América Mineiro - Reprodução Site Oficial

Carta aberta ao América Mineiro

Tempos modernos

É provável que mais de 90% daqueles que leram a chamada para este texto, não lerão este parágrafo inicial. Certamente, vivemos tempos modernos onde todos têm pressa e chegam às suas conclusões a partir do título e “olho” dos posts nas redes sociais. Desse modo, um título com “Carta Aberta” e América Mineiro causa pouco interesse na maioria dos apressadinhos de redes sociais.

Portanto, os efeitos destes tempos modernos privilegiam somente aos que não comemoram “Vitórias de Pirro” e conseguem pensar um pouco além das manchetes.

Historicamente, no Campeonato Brasileiro, a vantagem do Cruzeiro sobre o América Mineiro é absurda. Em 17 confrontos (inclusive o de ontem) são 7 vitórias, 9 empates e uma derrota. Curiosamente, as duas equipes jogaram muitas vezes no “Dia das Mães“. Surpreendentemente, minha falecida mãe, uma americana convicta, sempre pedia para ir aos jogos entre os dois times nesta data comemorativa. Inquestionavelmente, ela saía feliz de cada partida ao ver seu time derrotado, pelos seus filhos felizes.

A prosa pode ser boa, entretanto estou aqui para falar sobre algo além do jogo de ontem, cuja vitória animou cruzeirenses e entristeceu adversários. Vou falar da diretoria do América Mineiro, da mídia, das torcidas e da jogatina e desatinos dos 90% que nem começaram a ler este texto. Esta carta aberta é para a diretoria do time que tenta, há décadas, ser rival do Cruzeiro e cujos dirigentes ainda não aceitam seu tamanho.

Dirigentes do América Mineiro

A princípio, em futebol, política e religião, apontar dedinho e julgar as pessoas desconhecendo as instituições é um grande risco. Eventualmente, as pessoas que colocam a cara para bater são meros serviçais dos verdadeiros oligarcas. Sim; com toda a certeza, o mundo atual está dominado pelas oligarquias, seja na política, nas organizações privadas e pública, na política e no futebol.

Os dirigentes do segundo time da cidade em torcida, se não considerarmos times fora de Belo Horizonte, são a cara do futebol mineiro. Em outras palavras, do futebol rural, da mídia rural e dos torcedores que pensam que não existe vida inteligente além da Serra do Curral.

Amadores

Este dirigentes do América Mineiro, com a conivência e cumplicidade de outras instituições preferem prejudicar o clube ao invés de serem profissionais. É assustador como em pleno Século XXI pensam como dirigentes do século passado e o amadorismo marrom. Pensam de maneira mais tacanha do que muitos de seus torcedores que nutrem paixão pelo time e equipe.

Num jogo recente, o América Mineiro cedeu espaço para mais torcedores do adversário do que normalmente cede para o Cruzeiro. É um direito e vaidade pessoal de seus dirigentes fazer o que quiserem com o estádio que eles se apropriaram. Entretanto, em tempos de profissionalização do futebol deveriam ser menos amadores. As oportunidades de se tornarem SAF estão batendo à porta e aqueles pouco profissionais virarão pó.

Uma diretoria que mostra preocupação em não evidenciar o nome do time como América “Mineiro” (*) está praticando diversionismo?

Quando querem se apresentar em sintonia com as modernidades e as redes sociais, sem terem uma preparação consistente, correm sérios riscos.

Cumplicidade

Desta forma, aliar-se aos influencers, que estão se sobrepondo à influência que os velhos jornalistas e editores exerciam, é clara. Anteriormente, existiam editores ocupando postos-chave na mídia tradicional que vigiavam seus repórteres para não falar mal do América. Ainda hoje, existe uma cumplicidade amadora da mídia, moderna e da tradicional, para que certos temas nunca sejam pauta no futebol mineiro.

Este amadorismo de parte a parte prejudica o futebol mineiro. Quando não vemos, sobretudo na mídia de massa televisiva, nenhum comentário sobre o público presente no estádio ontem, é vergonhoso. Uma partida como a de ontem merecia “casa cheia” como dizem os comentaristas e narradores. Mas o que ouvimos, por exemplo, foi uma frase do tipo: “… a torcida do Cruzeiro canta e a torcida do América tenta reagir…”.

Sério mesmo?

Fica a dúvida, quem contamina quem? Políticos, dirigentes, torcedores, mídia etc. quem influencia e diz o que os outros querem pagar para ler e ouvir?

A cumplicidade parece ser ampla, geral e irrestrita, e o torcedor rural continuará apoiando estes dirigentes e influenciadores midiáticos.

Jogatina e Torcida

A diretoria do América prefere ter um público de 25% do que poderia ter, do que receber dinheiro da torcida do Cruzeiro, é o fato.

Sabe-se lá quais as motivações dos dirigentes americanos e cruzeirenses; certamente não terão contestação da obsequiosa mídia rural. E, nesse ínterim, avançam as denúncias de que até resultados do campeonato rural deste ano tiveram manipulação(1). Como se não bastasse, jogadores das duas equipes ontem estavam de fora por serem suspeitos de fabricação de apostas ganhadoras.

O que mais assusta é o fato de que ao menos uma dúzia (SIM, dúzia) de sites de apostas patrocinadores estiveram em campo ontem. Cruzeiro, América, estádio, CBF, Federação, influencers etc. ganhando dinheiro, menos a torcida.

A jogatina está no comando e o torcedor nem se deu conta de como tem uma grave dependência deste vício.  Se de um lado alguns  comemoram o resultado, do outro, poucos exigem, equivocadamente, a saída do técnico. A mídia rural não fala do pequeno público e deixa o assunto da manipulação da jogatina de lado. É provável que o dinheiro dos sites de apostas supere o que entrou através da bilheteria.

Os preços escorchantes do ingresso afastam o torcedor-raiz das arquibancadas, do mesmo modo que escondem certas polêmicas.

Torcidas Organizadas

A torcida do América “dividiu” as arquibancadas ontem com a torcida do Cruzeiro. A rigor, foram 1800 ingressos para os cruzeirenses, que pagaram caro até para cambistas que compraram meia entrada. Eu, por exemplo, que poderia usufruir de meia-entrada não encontrei ingresso. O restante do público, seria de, no máximo, 2500 americanos ( pouco mais de 10% da capacidade total do estádio ). E a mídia  chama isso de “clássico” e embate de torcida.

Surpreendentemente, estavam espalhados num setor e podíamos ver algumas faixas de torcidas organizadas.

Estavam presentes as faixas de:

  • Batom Verde
  • Barra UNA
  • Jair Bala Eterno
  • Avacoelhada
  • Seta Verde
  • Camisa 12

Vamos combinar que ao menos 5 torcidas organizadas para o time do América é um despropósito. Entretanto, Minas Gerais e o futebol rural são pródigos em quantidade de torcidas de seus times. Talvez seja a cidade com mais torcidas organizadas por time do planeta. Haja desunião entre torcedores do mesmo time.

Carta Aberta – Alerta

Em suma, esta carta aberta é de um torcedor cruzeirense, que comemorou a vitória de ontem até as 8h da manhã de segunda. Já estamos pensando em outra competição e em outro adversário, verdadeiramente difícil.

É com lembrar duas coisas:

  1. O América, a exemplo do Cruzeiro em partidas recentes, teve duas bolas na trave, dois ou três oportunidades claras perdidas. Parou em defesas do Rafael Cabral que evitaram um resultado diferente, até pelos momentos da partida. #IMHO o resultado teve mérito do Cruzeiro e deficiências de um adversário de dirigentes amadores.
  2. O Brasileiro (de qualquer série) é uma guerra. Vencer batalhas é muito importante, mas não traduz o objetivo principal que é se manter na Série A. O que vem em decorrência é fruto de trabalho e planejamento, sem amadorismos e sem arroubos, como o público de ontem.

Enfim, os dirigentes do América Mineiro representam o que de pior existe para o futebol brasileiro. Mas se julgam modernos e profissionais, o que nunca foram e nunca serão. Precisam, com toda a certeza, de um divã ou de uma torcida de verdade, não de um microfone ou perfil no Twitter.

O público de ontem deveriam envergonhar não somente os dirigentes do América Mineiro com suas idiossincrasias. Deveria, outrossim, servir de reflexão para todos que se locupletam do futebol mineiro. Creio que chamar a todos de amadores e não citar nominalmente ninguém, demonstra a minha opinião. E de alguns poucos mais, que não têm o espaço midiático digital e tradicional da maioria.

Estamos nos tempos em que “… até a comemoração do cartão amarelo é outra …”. #FicaaDICA

 

(1) “Quadrilha de apostadores diz ter atuado em 12 estaduais, incluindo Mineiro

(*) O América Futebol Clube renegou o nickname América Mineiro e criou outra identidade virtual, coisa de amador.

P. S.

Já escrevi sobre o tema ( “Os males que o torcedor de dirigente provoca” ) e reitero. Torcedor de dirigente e torcedor que mistura política e futebol não é torcedor, nunca será. Com toda a certeza, evitei intencionalmente , neste texto, abordar as questões relativas ao América, Independência e Sete de Setembro. Adicionalmente, os “profissionais” do Cruzeiro SAF nem pensaram em ocupar espaços vazios com o Sócio 5 Estrelas. Sem dúvida, uma posição amadora e lamentável !

 

Imagem: Reprodução América Mineiro

Nota do Autor

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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.

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