Escrava Madalena - Reprodução - O São Gonçalo

A escrava Madalena e o segredo dos Milagres Rigueira

Escravidão

Alguns anos atrás, fiscais do Ministério do Trabalho foram vítimas de assassinato na região noroeste de Minas Gerais. Surpreendentemente, apenas por “fazerem uma fiscalização” contra a escravidão de latifundiários da região. Isto aconteceu mais de 120 anos após “decretada” a Abolição da Escravatura. Imaginou-se que aquele 13 de maio seria uma data histórica, contudo, não passa de mais uma farsa perpetrada nos livros de história do país. A discussão vai longe e quando constatamos que um negro à frente da Fundação Palmares renega a história de escravidão, fica pior. Ledo engano acharmos que é o fundo do poço, não é . Na esteira destas crueldades da pandemia, descobrimos a história da escrava Madalena.

Escrava Madalena

Anteriormente, já descrevi sobre a postura de alguns (ainda bem que são poucos) negros que são negacionistas. Sérgio Camargo da Fundação Palmares é o aprendiz cruel de plantão. Além dele tem o Holiday e outros, já tratados aqui mesmo em outros textos (e. g. “Movimento Negro e os Beócios“.

Desse modo, com os ataques às minorias e aos movimentos em defesa das vítimas desta história macabra, vamos sobrevivendo. Por isso, não é surpresa que a vida da escrava Madalena se mantivesse em segredo durante tanto tempo. A família “Milagres Rigueira” cometeu, nos últimos 40 anos, vários crimes, inclusive o de escravidão. Como se não bastasse, a família, em plena pandemia, ainda usufrui de benefícios como o “Auxílio Emergencial”.

Milagres Rigueira

A história, visível, de crimes da família é de fazer corar de vergonha qualquer pessoa minimamente humana. Certamente a família encontrará advogados com discurso de que “merecem defesa”. É o mesmo que dizer que o presidente de uma determinada nação que manda seu Exército atacar outro país com falsos motivos merece defesa.

Estes escravocratas devem ter recebido uma educação bem exemplar. Usaram a idade avançada de um combatente da FEB para continuar recebendo a pensão via casamento falso com a escrava Madalena.

Nos últimos meses, usaram parte da pensão da escrava dominada para pagar estudos das filhas/netas que era complementado pelo “Auxilio Emergencial” do governo. O assunto ganhou manchetes no mundo e não causou uma indignação, mínima que fosse, como algo de relevância. Assim como outros crimes ( o crime de Mariana continua impune ) vamos para o “vai terminar em pizza”.

Que outros segredos os Milagres Rigueira, e tantos outros sobrenomes “famosos” estariam guardando ?

A escrava Madalena na mídia

Com toda a certeza, ainda é pequena a repercussão midiática no Brasil sobre este crime e suas implicações, extensão e decorrências. Nem uma palavra sequer da Fundação Palmares e seu aprendiz de Capitão-do-Mato. Por outro lado, alguns dirão que “… mas o Fantástico fez matéria …), eu diria: grande merda.

Não consigo ver na sociedade em geral nem 1 % da indignação que estou sentindo neste caso. Vejo alguma matéria na mídia e quase nada nas redes sociais destacando os valores da pensão roubada da escrava Madalena. Ainda não vi a repercussão chegar nem aos pés de alguma fofoca sobre o que faz o Luciano Huck ou o traje prateado do Neymar.

Que país é este ?

É o país que não deu certo, pois descendentes de escravos não se importam com fiscais que pretendiam eliminar escravidão. Certamente, não deu certo, pois onde professores universitários, em suas salas de café, conviviam com um escravocrata. E, como se não bastasse, se calam de maneira conivente e criminosa. Somos uma nação com párias sociais no comando e desperdiçamos  todas as chances de mostrar que tínhamos um futuro.

A “culpa” ( detesto o uso desta palavra ! ) é nossa, é de todos, por ação ou por omissão.

Fico imaginando quantos filhos foram adestrados por um  “professor” como este Dalton César Milagres Rigueira. Se bem que a citação do nome deste crápula e da mãe dele, Maria das Graças Milagres Rigueira, poderia me render um processo. Contudo, este meu Blog não possui leitores ou seguidores, como têm alguns personagens de redes sociais estultas.

A escrava Madalena é mais uma vítima desta demoníaca sociedade escravagista e que não causa furor nas redes sociais. E não tenho a mínima expectativa de um levante, nem nas redes sociais e engajados de plantão.

Montesquieu

Montesquieu estava certo quando cunhou diversas frases sobre democracia, leis e sociedade (ver “Revisitando Montesquieu no Século XXI“. As dez frases ali citadas encaixam-se perfeitamente na história trágica e cruel da escrava Madalena, especialmente uma: ”

A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.

Enfim, parafraseando a música, a minha indignação é uma mosca sem asas que não ultrapassa as linhas deste texto. Minha indignação possui alguns poucos leitores. Entretanto, a maioria desses entendem o significado no contexto histórico que vivenciamos.

Não deu certo

Em suma, não é o país que não deu certo. O país tropical, bonito por natureza, conforme a anedota, é comandado por capitães-do-mato a serviço das oligarquias como os escravistas; os escravistas surgiram no Egito antigo e muitos teóricos ainda tentam justificar estes crimes e seu modo de produção dizendo que “negros escravizando negros foram o começo de tudo“.

Creio que não me faço entender pelas coisas e pelo modo que escrevo. Indiscutivelmente, o crime contra a escrava Madalena repete-se em vários outros momentos e locais.

Enquanto noutro país inicia-se uma rebelião por um policial branco assassinar um negro inocente, no Brasil é permitido quase tudo. Vigilantes negros, com alvará para matar, assassinam um cliente do supermercado como se este fosse seu trabalho. A indignação no Brasil é nula, de pleno direito e adestramento.

Nossa sociedade faliu, as redes sociais engoliram a mídia que está no seu estertor. Enquanto isso, os “poderosos” da mídia e déspotas pouco esclarecidos ainda tentam rotular tudo como vitimismo. #VTNC !

Peço desculpas à escrava Madalena pelo silêncio obsequioso de nossa sociedade, inclusive de certos padres que mandam rezar o “Pai Nosso”. Que você encontre o apoio e força necessária para tentar reconstruir sua vida. Admiro-a por sobreviver e ainda assim, querer estudar, direito que lhe foi cerceado pelos crápulas que lhe fizeram escrava. Mesmo que a Lei Áurea tenha vigência desde muito antes de você nascer, você foi prisioneira de gente cruel. Em suma, não tem recompensa que apague ou recompense seu sofrimento.

Perdoe-me por tratá-la como escrava Madalena, se nossa sociedade não a vê assim, é porque nada deu certo.

Você não viveu em “regime análogo à escravidão” ( eufemismo maldito ! ) você foi uma escrava que resistiu em pleno Terceiro Milênio.

 

Imagem: Reprodução O São Gonçalo

Nota do Autor

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