Entre Sem Bater - Lawrence Lessig - Eleições e Democracia

Entre Sem Bater – Lawrence Lessig – Eleições e Democracia

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Existem alguns temas em que algumas pessoas são especialistas, na teoria e na prática, assim é Lawrence Lessig e o direito em “Eleições“.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Lawrence Lessig

Sou admirador do trabalho de Lawrence Lessig. Seria mais fácil dizer que sigo, inclusive neste blog e textos, orientações que Lessig ajudou a firmar. Alguém que trabalha com a proposta de “Creative Commons” deve ser, com toda a certeza, alguém que entende de política e outros direitos.

Lawrence Lessig (nascido em 3 de junho de 1961 ) é um acadêmico e ativista político americano. Ele é mais famoso como um proponente de restrições legais reduzidas sobre direitos autorais, marcas registradas e espectro de radiofrequência, particularmente em aplicações tecnológicas. Ele é diretor do Edmond J. Safra Foundation Center for Ethics na Universidade de Harvard e professor de direito na Harvard Law School. Antes de retornar a Harvard, ele foi professor de direito na Stanford Law School e fundador do Center for Internet and Society. Lessig é um membro fundador do conselho da Creative Commons e, dentre outros, membro do conselho do Software Freedom Law Center, do conselho consultivo da Sunlight Foundation e um ex-membro do conselho da Electronic Frontier Foundation. Lessig foi candidato à nomeação do Partido Democrata para presidente dos Estados Unidos nas eleições presidenciais de 2016, mas desistiu antes das primárias.

Fonte: Wikipedia (inglês)

Antologia

As eleições, em qualquer nível ou esfera, provocam muitos comportamentos curiosos e até mesmo anacrônicos. Basta ver as diferentes frases sobre voto, eleições, política eleitoral e temas correlatos que pululam em nossas timelines. Por isso, esta crônica inicia-se de uma maneira diferente, traremos algumas frases e pensamentos sobre eleições. Certamente, a escolha dos pensamentos tem um viés irônico pois os pensamentos sérios não se confirmam na atualidade. Notadamente, quando alguém que se beneficia do voto, é impossível levar a sério o que este alguém diz.

É provável que algumas frases não sejam da autoria de quem referenciamos, pode ser um aforismo ou paráfrase. É muito comum, atualmente, que pensamentos sofram algumas distorções e depois que se tornam virais, não tem nem como argumentar.

Frases Antológicas

Barão de Itararé(*)

O voto deve ser rigorosamente secreto(1). Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato

Bussunda

Esse ano tem eleições. Certamente, todos os candidatos farão todas as piadas para a gente.”

Carlos Drummond de Andrade

Uma eleição serve para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.”

Eduardo Galeano

A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual te devorarão.”

Fausto Silva (Faustão)

Tomara que vocês votem tão bem nas próximas eleições, como sabem votar no BBB!”

Henry Louis Mencken

A democracia é a arte e ciência de administrar o circo a partir da jaula dos macacos.”

Herbert Marcuse

Eleições livres de dominadores não abolem os dominadores nem os escravos.”

James Carville

Tudo bem o candidato ter uma opinião sobre tudo. Mas não é tudo bem expressá-la em todas as ocasiões.”

Leonid Brejnev

O problema com eleições livres, é que nunca se sabe quem vai ganhar.”

Moreira Franco

A quem olha para o futuro em busca de milagres, é bom se prevenir. Com as regras que temos sobre partidos e eleições, o próximo governo, qualquer que seja, terá de fazer o chamado governo de cooptação. Ou é provável que não vá governar!

Noam Chomsky

As eleições têm execução das mesmas indústrias que vendem pasta de dentes na televisão.”

Orson Scott Card

Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida teria sempre uma eleição tranquila. Não importa quantos porcos ele abateu no recinto ao lado.”

Otto von Bismarck

Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”

13 frases

Com toda a certeza, as 13 frases com reprodução acima podem não ter a exatidão que muitos desejam. Adicionalmente, tiveram seu contexto específico que, não obrigatoriamente, se alinham com as eleições 2024(2) que se avizinha. Entretanto, servem como uma luva para que cada eleitor brasileiro pense muito antes de votar em qualquer coisa.

Infelizmente, vivemos, atualmente, num mundo onde as mídias digitais tornaram tudo mais avassalador em termos de enganação e mentiras. Muitas outras frases, com toda a certeza, contribuíram para melhorar este texto, algumas com muita propriedade, outras nem tanto. Contudo, estes exemplos podem mostrar que o pior ainda está por vir.

Perdemos !

Eleições e Democracia

A reflexão proposta por Lessig sobre a democracia(3) transcende a mera realização de eleições é particularmente pertinente no Brasil contemporâneo. Desde 2012, o Brasil vê uma crescente irracionalidade nas escolhas eleitorais em todas as esferas. Como se não bastasse, essa irracionalidade amplifica-se pelo uso das redes sociais, sem nenhum controle. Os candidatos à formação de novas legislaturas são, cada vez mais, questionáveis e sem preparação mínima.

As redes sociais emergiram como uma das principais fontes de informação para os eleitores brasileiros. Uma pesquisa do DataSenado revelou que 45% da população decidiu seu voto com base em informações que obteve nas redes sociais. O WhatsApp é, surpreendentemente, a plataforma que os eleitores mais utilizam e que possui menos confirmação e autenticidade de dados.

Essa dependência das redes sociais para a formação de opiniões políticas não apenas altera a dinâmica eleitoral. Além de permitir perfis falsos e automáticos, ela também levanta preocupações sobre a qualidade da informação circulante. A observação das notícias falsas é um exemplo claro desse problema. As notícias falsas, sem dúvida, têm maior visibilidade do que as verdadeiras, prejudicando a confiança dos eleitores nas informações disponíveis.

Além disso, as redes sociais criam bolhas informativas que limitam o contato entre diferentes grupos políticos. Isso resulta em uma polarização extrema, onde os concorrentes tendem a se cercar de opiniões semelhantes. Por outro lado, eleva-se a tendência de se rejeitar qualquer informação que contradiga as opiniões divergentes. Essa dinâmica apresentou-se nas eleições de 2014 e se intensificou nas subsequentes. Desse modo criou-se um ambiente político onde o debate racional, frequentemente, dá lugar a ataques pessoais e radicalizações.

A irracionalidade nas eleições

A irracionalidade nas escolhas eleitorais deve-se, inquestionavelmente, à superficialidade das campanhas nas redes sociais e mídias digitais. Candidatos muitas vezes recorrem a estratégias criativas e sensacionalistas para captar a atenção dos eleitores. Atualmente, qualquer substância política dá lugar a dancinhas, memes e piadas. Especialistas em marketing político afirmam que não há um padrão claro e honesto para as campanhas nas redes sociais. Desse modo, muitos candidatos adotam táticas que beiram o ridículo e constituem-se até em crime eleitoral.

Essa busca incessante por cliques e visualizações raramente resulta em uma conexão entre as propostas políticas e as expectativas reais dos eleitores. O resultado desse cenário é uma crescente insatisfação com aqueles que se elegeram. E, como se não bastasse, os mais ignorantes, que defendem candidatos sem propostas, não arredam pé de suas convicções insanas.

As legislaturas tornam-se, cada vez mais, a cara de figuras controversas, cuja capacidade de governar é frequentemente nociva para a sociedade. A qualidade do debate político diminui à medida que os candidatos priorizam entretenimento e apelo emocional sobre competência e propostas reais.

Banquete de Consequências

A situação atual no Brasil exemplifica como um fracasso nas eleições pode refletir, ou não, na vontade popular de maneira saudável. A democracia não se resume à escolha de representantes; ela exige eleitores com engajamento em discussões racionais sobre política. No entanto, o uso predominante das redes sociais como fonte primária de informação só leva à desinformação e idiotices.

Assim sendo, esse ambiente é uma grande ameaça à própria essência da democracia. Quando os participantes aceitam narrativas simplistas e emocionais, as decisões políticas tornam-se menos sobre o bem comum. Inquestionavelmente, interesses pessoais ou ideológicos contaminam todo o processo eleitoral brasileiro. Desta forma, temos uma erosão da confiança nas instituições democráticas e um círculo vicioso de desilusão política.

Em suma, o pensamento de Lawrence Lessig é real, forte e paralisante no contexto brasileiro atual. As eleições não são apenas como um mecanismo para escolher representantes; elas exigem responsabilidade e engajamento cívico. O desafio para o Brasil reside em reverter essa tendência de irracionalidade das redes sociais e restaurar um espaço público de debate. Só assim será possível construir uma democracia verdadeiramente representativa e funcional, onde o poder seja eficaz nas mãos do povo.

Utopia pura num mundo distópico de eleições sob o comando das redes sociais. Vocês não estão no Big Brother Brasil !

 

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) O Barão de Itararé é o patrono e a inspiração para a série “Entre Sem Bater“. A ideia central é de que, a partir de frases, irônicas ou não, as pessoas se coloquem a pensar e a ter algum debate inteligente. Em suma, parece que propor debate e usar a inteligência ficou fora de moda, nas eleições ou fora delas.

(1)Entre Sem Bater – Barão de Itararé – O Voto Secreto

(2) “Entre Sem Bater – Janio Quadros – Eleições 2024: De Cacareco a Tiririca

(3) “Entre Sem Bater – Aristóteles – A Democracia

 

Imagem: Entre sem Bater – Lawrence Lessig – Eleições e Democracia

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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