico apresenta diversas características distintivas que o tornam uma estratégia persuasiva. Consequentemente, políticos oportunistas utilizam-na para benefício próprio. À partir da análise de narrativas atuais, as principais características do discurso demagógico e macarthista são:

  1. Uso de Falácias: Estas narrativas utilizam, frequentemente, as falácias, que são argumentos que contrariam as relações lógicas entre os elementos. Essas falácias distorcem o sentido real dos fatos e manipulam a percepção do público de forma tendenciosa.
  2. Omissões Seletivas: Uma estratégia comum é apresentar informações incompletas e verdadeiras, omitindo aspectos relevantes. Esta situação influencia na interpretação dos fatos apresentando somente uma perspectiva. Essas omissões criam distorções da realidade e não apresentam o contraditório.
  3. Redefinição de Linguagem: Os demagogos utilizam eufemismos e metáforas para atenuar situações difíceis ou controversas. Desse modo, especialmente com uso da religião e Bíblia, buscam suavizar a responsabilidade sobre eventos ou ações.
  4. Táticas de Distração: Para desviar a atenção de questões críticas, o discurso demagógico emprega táticas de distração e diversionismo. Focam, por exemplo, em temas secundários, nas pessoas ou criam polêmicas que desviam o foco do tema de debate.
  5. Retórica e Propaganda: Discursos e ações de déspotas se valem, precipuamente, da retórica e da propaganda para construir narrativas persuasivas e emocionais. Na maioria dos casos, apelam às emoções, medos e esperanças do público incauto de dos seguidores cegamente fiéis.

Essas características do discurso demagógico revelam uma abordagem manipulativa e enganosa. Buscam, sem dúvida, conquistar apoio, mobilizar e influenciar a opinião pública através de fundamentos questionáveis.

Perigo à Vista

A proliferação de discursos de ódio, a demonização do adversário e a manipulação da informação são um perigo. Em outras palavras, considerar isso normal fragiliza as instituições democráticas e promove a divisão social.

Combate ao Extremismo

Em suma, é urgente o combate ao extremismo de direita no Brasil, assim como as influências estrangeiras. Alguns comportamentos são essenciais para proteger a democracia e construir uma sociedade mais justa e tolerante.

Atitudes Comportamentais

  • Educação Crítica: Implementar programas de educação crítica nas escolas para que os jovens desenvolvam senso crítico. Adquirir a capacidade de discernir entre informação, desinformação, contrainformação e manipulação é vital.
  • Combate à Desinformação: Fortalecer iniciativas do tipo fact-checking e combater a desinformação nas redes sociais é tarefa diária. Desse modo, podemos conscientizar os usuários sobre os perigos da informação falsa e das meias-verdades.
  • Cultura do Diálogo: Inquestionavelmente, devemos incentivar o diálogo e a tolerância entre diferentes grupos sociais. Desse modo, avançaremos na promoção do respeito à diversidade de ideias e opiniões.
  • Fortalecimento da Democracia: Defender as instituições democráticas e os princípios republicanos a partir de concepções ideológicas e não da mídia. Devemos combater qualquer forma de autoritarismo e extremismo, desde as nossas casas até os ambientes coletivos.

O  Brasil está trilhando caminhos que reforçam o macarthismo que até os estadunidenses reprovaram. Para mudança destes caminhos, dependemos do compromisso de cada um com a verdade, a justiça e a democracia. Ou barramos o avanço do macarthismo tupiniquim para construir um país mais plural ou estaremos no fundo do poço.

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) A polarização política-eleitoral e a mistura de linhas ideológicas religiosas só fizeram crescer, no Brasil, a intolerância e o preconceito. Curiosamente, o principal assessor de McCarthy foi quem iniciou Trump nas atividades políticas.

Referência textual básica: – Série “Ponto de Virada: A Bomba e a Guerra Fria” – Netflix

(1)Entre Sem Bater – Felipe Nunes – Princípio Ativo

(2) “Entre Sem Bater – Spike Lee – Estados Unidos

(3) “Entre Sem Bater – J. K. Rowling – A Desinformação

Imagem: Entre sem Bater – Joseph McCarthy – O Macarthismo 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
  • Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter, Threads, Koo etc.
  • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que se tornam erros graves (inclusive históricos).
  • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas, mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Deixe um comentário