Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” (← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. A “Escravidão Política” a que se refere Gramsci tem tudo a ver com a preguiça mental que assola nações inteiras.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Antonio Gramsci
Gramsci era um daqueles filósofos e pensadores que são muito adiante de seu tempo. É provável que quando utilizamos este tipo de definição estejamos subvertendo a importância histórica desse pensador. Contudo, podemos afirmar que ele tem todos os argumentos para falar de sintomas mórbidos(1) e da escravidão política que vivemos.
Antonio Francesco Gramsci ( 22 de janeiro de 1891 – 27 de abril de 1937 ) foi um filósofo , jornalista , linguista , escritor e político marxista italiano . Ele escreveu sobre filosofia, teoria política , sociologia , história e linguística . Ele foi membro fundador e ex-líder do Partido Comunista Italiano. Um crítico voraz de Benito Mussolini e do fascismo, foi preso em 1926, onde permaneceu até sua morte em 1937. Durante sua prisão, Gramsci escreveu mais de 30 cadernos e 3.000 páginas de história e análise. Seus Cadernos da Prisão são considerados uma contribuição altamente original para a teoria política do século XX.
Fonte: Wikipedia
Escravidão Política
Gramsci não foi um escravo no sentido que a história narra nas relações humanas. É provável que ele experimentou e sofreu as consequências pela frase que proferiu. Talvez, por ter a mente livre, conseguiu se manter longe da escravidão política e ser um preso de regimes tirânicos.
O marxista italiano nos convida, com suas frases, a uma reflexão profunda sobre a relação entre emancipação mental e a escravidão política. Analogamente, no Brasil, a dependência social e política se perpetua há décadas, o que torna o problema mais relevante.
O poder da educação
O contexto que Gramsci avaliou reproduz-se no Brasil e a educação é algo que os tiranos temem e boicotam. Por isso, a escravidão política, a troca de favores ou as migalhas dos déspotas e oligarquias, prevalece.
A educação é a chave que abre as portas para a emancipação da mente e tem na preguiça mental(2) um adversário cruel. Com toda a certeza, é através dela que o indivíduo desenvolve o senso crítico, a capacidade de questionar e de interpretar a realidade. Em outras palavras, é somente através da educação que se constrói a autonomia intelectual do cidadão. Esta autonomia é fundamental para romper com as amarras da manipulação e da subserviência.
A Crise da Educação
Darcy Ribeiro escreveu que “A crise da Educação no Brasil não é uma crise; é um projeto“. Decerto, nunca houve uma frase tão certeira como esta sobre a educação, desde que aqui aportaram os colonizadores. A educação era para aqueles que pertenciam às oligarquias. E ainda existem pessoas que são contrários a uma revisão das oportunidades educacionais igualitárias.
E, como se não bastasse, o boicote em todos os níveis educacionais são constantes, numa situação geral desanimadora.
Revisionismo
No Brasil, a educação precisa de revisão e reestruturação para que cumpra seu papel emancipador. Surpreendentemente, um dos maiores estudiosos(*) praticante do assunto é alvo do ódio de muitos neófitos e estultos.
Por isso, é mais do que necessário superar o modelo tradicional, feito com base na memorização e na passividade. A alternativa deve ser um repensar a educação para construir um sistema que incentive a reflexão crítica, a criatividade e a participação social.
Assim sendo, os tópicos a seguir, sob desprezo constante, devem entrar na pauta de todos os cidadãos:
- Pensamento crítico: Educar os alunos para questionar as informações que recebem. Orientá-los para buscar diferentes perspectivas e a formular suas próprias conclusões.
- Pedagogia da Autonomia: Incentivar os alunos a serem protagonistas de cada etapa de aprendizagem. Deixar que tomem decisões e sejam responsáveis por seu próprio desenvolvimento e efeitos.
- Cultura e a História: Proporcionar aos alunos o conhecimento amplo de suas raízes e da história do país. É essencial que, desde o ensino básico, compreendam o presente em função do passado. Por isso, é necessário debater sobre racismo, preconceito, diferenças e outros temas.
- Participação Social: Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres diante de seus espaços comunitários. O engajem na vida política e social como, por exemplo, questões ambientais e outras de cunho coletivo.
Obstáculos à emancipação
Com toda a certeza, infelizmente, o individualismo e o egocentrismo são obstáculos reais à emancipação da mente. A sociedade brasileira, com suas profundas desigualdades sociais, privilegia o “sucesso individual” ao coletivo. Essa postura impede o desenvolvimento de uma consciência social crítica e dificulta a luta por mudanças estruturais.
Desse modo, precisamos reconhecer, e superar, o individualismo que cada um carrega desde a educação de berço. Sem dúvida, isso implica em muito desprendimento e em:
- Valorizar a cooperação e o trabalho em equipe: Reconhecer que o sucesso individual é efeito do esforço coletivo.
- Desenvolver a empatia e a compaixão: Colocar-se no lugar do outro e compreender suas necessidades e dificuldades.
- Lutar por justiça social: Combater as desigualdades que impedem o desenvolvimento pleno de todos os indivíduos.
Emancipação
A educação para a emancipação é o início do fim da escravidão política e subserviência ideológica. Somente através da educação, podemos libertar a mente das amarras da ignorância, da manipulação e da subserviência. Inexiste, com toda a certeza, qualquer sociedade livre e igualitária sem capacidade crítica.
A emancipação da mente é um processo contínuo e que exige o engajamento de todos, com eterna vigilância. Educadores, estudantes, pais, governantes e toda a sociedade civil pensar e agir nesta direção. Por outro lado, as redes sociais atuam no sentido contrário e muitas pessoas imaginam que vão triunfar no individualismo.
Enfim, as ideias e os ensinamentos de Gramsci devem servir para uma educação libertadora e o fim da escravidão política. Assim sendo, será possível romper com as cadeias da dependência social e política e construir algo verdadeiramente livre.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Paulo Freire tem reconhecimento internacional na educação, entretanto, as pseudoelites tupiniquins o odeiam.
(1) “Entre Sem Bater – Gramsci – Sintomas Mórbidos“
(2) “Entre Sem Bater – Liz Hurley – Preguiça Mental“
Imagem: Entre sem Bater – Antonio Gramsci – Escravidão Política
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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