Entre sem bater - Isaac Asimov - A Sua Ignorância

Entre sem bater – Isaac Asimov – A Sua Ignorância

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Isaac Asimov demorou a se reconhecer como um ateu, é provável que somente depois disso superou a “Ignorância” que vivenciou.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Isaac Asimov

O professor Isaac Asimov era um pensador adiante do seu tempo, era um cético que acreditava em tudo. Certamente, como todos bons céticos e cientistas têm uma coisa em comum: a luta contra a Ignorância. Em sua obra de nome “Um culto à ignorância” ele expõe sua visão sobre o tema, de maneira inquestionável.

Isaac Asimov ( 2 de janeiro de 1920,  6 de abril de 1992) foi um escritor americano e professor de bioquímica na Universidade de Boston. Durante sua vida, Asimov foi considerado um dos “Três Grandes” escritores de ficção científica, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke. Um escritor prolífico, ele escreveu ou editou mais de 500 livros. Ele também escreveu cerca de 90.000 cartas e cartões postais. Mais conhecido por sua ficção científica pesada, Asimov também escreveu mistérios e fantasia, bem como muita não-ficção.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

A Sua Ignorância

Quando Asimov escreveu sobre um comportamento de culto à ignorância nos EUA, a Internet ainda estava sob controle. Desse modo, o debate estava restrito a uma sociedade que se diz de primeiro mundo e acima de tudo e todos. Desde que a Internet explodiu e qualquer um tem acesso às redes sociais, o embate entre ignorância e conhecimento mudou muito.

O pensamento, presente numa entrevista para a revista Newsweek (1980), torna-se cada vez mais atual e relevante nos tempos modernos. Como se não bastasse, ultrapassou as fronteiras estadunidenses e ganhou status de ignorância global.

Com toda a certeza, as redes sociais são uma ferramenta poderosa de comunicação, informação e entretenimento. Possibilitam que milhões de pessoas se conectem, compartilhem e expressem suas ideias, opiniões e sentimentos.

No entanto, elas também trazem alguns desafios e problemas que só crescem e não dão sinais de redução.

A recrudescimento de algumas atitudes reforçam a posição da ignorância vencendo a racionalidade, quais sejam:

  • disseminação de notícias falsas;
  • polarização de discursos;
  • intolerância de divergências;
  • manipulação de dados;
  • invasão de privacidade;
  • cyberbullying;
  • ódio; e
  • a violência.
Falsa democracia

Surpreendentemente, muitas pessoas acreditam que destilar sua ignorância nas redes sociais é uma forma de democracia. Imaginam que a liberdade de expressão é a mesma liberdade de agredir verbalmente e demonstrar a intolerância. A ampliação do acesso à informação para todos não possibilitou, com toda a certeza, a capacidade de reflexão.

Inquestionavelmente, a quantidade e a diversidade de informações significam qualidade, consciência e veracidade. Além disso, nem sempre a liberdade de expressão alinha-se ao uso de forma responsável e respeitosa. Por outro lado, o aumento da desinformação, fake news e outras atitudes, apresentam-se sempre de forma ofensiva e agressiva.

Anti-Intelectualismo

Nesse ínterim, ressurge, desta vez nas redes sociais, o fenômeno do anti-intelectualismo. Este movimento de rejeição ou desprezo pelo conhecimento, pela ciência, pela arte, pela cultura e pela educação tornou-se viral.

O anti-intelectualismo se manifesta de várias formas, na maioria das vezes, com refutações pueris e diversionistas.

Assim sendo, os ignorantes se apoiam em atitudes como:

  • a negação de fatos com demonstrações claras;
  • a desconfiança nas autoridades e especialistas.
  • a valorização de opiniões pessoais e emocionais sobre argumentos racionais e lógicos;
  • a simplificação de questões complexas; e
  • a defesa de ideologias e preconceitos.

O anti-intelectualismo pode, por exemplo, transparecer uma forma de resistência ou de protesto contra o sistema dominante. No Brasil, a questão das urnas eletrônicas e o voto impresso, podem ser a prova inconteste deste anti-intelectualismo. Quando uma parlamentar se presta a subir na tribuna do Congresso e desfiar sandices, presenciamos uma tábula rasa.

Muitas vezes, algo com o viés elitista, corrupto, injusto e opressor, pode ter estes elementos, mas não passam de manipulação de massas. Desse modo, cria-se uma forma de alienação, que impede o desenvolvimento crítico, criativo e ético dos indivíduos e da sociedade.

Perdemos ?

A partir destas concepções do embate que coloca a ignorância no mesmo patamar do conhecimento, sabedoria e civilidade, estamos perdendo a guerra.

Afinal, o anti-intelectualismo e a ignorância venceram ou estão prestes a vencer?

É provável que sim.

Essa é uma pergunta difícil de responder, pois depende de vários fatores e perspectivas.

Por um lado, podemos dizer que o anti-intelectualismo está em ascensão. Em suma, quando este movimento influencia as decisões políticas, econômicas, sociais e ambientais de muitos países, estamos perdendo. As consequências graves e preocupantes que vivenciamos, principalmente no Brasil nos últimos anos, são, sem dúvidas, alarmantes.

Por outro lado, podemos dizer que o anti-intelectualismo apresenta sinais de declínio?

Ousamos dizer que o movimento dos ignorantes está gerando algumas reações e movimentos de resistência. Alguns nichos apresentam elevação da conscientização, da educação e da transformação de muitas pessoas. Entretanto, são nichos pequenos e que buscam mais uma defesa contra os ataques do tsunami de ignorância dos oportunistas das redes sociais.

Analogamente a uma certa partida de Copa do Mundo, o placar está “7 a 1” e estamos no segundo tempo.

Virando o jogo

É provável que não poderemos contar com a ajuda de alguma arbitragem, e muito menos com a conscientização das oligarquias.

Numa analogia interessante, em tempos de regulamentação de ações nas redes sociais, poderia surgir uma proposta de CNHI(*).

Para promover os valores do conhecimento, da ciência, da arte, da cultura e da educação é preciso deixar de lado a “guerra” contra os ignorantes. Como diria Nélson Rodrigues, eles vencem pela quantidade, são muitos e sem nenhum conteúdo ou conhecimento.

Portanto, a resposta para a pergunta depende de nós, de como usamos as redes sociais e de como nos relacionamos com o mundo.

As redes sociais são, atualmente, um instrumento de anti-intelectualismo. A transformação depende de como, quando e onde utilizaremos este instrumento para disseminar o conhecimento.

Certamente, podemos usá-las para nos informar, nos comunicar, praticarmos a educação, engajamento e a mobilização. Devemos, por outro lado, combater a desinformação, as bolhas, a alienação e todas as formas de ódio e preconceito.

A escolha é nossa e o banquete de consequências(3) está aí, no cotidiano, e a nossa omissão é cúmplice do jogo. A sua ignorância, nunca poderá estar num mesmo patamar de qualquer conhecimento. Devemos ter compaixão para os que, ainda hoje, praticam o culto satânico à ignorância.

Estamos tentando mudar o mundo moderno e a irracionalidade do mundo(4) e das redes sociais, e “Amanhã tem mais …

P. S.

(*) CNHI – Carteira Nacional de Habilitação para Internet. A explicação sobre esta ideia exige um outro texto e até mesmo um abaixo-assinado que amealhe milhões de apoiadores.

(1) “Manipulação de Massas – A Gradação

(2) “Bia Kicis, a nuvem e a tábula rasa

(3) “Entre sem bater – Robert Stevenson – Banquete de Consequências

(4) “Entre sem bater – Max Weber – Irracionalidade do Mundo

 

Imagem: Entre sem Bater – Isaac Asimov – A Sua Ignorância

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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