“Marte Um”
Existem muitas produções, sobretudo no exterior, que utilizam alguma modalidade do esporte para tecer tramas e enredos paralelos. Um dos filmes que tenho predileção é “Coach Carter” uma produção de 2005 que traz muitos ensinamentos. Infelizmente, de acordo com minhas observações e o trabalho que tenho feito com textos como este, a compreensão é diversificada. A maioria das pessoas que vêm estas produções, surpreendentemente, tem olhos somente para a diversão e a pipoca. Desse modo, prossigo com a missão de escrever textos que levem a uma visão diferente das produções de arte que copiam a vida. A produção da vez é “Marte Um“.
Em linhas gerais, projeto da NASA é – ou era- um projeto de colonização do planeta Marte. A ideia é – ou era- enviar terráqueos para viverem em Marte, sem passagem de volta. Assim sendo, muitas pessoas construíram o sonho de serem os habitantes de outro planeta e fazer surgir uma civilização.
Em suma, o projeto americano empresta sua denominação ao título do filme e às ideias de quem sonha com a realidade.
“Marte Um” – O Filme
Como em todos os textos que produzo, não faço spoiler e pouco me preocupa a produção. Raramente, escrevo sobre trilhas sonoras, continuidade, atuações e coisas que deixo para os críticos de arte. Do mesmo modo, tratarei neste texto das coisas que podem se relacionar com a nossa vida terrena.
Portanto, a produção mineira não podia ser mais espetacular para estes relacionamentos. Uma produção feita por um mineiro, cruzeirense, roteirizada e contextualizada nos dias atuais com personagens reais.
Enredo
É impressionante como tudo que acontece no filme faz parte de milhões de brasileiros. É provável que uma maioria absurda das pessoas que assistiram ao filme tenha memórias pessoais de várias cenas. Durante a sessão de cinema que vi, muitas pessoas riam de determinadas cenas em que eu tinha vontade de chorar.
Estamos vivendo tempos esquisitos. As pessoas veem uma tragédia na rua e preocupam-se em filmar e publicar nas redes sociais. Assistimos a um filme ficção que copia realidade e as pessoas riem das desgraças alheias.
Uma frase de um filósofo anônimo ou meme da Internet diz mais ou menos assim:
- Mimimi é o que pensamos sobre a dor, dos outros, que não sentimos e que não está próxima da gente.
Foi assim durante a pandemia quando até o Presidente da República disse para o povo deixar de mimimi, enquanto muitos morriam.
Costumo dizer que “perdemos” e ainda não nos demos conta.
Um filme produzido através dos recursos da “Lei de Incentivo à Cultura“, que muitos lutam e comemoram o corte de verbas. Em outras palavras, o filme é a razão para que um extenso grupo de brasileiros não queira cultura para o povo. Além disso, não termos produções como “Marte Um” é uma forma de esconder nossas mazelas. Se ainda estivesse vivo, o SNI nunca liberaria este filme.
Família real
A história no filme, certamente, é real, como já disse, é um protesto sobre o que aconteceu, segundo o autor, após os ” 7 a 1 “.
Uma família de negros, pobres e com diversidade de visões sobre o mundo que nos cerca.
Situações como política, futebol, religiosidade têm abordagem de várias formas, algumas com bastante sutileza. A família passa, após as eleições de 2018, por todos os problemas e dificuldades que a maioria dos brasileiros viveu.
Inegavelmente, existem passagens no filme que nos tocam de maneira avassaladora. Fiquei pensando nas pessoas que estavam rindo de algumas cenas sem se dar conta de que a tragédia está ao nosso lado.
Aos que virem (ou viram) o filme, podem me cobrar; Qual a cena que não faz parte do nosso cotidiano?
Se bem que, algumas pessoas têm o “direito” de viver numa bolha e pensar que “Marte Um” é somente uma ficção.
Oscar
Acompanhei a premiação do filme no Sundance Festival, e passei a me interessar pela produção. Por outro lado, não me surpreendeu os prêmios no Festival de Gramado (RS), mesmo com outras ótimas produções.
As temáticas presentes no filme como educação, racismo, desemprego, homossexualismo, violência, preconceito, pobreza são intensas. Não tem como pensar que o filme não seria candidato a representar o país no Oscar.
Em suma, fiquei muito feliz com a indicação e ficarei mais feliz ainda com as repercussões da produção naquele evento cinematográfico.
Recomendação
Escrevo, como já disse anteriormente, sobre filmes e séries. Ajudei de maneira tímida e simples, com produções relacionadas ao Cruzeiro (futebol)(1). Além da produção “Azul Escuro“, premiada em festivais específicos, existem outras que admiro muito. Espero que a Academia premie o filme, por tudo que contém no enredo, seja vitorioso no Oscar.
Em suma, recomendo que vejam a produção com outros olhares, é uma ótima oportunidade para reflexão do mundo que vivemos. Precisamos sair um pouco do “wonderful world” das redes sociais e praticar menos cancelamos para as coisas e pessoas que não nos bajulam.
Mesmo que não torçamos para o Cruzeiro (o filme só tem gol do Atlético !), é vital que tenhamos a mente aberta. Respeitar a posição de cada um não é respeitar a posição do outro e calar-se ou fazer candonga em redes sociais.
A maioria dos brasileiros nunca esteve, e dificilmente estará preparada para atuar como seres humanos que compartilham e cooperam.
Veja o filme, torça para que ganhe muitos prêmios, e poderão dizer para o mundo que entenderam o enredo da nossa vida. Depois que vencer o Oscar não digam que não sabiam ou nunca tinham ouvido falar.
A ideia de uma passagem só de ida para Marte, certamente, é ótima.
Ficha técnica (resumo)
Título original – “Marte Um”
Produzido em 2022 – Minas Gerais – Brasil
Direção/Roteiro – Gabriel Martins
Estreia (Brasil) – 25 de agosto de 2022
Duração – 115 minutos
Classificação – Proibido para menores de 16 anos
Gênero – Drama
Atores principais – Cícero Lucas, Rejane Faria, Camilla Damião, Carlos Francisco
(1) Filme “Azul Escuro“, citado em “O planeta Azul – Adeus Centenário !”
P. S.
A publicação deste texto, nesta data, é uma homenagem do “Dia das Crianças” ao personagem Deivid (Deivin) que queria ser astrofísico.
Imagem: Reprodução Internet
Nota do Autor
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