Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” (← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Uma importante revelação faremos: Schopenhauer sempre esteve certo sobre as “Guerras Religiosas“.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Arthur Schopenhauer
Definitivamente, escrever muito sobre algum pensamento de Schopenhauer é uma tarefa dificílima. Exige reflexão e muito cuidado na transposição da ideia para os dias atuais. Anteriormente, escrevi sobre uma frase de Schopenhauer e as religiões(1) e agora o tema ganha atualidade com as guerras religiosas.
Com toda a certeza, gosto das ideias de Schopenhauer, pois a maioria das pessoas o tem como um pessimista, mas é um realista. A fama deste grande filósofo é de que ele seria impopular, mas ele é daqueles que, sem dúvida, diz verdades objetivamente.
Arthur Schopenhauer ( 22 de fevereiro de 1788 – 21 de setembro de 1860) foi um filósofo alemão. Ele é mais conhecido por seu trabalho de 1818, The World as Will and Representation (ampliado em 1844), que caracteriza o mundo fenomenal como o produto de uma vontade numenal cega. Com base no idealismo transcendental de Immanuel Kant (1724-1804), Schopenhauer desenvolveu um sistema metafísico e ético ateu que rejeitava as ideias contemporâneas do idealismo alemão. Ele foi um dos primeiros pensadores da filosofia ocidental a compartilhar e afirmar princípios significativos da filosofia indiana, como o ascetismo, a negação do eu e a noção do mundo como aparência. Seu trabalho foi descrito, sobretudo, como uma manifestação exemplar de pessimismo filosófico.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Guerras Religiosas
Paradoxalmente, temas como as guerras religiosas polarizam crentes e não-crentes. Do mesmo modo, monoteístas, politeístas, ateus e até céticos, entram na polarização e em guerras nada “santas”. Por outro lado, as pessoas nas redes sociais assumem um lado da polarização sem conhecer do tema que motiva o comportamento.
No meu caso, para refutar algumas teorias e até mesmo narrativas, vejo séries, documentários e produções sobre todos os temas. Este caso tem relação com uma série de temática religiosa(*), com registros nos três principais livros religiosos. É provável que, na Bíblia, Alcorão e Torá, a referência ao que denomino origem das guerras religiosas seja verdade.
Uma guerra(2) significa que alguém quer derrotar um adversário por vários motivos. No caso das guerras religiosas, a concepção de Schopenhauer é absoluta. Raramente, quase nunca observamos na história, politeístas ou monoteístas não-cristãos querendo impor seus deuses.
Assim sendo, a motivação das guerras religiosas, em sua quase totalidade, é a intolerância com os que pensam diferente.
Moisés, O Profeta
Vai parecer uma heresia, mas a maioria dos religiosos não aceitam algumas verdades sobre religiões, se for a que eles seguem. Moisés é, reconhecidamente, um profeta para religiões de linhagens diferentes. Entretanto, o que os livros destas religiões descrevem sobre Moisés é que era um cara linha dura. Por exemplo, a ira de Moisés quando viu seu povo idolatrando um bezerro de ouro é lapidar, quebrou “os dez mandamentos“. Curiosamente, a ira é um dos pecados, ainda considerando os livros religiosos, e Moisés pecou.
Desde que Moisés, depois de sumir por quarenta dias, voltou com os dez mandamentos e quebrou, a humanidade mudou muito. Em outras palavras, com a “tábua” em pedacinhos restou à humanidade acreditar no que um contou para o outro. E assim, a luta do povo hebreu, monoteísta, deu início ao que Schopenhauer vaticinou.
Civilização
A evolução da civilização humana ocorreu em diferentes partes do mundo, com o surgimento de diversas culturas, tradições e crenças. Assim sendo, é natural presumir que os povos de África, América e Ásia tinham diferentes divindades. Desse modo, suas práticas religiosas refletiam as suas visões de mundo únicas.
Entretanto, nos últimos séculos, o mundo testemunha o crescente aumento da intolerância e dos conflitos religiosos. Conflitos cuja origem, Schopenhauer atribui aos seguidores das religiões monoteístas.
Podemos dizer, desta forma, que as raízes da intolerância religiosa, guerras e discriminações é o papel das religiões monoteístas. Essas religiões, como primordialmente o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo, só aceitam a crença da divindade única e todo-poderosa.
E, surpreendentemente, estas religiões forjaram a visão de mundo de bilhões de pessoas, moldando suas atitudes em relação a outras religiões. A ideia de uma única divindade levou a um sentimento de exclusividade e superioridade absurdamente insanos. Por isso, constatamos, que, na maioria dos casos, traduz-se em intolerância para com outras religiões e pensamentos divergentes.
Guerras Santas
A história das religiões monoteístas revela-se em uma série de conflitos e guerras, inclusive entre os divergentes. Esses conflitos resultaram na perda de inúmeras vidas, inclusive de inocentes, e no deslocamento de milhões de pessoas.
As Cruzadas, a Inquisição e a Guerra dos Trinta Anos foram, por exemplo, conflitos de consequências devastadoras da intolerância religiosa. Estes conflitos florescem e avançam pela crença de que apenas uma religião é verdadeira e que todas as outras são falsas. Desse modo, surge um sentimento de “justiça” entre os crentes e a vontade de usar a violência para defender a sua fé.
A intolerância das religiões monoteístas não se limita aos conflitos com outras religiões. Também se estende a dissidências internas e diferenças de opinião. A história do Cristianismo teve, certamente, crimes, inúmeras heresias, cismas, como o Grande Cisma de 1054. O conflito de 1054 foi um marco da divisão da Igreja em ramos Oriental e Ocidental. Posteriormente, a Reforma Protestante levou à criação de numerosas denominações protestantes, e cá estamos, neste inferno.
Estas divisões, cismas e conflitos, estão sempre juntos da violência, da intolerância e da perseguição. Enquanto isso, cada lado procura impor os seus pontos de vista ao outro ou eliminar o outro.
Passado, Presente e Futuro
A intolerância às religiões monoteístas não é coisa do passado, existe, outrossim, desde que o monoteísmo existe. Destarte, assistimos a um ressurgimento do fundamentalismo religioso e do extremismo, particularmente no Médio Oriente e na África.
Grupos como o ISIS, o Boko Haram, Hamas e o Al-Shabaab usaram e usam da violência e do terror para impor suas crenças. Desse modo, milhões de pessoas ou deslocam-se de seus espaços ou inúmeras vidas perdem-se brutalmente.
A intolerância às religiões monoteístas não se limita às ações de grupos extremistas. Também se reflete nas atitudes e crenças das pessoas comuns, de famílias comuns, pretensamente religiosas. Em outras palavras, muitos crentes monoteístas pensam que a sua religião como o único caminho verdadeiro para a salvação. Seja lá o que signifique a salvação para todas as outras pessoas. E, como se não bastasse, acreditam que as pessoas e outras religiões são inferiores ou mesmo más.
Superioridade
Essas atitudes e comportamentos levam a um sentimento de superioridade e à falta de respeito pelas crenças e práticas alheias. A intolerância das religiões monoteístas é um produto de fatores históricos, culturais e sociais que são evitáveis. Entretanto, nos últimos tempos, além de não evitarmos, a sociedade preocupa-se com corrigir os efeitos nefastos.
Assim sendo, reconhecer a diversidade de crenças e práticas religiosas e respeitar o direito dos indivíduos seria o mais racional. Entretanto, em ambientes onde reinam as aparências e a hipocrisia, fica impossível deter as tentativas de superioridade.
Outra opção para promover a tolerância religiosa seria encorajar o diálogo entre as diferentes comunidades religiosas. Contudo, os diálogos inter-religiosos, a educação religiosa e programas de intercâmbio cultural sempre destacam a superioridade. Infelizmente, a cultura no Brasil consolidou-se com a falta de compreensão e de respeito às diferentes tradições religiosas.
Nem Jesus salva !
Enfim, se até Moisés foi cruel, porque seus seguidores proclamariam a tolerância. Surpreendentemente, a maioria se vale de passagens específicas de seus livros sagrados para esconder suas práticas. A intolerância das religiões monoteístas é uma questão complexa e que agrava-se com a explosão das redes sociais.
Desse modo, a visão do mundo de milhões de pessoas, gera um sentimento instantâneo de exclusividade e superioridade.
Enfim, as principais religiões monoteístas ( Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo) praticam a intolerância. Ao terem a crença da divindade única e todo-poderosa e fonte de todas as leis morais, desrespeitam todo o resto da humanidade. Praticam, outrossim, diversas atrocidades, em nome do seu Deus, como fez Moisés, segundo suas escrituras, numa interpretação possível.
Será que podemos afirmar que a humanidade evoluiu quando constatamos que estas guerras religiosas só aumentam?
Um diálogo
É provável que nem o diálogo salve, se um lado não quer e só trabalha com o objetivo de destruir o inimigo.
“Somente as religiões monoteístas fornecem o espetáculo das guerras religiosas, das perseguições religiosas, dos tribunais heréticos, da quebra de ídolos e da destruição de imagens dos deuses, da demolição dos templos indianos e dos colossos egípcios, que olharam para o sol durante 3.000 anos: só porque um homem ciumento Deus havia dito: ‘Não farás nenhuma imagem esculpida‘.”
in “Religião: Um Diálogo” (Schopenhauer)
Aparentemente, a maioria dos leitores que já possuem uma opinião preconcebida(3) sobre o tema, não terá disposição para o debate. É provável que Schopenhauer, além do pensamento sobre as guerras religiosas, mostrou muitas verdades que não aceitamos.
Nem Jesus salva, e “Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) A minissérie (Netflix) é sobre Moisés e os Hebreus, bem a propósito das guerras religiosas entre muçulmanos e judeus.
(1) “Entre Sem Bater – Schopenhauer – As Religiões“
(2) “Entre Sem Bater – Sun Tzu – Guerra“
(3) “Entre Sem Bater – Schopenhauer – Opinião Preconcebida“
Imagem: Entre sem Bater – Arthur Schopenhauer – As Guerras Religiosas
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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