Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” (← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Eu “Sou a Morte” é uma expressão que muitos poderiam utilizar. Entretanto, divindades como Bhagavad Gita tinham a certeza de como e quando usar.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Bhagavad Gita
Eventualmente, algumas frases e pensamentos não são de uma pessoa ou uma obra identificável. Desse modo, uma frase numa escritura hindu deveria ser referência para toda a humanidade, independentemente das escolhas de cada uma. Surpreendentemente, as pessoas fazem suas escolhas políticas, religiosas, esportivas e não querem arrendar o pé delas. Entretanto, alguns pensamentos como “eu sou a morte“, deveriam merecer respeito, como fez Oppenheimer.
O Bhagavad Gita muitas vezes referido como o Gita ( IAST : gītā ), é uma escritura hindu de 700 versos, que faz parte do épico Mahabharata. A obra é datada da segunda metade do primeiro milênio a.C. O Bhagavad Gita se passa em uma estrutura narrativa de diálogo entre o príncipe Pandava Arjuna e seu cocheiro guia Krishna, um avatar de Vishnu. O diálogo Krishna-Arjuna cobre uma ampla gama de tópicos espirituais, abordando dilemas morais e éticos e questões filosóficas que vão muito além da guerra que Arjuna enfrenta. O cenário do texto em um campo de batalha foi interpretado como uma alegoria para as lutas da vida humana. O Gita no título do Bhagavad Gita significa “canção do deus”. Na Índia, seu nome sânscrito é frequentemente escrito como Shrimad Bhagavad Gita, A obra também é conhecida como Iswara Gita, Ananta Gita, Hari Gita, Vyasa Gita ou Gita.
Fonte: Wikipedia (inglês)
Eu sou a Morte
A série “Entre Sem Bater” constitui-se, inquestionavelmente, uma fonte de conhecimento inestimável. Posso, por exemplo, ler questionamentos de algum leitor que duvida da originalidade de alguns textos. Atualmente, muitos dos textos que publico sofrem verificação de plágio e produção via inteligência artificial. Os resultados podem estar sob julgamento e verificação de qualquer um. Certamente, verifico muitos dos textos e faço meu próprio julgamento. Contudo, aqui, o objetivo nunca foi julgar pessoas e sim as ideias e as coisas que cercam nosso mundo moderno.
Desse modo, após verificações e ajuda de correções com IA e corretores ortográficos, seguimos em frente…
Recentemente, publicamos texto com frase de Oppenheimer, que serviu de enredo para o filme ganhador de estatuetas do Oscar. Surpreendentemente, já estudávamos o tema “Oppenheimer” sob outras circunstâncias(*). Sua frase sobre os segredos da natureza(1) .
Bhagavad Gita (Raul Seixas manda lembranças!) deveria obter mais respeito e reconhecimento das pessoas, assim como fez Oppenheimer. Assim que obteve êxito com as explosões experimentais, o cientista “pai da bomba atômica“, citou Bhagavad Gita.
E foi justamente no trecho “eu sou a morte“, que está escrito no Mahabharata.
Tempos Modernos
Atualmente, muitos líderes mundiais querem o título de soberanos, e como faraós, querem ter a imagem de que “eu sou a morte“. Todos, do caquético Biden ao pulha do Benjamin Netanyahu, passando por Putin, são apenas as bestas do apocalipse.
Desta forma, fica fácil escrever sobre qualquer assunto da atualidade, mas fica impossível conseguir a reflexão dos leitores. A maioria das pessoas tem opinião, de segunda mão, na ponta dos dedos. Raramente, buscam novas referências e perspectivas diferentes, preferem dormir com posts que coadunam com a sua opinião. Desse modo, sentem-se confortáveis em compartilhar até insanidades,
Assim sendo, a cada textão do “Entre Sem Bater” vamos avançando na cruzada de combate à ignorância e estultice.
Em suma, frases e pensamentos da antiguidade têm muita validade no mundo moderno. Quando Bhagavad Gita referencia a ideia do “eu sou a morte”, é preciso entender de metáforas, e Oppenheimer entendeu.
Morte
É provável que a maioria das pessoas não pensem na morte(2) como deveriam pensar. Por outro lado, as redes sociais e pastores neopentecostais ganham mentes e corações vendendo o “paraíso” na eternidade.
O pai da bomba atômica – Oppenheimer, enquanto testemunhava o sucesso da arma que criou disse: “… eu sou a morte“. Ao repetir as palavras do texto sagrado hindu, repercutiu sobre as implicações profundas de suas descobertas.
Se, anteriormente, a ideia era abominável, atualmente ganha relevância ainda maior nos tempos modernos. Líderes de nações que normalizaram a morte, como na pandemia ou em ataques a humanos de ajuda humanitária, são a morte.
Certamente, a morte se tornou um tema recorrente na consciência coletiva, só que de maneira perversa e com indiferença.
Outros Tempos
É provável que muitos líderes de nações e povos não estejam lendo seus próprios livros sagrados.
Senão vejamos:
- No Brasil, o ex-presidente, diante da morte de milhares, diz que não é coveiro e evoca o nome de Deus.
- Em Israel, seu dirigente máximo diz que mais de duzentas pessoas de ajuda humanitária morrerem, é normal.
- Nos EUA, um candidato a presidente, vende bíblias com a sua grife e declara que imigrantes não são humanos.
Em outros tempos, no Bhagavad Gita, o Senhor Krishna instrui o príncipe guerreiro Arjuna em meio a uma batalha iminente. Uma das mensagens fundamentais do texto é a compreensão da natureza cíclica da vida e da morte. Em outras palavras, numa livre interpretação, é a ideia de que a alma é eterna e transcende o corpo físico. Desse modo, o contexto da frase com “…Eu sou a morte…” é uma manifestação dessa compreensão. Sugere, outrossim, que a morte é uma parte inevitável e essencial da existência, sem agressividade e violência.
Quando Oppenheimer citou essas palavras após o sucesso do Projeto Manhattan, ele apenas reconheceu a gravidade do momento. Por outro lado, é quase impossível saber se ele confrontou as consequências morais e existenciais de suas ações. É provável que, ao desbloquear o poder do átomo, ele previu que ativou uma força incontrolável. Talvez fosse algum tipo de progresso(3), capaz de ceifar inúmeras vidas e alterar irreversivelmente o curso da história.
Enfim, qualquer citação à frase “Eu sou a morte”, sem os ensinamentos de Gita, encapsula uma consciência sombria e cruel.
Tecnologias e Modernidades
Desde então, essa frase transcende o contexto original do Bhagavad Gita e do Projeto Manhattan. As guerras recentes como, por exemplo, Rússia x Ucrânia e Israelenses x Palestinos demonstram as complexidades da existência humana.
Em um mundo marcado por conflitos, desastres naturais e pandemias globais, a morte está sempre presente. Nas redes sociais, onde a vida e a morte muitas vezes se tornam banais, muitos vivem de aparências. Com toda a certeza, estas banalizações e trivialidades são uma forma de exploração e demonstração de força ou poder. Em nenhum momento, o pensamento original serve de reflexão para o que significa a vida e a morte.
Além disso, o pensamento retorna em um momento em que a humanidade enfrenta desafios existenciais sem precedentes. As mudanças climáticas e a ameaça de armas nucleares são, por exemplo, ameaças reais. O ensinamento deveria dizer que ao avançarmos no progresso tecnológico, deveríamos considerar as questões éticas e morais. A morte não separa-se da vida; ela é uma parte intrínseca do ciclo da existência, e ignorá-la é negar a face humana.
As tecnologias como IA não vão resolver os problemas graves que enfrentamos, pelo contrário, podem agravá-los. Por isso, a vida moderna e com as facilidades que encontramos a cada clique nos afasta da realidade.
Realidade e Reflexão
Em suma, à medida que navegamos pelas complexidades da vida moderna, o “eu sou a morte” é um convite para reflexão.
O pensamento deveria nos desafiar para abraçar a transitoriedade da vida e a encontra sentido em meio à incerteza. Nas redes sociais, nos deparamos, inquestionavelmente, com uma ampla cultura de superficialidade e narcisismo. Desta forma, raramente identificamos conexões genuínas nas quais podemos falar da condição humana.
Enfim, a ideia de que cada um pode ser um agente da morte, ainda paira através dos séculos e em todos os lugares. Apesar das muitas distrações e ilusões da vida moderna, a morte permanece como uma certeza inegável. Infelizmente, quanto mais as pessoas se agarram a dogmas e crenças ou a passagens de livros religiosos, pior fica.
Confesso que, a produção de textos, sob efeitos de bebidas etílicas, pode provocar arroubos e efeitos imprevisíveis. E, sem dúvida, não devo pedir desculpas por qualquer interpretação do leitor, pois não sou a morte… #FicaaDica !!!.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) A produção “Ponto de Virada: A Bomba e a Guerra Fria” – Netflix – é a principal referência de textos no Blog, atualmente. O filme de Hollywood esconde muitas verdades que a humanidade precisaria conhecer, como por exemplo, Los Álamos.
(1) “Entre Sem Bater – J. Robert Oppenheimer – Os Segredos na Natureza“
(2) “Entre Sem Bater – Nietzsche – A Morte“
(3) “Entre Sem Bater – Ogden Nash – O Progresso“
Imagem: Entre sem Bater – Bhagavad Gita – Eu sou a Morte
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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