Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Diógenes de Sinope, o cínico, sabia, inquestionavelmente, que “Minha Cabeça” era muito diferente.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Diógenes de Sinope
Alguns filósofos são, surpreendentemente, diferentes de outros, e este é o caso de Diógenes de Sinope. O filósofo que criou as escolas filosóficas do cinismo e estoicismo, poderia vê-las triunfar, da pior forma possível, nos tempos atuais.
Diógenes ( Diógenes, o Cínico ou Diógenes de Sinope, foi um filósofo grego e um dos fundadores do cinismo. Ele nasceu em Sinope , uma colônia jônica na costa do Mar Negro da Anatólia em 412 ou 404 a.C. e morreu em Corinto em 323 a.C. Ele era filho do mestre da moeda de Sinope, e há algum debate sobre se ele desvalorizou a moeda sinopiana sozinho ou com seu pai. Após sua fuga de Sinope, mudou-se para Atenas, onde passou a criticar as convenções daquela polis. Diógenes foi capturado por piratas e vendido como escravo , estabelecendo-se em Corinto. Lá ele passou sua filosofia do cinismo para Crates de Tebes, que a ensinou a Zenão de Citium. Zenão, por sua vez, a transformou na escola do estoicismo, uma das mais duradouras da filosofia grega. Nenhum escrito de Diógenes sobreviveu, mas somente narrativas, como no livro de Diógenes Laércio, “Vidas e opiniões de filósofos eminentes” . Diógenes de Sinope fez da pobreza uma virtude, usou seu estilo de vida e comportamento simples para criticar os valores sociais e as instituições. Declarou-se um cosmopolita, um cidadão do mundo. Citações de seus pensamentos criaram a metáfora da “Lanterna de Diógenes”.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Minha Cabeça
A figura controversa de Diógenes de Sinope ajudou muitos filósofos modernos, além de exercer influência em outras áreas do conhecimento. A metáfora da procura de um homem honesto, com uma lanterna, teve origem em uma de suas frases transcritas por Diógenes Laércio.
- “… Ele acendeu uma lamparina em plena luz do dia e disse, enquanto andava: ´Estou procurando um humano`“.(1)
A metáfora da lanterna(2), do mesmo modo que a frase sobre ser louco e minha cabeça diferente, tem uso em muitas situações. Por exemplo, em “Lanterna Azul“(3), o torcedor de um time procura um dirigente honesto. Certamente, minha cabeça vai pirar e estes honestos não estarão à nossa vista.
Louco?
Atualmente, as tecnologias e a pressa das pessoas não permitem que as pessoas tenham o benefício da dúvida. A aplicação da antítese de Diógenes é implacável, se alguém não tem a “minha cabeça“, é louco. Coisas como a que o personagem Simão Bacamarte, de Machado de Assis, praticava.
Desse modo, vivemos numa era onde as redes sociais nos impõem regras que “O Cínico” criticava em tempos de polis e nenhuma propagação viral.
Como se não bastasse, a lógica das pessoas é de segregar quem não pensa com a cabeça delas. Para evitar o debate, preferem bloquear, chamar de louco, fazer analogias absurdas e praticar o segregacionismo.
Desde que surgiram as redes sociais ou desde que a Internet permitiu acesso ao mundo daquele “idiota da aldeia” de Umberto Eco, tudo mudou. Reproduzir a frase de Diógenes de Sinope é um ato de loucura que terá repreensão e, em última análise, suspensão das redes sociais.
Cinismo e Estoicismo
Com o propósito de trazer para nossos tempos as ideias dos filósofos antigos e frases atuais, Diógenes e sua filosofia são uma surpresa devastadora.
Segundo a linha de criação das escolas filosóficas, Diógenes de Sinope seria o fundador da “Escola do Cinismo“, por isso “O Cínico”. Em seguida, acredita-se que esta escola influenciou fortemente a linha da “Escola do Estoicismo“.
Assim sendo, se tomarmos os ideais destas duas escolas, o que vemos, no mundo digital e das redes sociais, é a antítese de tudo.
Curiosamente, os cínicos tinham esta denominação pelo comportamento similar aos cachorros pela independência e comportamento anormal. Se os cínicos criticavam a sociedade pelos males que ela produzia, os estoicos buscavam a felicidade pelas ações de virtude.
Por outro lado, analogamente, as redes sociais uniram cínicos e estoicos na adesão dos males e a busca da felicidade pelo individualismo e defeitos.
Desse modo, não é por acaso que os pecados capitais, encontraram em muitas redes sociais e plataformas, suas similitudes. Por exemplo, cada rede social tem sua representação primorosa, como o LinkedIn e a soberba(4). Adicionalmente, Twitter, Instagram e outras plataformas são, de fato, antíteses das práticas condenáveis pelos estoicos.
Em suma, minha cabeça é diferente de milhões de outras cabeças e, certamente, não significa que eu seja louco, pelo contrário.
(1) Livro 6 de “Lives and Opinions of Eminent Philosophers” de Diógenes Laércio.
(2) “Metáforas – A Lanterna de Diógenes”
(3) “Lanterna Azul – Diógenes na captura”
(4) “Pecados Digitais – A Soberba”
Imagem: Entre sem bater – Diógenes de Sinope – A Minha Cabeça
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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