Entre sem bater - Ésquilo - A Necessidade

Entre sem bater – Ésquilo – A Necessidade

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Ésquilo, o “Pai da Tragédia”, sabia muito bem a força de uma “Necessidade” básica.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Ésquilo

É provável que todos os pensadores pré-socráticos se misturem com filósofos após Sócrates e outros mais famosos. Estas confusões levam aqueles, como é meu caso, que não são estudiosos, a cometer deslizes que aos olhos dos especialistas, são graves. No caso do “Pai da Tragédia“, fica mais difícil pois muitos de seus trabalhos não chegaram até nós, mortais. Entretanto, muitas de suas frases provocam curiosidade e a necessidade de escrever algo sobre elas. A história de Ésquilo, a partir dos filósofos, mostra um pouco da tragédia humana em que vivemos.

Ésquilo nasceu em Elêusis, perto de Atenas, em cerca de 525 a.C. Filho de nobres atenienses, lutou contra os invasores persas em Maratona e Salamina. Sua obra compreende mais de 90 tragédias, mas apenas sete chegaram completas até os nossos dias. Dramaturgo reconhecido, foi declarado como criador da tragédia grega pelo filósofo Aristóteles. Em suas peças eram tratados temas sobre-humanos, normalmente a respeito da mitologia. Entre as ideias de suas tragédias estão a de fatalidade, taras hereditárias, pecado, maldição, ciúme dos deuses e inferioridade da força diante do espírito. Vários mitos gregos foram reinterpretados para sancionar a nova ordem social da polis, que estava surgindo. O dramaturgo escreveu peças como “Oréstia”, trilogia que está completa até hoje. Nessa obra há um misto de tragédia familiar, política e religiosa. Ésquilo morreu por volta de 428 a.C., em Gela, na Sicília. O túmulo do dramaturgo foi transformado em um lugar de peregrinação, por volta do século 4 a.C.

Fonte: O Pensador

A Necessidade

Escrevi, anteriormente, textos que revelam necessidades que temos e que, na maioria das vezes, nem percebemos. A classificação de Ésquilo como dramaturgo e soldado, pode parecer, e é com toda a certeza, muito estranha. Contudo, devemos pensar nas situações dos antigos, seja como tragédia ou comédia, e partirmos para a ação-reflexão em nossos tempos.

Outrossim, está sendo complicadíssimo exercer qualquer ação-reflexão em tempos de redes sociais de altíssima velocidade. As pessoas têm uma necessidade suprema de se mostrarem “in” de qualquer assunto. Surge uma pandemia, e quase todo mundo vira especialista no assunto, sempre a partir de uma opinião de segunda mão(1).

Desse modo, a necessidade de conhecer, refletir e agir tornou-se um resultado que se perde nas aparências ou nas fake news. Com toda a certeza, é mais fácil escrever qualquer coisa e/ou sair reproduzindo à esmo, do que pesquisar, ler e pensar. E, como se não bastasse, a tecnologia da moda – Inteligência Artificial (IA) regenerativa, colocou uma pitada de caos no planeta.

Sem limites

Nesse ínterim de tecnologias avassaladoras, vivemos num mundo de necessidades sem limites, com o desrespeito acima de tudo e de todos. Se bem que palavras como desrespeito, desonra e a falta de civilidade, são prerrogativas de castas e oligarquias. No Brasil, atualmente, o avanço das prerrogativas demonstra o quão não existem limites para quem deseja ter poder sobre outros homens.

As narrativas de Ésquilo poderiam ilustrar, sem dúvida, as necessidades trágicas que vivemos. Em uma outra frase (com atribuição sem confirmação a Ésquilo).

Disse ele: “Os sofrimentos humanos têm facetas múltiplas: nunca se encontra outra dor do mesmo tom“.

Perdas

A princípio, qualquer perda faz parte de nossos sofrimentos e tragédias. Portanto, perder um parente ou um amigo, pode ser uma dor que não encontra referência em nenhuma outra dor. Faltam palavras, sem dúvida, para acalentar o sofrimento de alguém que perdem aqueles que gostamos.

Portanto, é natural que nossas necessidades estejam alinhadas à nossa dor e sofrimento. Desse modo, quando temos fome, precisamos comer, assim como quando temos sede, a água nos sacia. Entretanto, quando perdemos alguém, não existe nada que diminua a nossa necessidade.

Por isso, as pessoas que precisam de algo procuram até encontrar, ou até o término trágico. Desta forma, pouco importa a ideologia(2) ou qualquer posição de uma pessoa, não existe sofrimento igual a outro.

Assim sendo, estamos negligenciando algumas necessidades importantes. Por outro lado, damos grande importância à alguma necessidade efêmera, hedônica(3) ou supérflua.

Em suma, Ésquilo viveu, aproximadamente, entre os anos de 500 AC e 400 a.C., em plena época de esplendor grego. E, naquele tempo, ele escrevia sobre guerras e tragédias de forma brilhante e de uma evolução cultural impressionante. Atualmente, nem com toda tecnologia, conseguimos que as pessoas ao menos reflitam e atuem com cuidado. As necessidades básicas são, inquestionavelmente, superficiais e individuais, e não importa a guerra de informação em que estejamos.

A necessidade básica individual venceu e é irresistível, perdemos !

 

(1) “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão

(2) “Entre sem bater – Günther Anders – O Poder da Ideologia

(3) “A geração do hedonismo oco

 

Imagem: Entre sem bater – Ésquilo – A Necessidade

Nota do Autor

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