Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Pensadores como Pietro Ubaldi, originários de outras culturas, sabem muito sobre o “Proselitismo” em cada uma delas.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Pietro Ubaldi
É provável que seja da natureza dos pensadores e filósofos, lá no fundo, serem proselitistas. Entretanto, na maioria dos casos, seja qual for a linha de pensamento e atuação de cada um, a verdade não é esta. Filósofos e pensadores, como Pietro Ubaldi, são ciosos de seu trabalho e avançam com palavras verdadeiras(1).
Pietro Ubaldi ( Foligno, 18 de agosto de 1886 – São Vicente, 29 de fevereiro de 1972 ) foi um filósofo espiritualista, teólogo e professor italiano. Nascido em Foligno, na região da Úmbria na Itália, faleceu em São Vicente (SP), Brasil, onde viveu de 1952 até sua morte. Escreveu uma vasta obra de 24 volumes cujo tema aborda a evolução do Universo e a sua contraparte, o período involutivo, que descreve a queda das criaturas perfeitas do mundo espiritual. Em sua visão ele tentou explicar o sentido da vida, a função da dor e a presença do mal. Indicado ao Prêmio Nobel em 1964, que teve como ganhador Jean-Paul Sartre. Seus trabalhos tiveram reconhecimento global e seu sistema filosófico foi considerado por Albert Einstein– como mostra uma correspondência – “doce e leve”. Sua principal obra, A Grande Síntese, foi julgada por Enrico Fermi “um arcabouço de filosofia ética científica e antropológica, que vai muito além dos semelhantes tentativas do século passado”.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
O Proselitismo
Por definição, proselitismo é daquelas palavras que carregam acepções que permitem desde uma interpretação amena até muito simbolismo. Desse modo, é um termo que exige muita reflexão e contextualização. Mesmo que ele não tenha citação explícita, muitos discursos tem disseminação a partir desta ideia.
Significado
Esforço contínuo para converter alguém, fazendo com que essa pessoa pertença a determinada religião, seita, doutrina; catequese: proselitismo religioso. [Por Extensão] Empenho para atrair alguém para um partido, sistema, ideia etc.; empenho para tornar alguém adepto ou seguidor de algo; doutrinação: proselitismo ideológico. Ação ou empenho para se fazer prosélitos; a reunião de prosélitos. Etimologia (origem da palavra proselitismo). Do francês prosélytisme.
Fonte: Dicio.Com.Br
Assim sendo, os sinônimos de proselitismo ( partidarismo, sectarismo, doutrinação etc. ) mostram a amplitude do termo. No caso de Pietro Ubaldi, ele se refere às questões de religiosidade. Infelizmente, entramos num mundo em que não existem limites e a mixórdia reina.
Religião e Política
Defendo a teoria de que religião e política(2), quando se imiscuem, não produzem resultados positivos ou evolutivos. Entretanto, existem muitas pessoas que acham que a mistura “… dá certo …” para a coletividade, seja lá o que seja “dar certo”.
Assim sendo, a forma perversa e enganadora que se pratica o proselitismo, principalmente com política e religião, beira o crime coletivo.
A prática mostra um papel vital do termo no âmbito religioso quanto no político, moldando crenças, influenciando opiniões e orientando ações. Essa práxis, embora possa ter boas intenções, sugere uma controvérsia devido à sua natureza persuasiva e à potencial manipulação de massas(3). Certamente, o proselitismo em ambos os contextos é nocivo à sociedade e se apoia em falácias, como o “apelo à autoridade”.
No Contexto Religioso
No campo religioso, o proselitismo refere-se à tentativa deliberada de converter ou recrutar indivíduos para uma seita, fé ou crença religiosa. Historicamente, ações proselitistas são uma ferramenta poderosa para regiões restritas e segmentos da sociedade vulneráveis. Missionários e pregadores, devidamente catequizados, desempenham papéis cruciais na disseminação de crenças dos líderes de seitas. Sem dúvida, justificam suas ações com a intenção de salvar almas ou fornecer iluminação espiritual a pessoas em desalento.
No entanto, o proselitismo religioso gera controvérsias e conflitos, mas avança em todo o planeta. Nos últimos cem anos a explosão das igrejas neopentecostais são a prova irrefutável do sucesso deste proselitismo. As tentativas de conversão forçada, que era a prática de governantes coloniais e conquistadores cedeu lugar a pastores e líderes de seitas. Como se não bastasse, antes e agora, promovem a violação dos direitos humanos e à perda de identidade cultural de muitas comunidades.
Além disso, algumas religiões adotam táticas agressivas de proselitismo, buscando subjugar ou marginalizar aqueles que não seguem suas crenças. Desse modo, eles praticam o sectarismo, como constatamos no Brasil nos últimos anos, sem que a população se desse conta dos males.
No Contexto Político
O proselitismo político, por outro lado, refere-se à prática de influenciar e persuadir indivíduos a adotarem uma determinada ideologia(4). Seja ao escolher um partido político numa eleição ou ao manifestar uma opinião política, geralmente de segunda mão, nas redes sociais. Nas campanhas eleitorais, por exemplo, muitas vezes empregam táticas de proselitismo para angariar apoio contra um inimigo comum. Esta tática tem sua eficiência pois esconde os objetivos principais somente por causa do inimigo comum. Desse modo, através de discursos persuasivos, propagandísticos e pessoais, os políticos moldam-se como a representação de uma maioria. Assim sendo, utilizando de falácias e diversionismo conquistam a lealdade de seus seguidores.
Entretanto, assim como no contexto religioso, o proselitismo político pode ter efeitos negativos, nem sempre imediatos. Inquestionavelmente, a maneira manipuladora distorce a verdade e provoca a desinformação irrestrita. Como se não bastasse, minar a confiança pública nas instituições políticas.
O apelo emocional e a exploração das vulnerabilidades das pessoas são estratégias comuns no proselitismo político. Com toda a certeza, na maioria dos casos, leva a massa a decisões emocionais, em vez de reflexão e racionalidade. As eleições brasileiras dos últimos anos estão sob a égide do proselitismo político da pior qualidade, o resultado está nas redes sociais.
Falácias
É possível traçarmos uma associação intrigante entre o proselitismo e a falácia do apelo à autoridade, dentre outras como Argumentum ad Populum(5). Essa falácia ocorre quando alguém tenta validar um argumento apelando para a autoridade de uma figura notória, famosa ou de respeito. Apresentam ideias questionáveis que não estão sob debate, ao invés apresentar evidências sólidas para sustentar críticas. No contexto do proselitismo, as “autoridades” muitas vezes são líderes religiosos carismáticos ou políticos influentes.
Desse modo, proselitistas usam sua posição de influência para promover ideologias (religiosas e políticas) sem apresentar argumentos sólidos. Essencialmente empregam o proselitismo e, ao mesmo tempo, apelando à hipotética autoridade em algum assunto diverso. Por isso, as pessoas aceitam cegamente ideias e palavras vazias sem questionar. Desta forma, compromete-se a capacidade crítica e a tomada de decisões consistentes.
É comum, por exemplo, uma figura com autoridade técnica ou especialista utilizar desta sua autoridade para defender ideias que não domina. Um jogador de futebol pode não ter formação política ou religiosa, mas são vários exemplos dos que têm sucesso na política. Desta forma, uma pessoa sem qualificação alcança um patamar que nunca atingiria se não fosse a passividade e passionalidade dos torcedores.
Nesses tempos
Em suma, o proselitismo é uma prática nociva que desempenha um papel significativo tanto na religião quanto na política. Embora propaguem mensagens, aparentemente, positivas e construtivas, também têm o potencial de manipular, explorar e dividir.
A associação entre o proselitismo e o “apelo à autoridade” deveria servir para alertar as pessoas a refletir criticamente as informações que recebe. Inquestionavelmente, se as informações têm inspiração nas palavras de “autoridades” ou não, merecem toda reflexão. Deste modo, evitaríamos a adoção de crenças “ídolos” e “mitos” com base em influências perniciosas.
Em última análise, a conscientização sobre o proselitismo e suas ramificações pode capacitar os indivíduos a não tomar decisões passionais. Adicionalmente, as pessoas deveriam separar proselitistas daqueles dispostos ao debate e evolução.
Outrossim, é um ótimo caminho para questionar influencers de redes sociais e avaliar com discernimento as mensagens que recebemos. Desta forma, seja no âmbito religioso, no político ou até mesmo esportivo, é possível termos independência na reflexão e crítica. Certamente, só será possível se cada um quiser ser um crítico e não simplesmente massa de manobra e manipulação.
Nesses tempos(6), as palavras de Pietro Ubaldi são uma base firme e sólida para vermos a necessidade de evoluir e não retroceder.
(1) “Entre sem bater – Laozi – Palavras Verdadeiras”
(2) “Religião e Política – Uma mistura Perigosa”
(3) “Manipulação de Massas – A série”
(4) “Entre sem bater – Günther Anders – O poder da ideologia”
(5) “Argumentum ad Populum – Wikipedia”
(6) “Entre sem bater – James Weinstein – Nesses Tempos”
Imagem: Entre sem bater – Pietro Ubaldi – O Proselitismo
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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