Nomofobia e Dependência digital

Nomofobia e Dependência Digital

Nomofobia

Nomofobia é, grosso modo, o medo ou transtorno de certas pessoas quando descobrem que estão longe de um smartphone. Como se não bastasse, ao se verem longe de um computador com acesso à Internet, ficam em estado de choque.

Por outro lado, a dependência digital é a necessidade da pessoa ficar sempre ligada à tecnologia, Internet, redes sociais, etc. Em suma, ambas (nomofobia e dependência digital) são doenças como tantas outras, diferenciam-se nos efeitos, como remédio e veneno, que dependem da dosagem aplicada.

Assim sendo, podemos dizer, com toda a certeza, que ambas são uma grave dependência psicológica. Uma situação de epidemia, sem controle, onde a humanidade recebe altas doses de inutilidades, e recrudesce a cada minuto.

A Internet existe como tal, para o grande público, desde o início da década de 1990, no Brasil. Utilizávamos recursos e serviços de troca de arquivos e mensagens através das úteis BBS (Bulletin Board System). Em outras palavras, com um software para conectar computadores e poucos recursos, éramos felizes.

Quem sabe e é “das antigas” pode, analogamente, comparar com as redes sociais de mensagens instantâneas de hoje.

Velha Guarda

Desse modo, vejo uma geração depois da minha se autodenominarem “velha guarda” da tecnologia. Que seja, mas outros, da geração Orkut, acham que a Internet surgiu com estas redes sociais, e não foi assim..

Dependência Psíquica

Surpreendentemente, não fico impressionado com a dependência psíquica das pessoas em relação à Internet e o crescimento destas fobias modernizadas como a nomofobia.

Por outro lado, as recentes suspensões de serviços como Whatsapp tem assustado bastante, mais pelas reações das pessoas do que pela suspensão dos serviços. Cheguei a ouvir de pessoas, aparentemente normais, que não conseguiam trabalhar e coisas do gênero, como se a Terra parasse.

Alguns tipos de redes sociais como estas, que possuem diversas alternativas tecnológicas passaram a ser como água ou ar que as pessoas respiram. Surpreendentemente, estas pessoas/perfis conversam via voz, pelas redes, e não usam a telefonia normal.

Certamente, Orson Welles iria adorar manipular as pessoas com esta alternativa.

Vejo pessoas num jogo de futebol, de pé na frente dos outros, e usando mais redes sociais do que vendo lances do jogo.

E, dessa forma, acham “normal”;  já ouvi até coisas do tipo: “… deixa cada um torcer como quer …“, fim dos tempos e, 5… 4… 3… 2… 1…

Nomofobia e Dependência

Atualmente, a maioria das pessoas conectadas, só se sentem “in“, modernas e importantes se ostentarem um smartphone. Como se não bastasse, tem que ter uma capinha intercambiável bem chamativa e toques audíveis “exclusivos”. Situações de pessoas chegando a determinados lugares e procurando por sinal de Wi-Fi é típico de desvio cognitivo. O povão gosta de luxo e ostentação, ou de aparentar pompa e circunstância. Com toda a certeza, ficam de frente aos anúncios de imóveis e carros de luxo sem a mínima intenção de comprar nada. Vasculham a Web e o perfil das pessoas no Facebook, certamente para fantasiar ou ficar admirando fantasias alheias. Ficam em um estado catatônico com o “mundo de Alice” das subcelebridades, ou de amigos, sabendo que é irreal.

A coisas tá complicada que chega-se ao ponto de pais e filhos, dentro da mesma casa, trocarem mais mensagens de Whatsapp do que conversarem.

Nomofobia Perigosa

Nesse ínterim, um “conhecido” divulga o seguinte anúncio em determinada rede social: “… a partir de hoje, não me enviem e-mails”. É um direito dele, mas o complemento é patético:  “… se enviarem e-mails, avisem na rede social para que eu veja …”

Aí um conhecido proclama: “… não quero informar meu e-mail para relacionar-me com ninguém, se eu quiser, eu procuro e escolho o canal de relacionamento …”

Em outras palavras, “… meus meninos – diria meu professor de Direito Trabalhista – você entrou no mundo virtual da Internet e quer privacidade ?

É provável que você não tenha entendido nada do mundo em que vive, mas ainda tem tempo.

Mas tudo bem…

Vamos nos ajeitando, quem sabe não surgem (na realidade estão surgindo) gadgets, apps e afins que se adequam àquilo que cada um quer.

Enfim, é o novo mundo virtual individualizado, individualista, egocêntrico, egoísta.

Tô com saudade do fax e dos quadros de avisos e arquivos disponíveis da BBS. Os encontros presenciais que os internautas da “velha guarda” realizavam eram, por exemplo, sensacionais e ninguém ficava tuitando.

Em suma, não seja nomofóbico e não crie um filho que seja portador desta doença grave.

 

(*) Uma geração que conhece a Internet muito depois que ficou comercial no Brasil (os primeiros domínios “.com.br” apareceram  após 1993).

 

Charge: Zayanderoudoline.ir (Nina Ricci)

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
  • Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar  comentários via e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter.
  • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
  • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Deixe um comentário