Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Thomas Paine identificou um problema, séculos atrás, que ressurge com força, atualmente, está difícil ser “Honesto“.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Thomas Paine
Em primeiro lugar, podemos afirmar que Thomas Paine foi um revolucionário(*) e, no seu tempo, também ser honesto era o normal. Sua ideia de comparar um homem morto(1) a um homem que não usa a razão, é lapidar. Surpreendentemente, após 200 anos da morte de Paine, e com brasileiros adoradores dos pensamentos estadunidenses, a ideia prosperou.
Thomas Paine (nascido Thomas Pain (9 de fevereiro de 1737 – 8 de junho de 1809) foi um fundador americano nascido na Inglaterra. Ativista político, filósofo, teórico político e revolucionário. Ele foi o autor de Common Sense (1776) e The American Crisis (1776-1783), dois dos panfletos mais influentes no início da Revolução Americana, e ajudou a inspirar os Patriotas em 1776 a declarar independência de Grã Bretanha. Suas ideias refletiam as ideias da era do Iluminismo e os ideais de direitos humanos.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Ser Honesto
Sendo bem honesto, a união de pensamentos de alguns autores, como Thomas Paine, permitiria um corolário completo com endereço aos estultos. Desde que publiquei o pensamento de Paine acerca da inutilidade de ser discutir com um homem sem razão, as confirmações são diárias.
Vivemos num tempo em que o cara não consegue ser honesto diante do espelho, e sai arrotando nas redes sociais com seus comparsas. Como se não bastasse, se algum inimigo faz algum discurso sincero, que alguns chamam de ofensa, estes covardes praticam o diversionismo e a hipocrisia.
Mundo Moderno
Frases de pensadores e filósofos, que faleceram antes das tecnologias tomarem conta do mundo moderno(2), estão atualizadíssimas e se mostram verdadeiras. Atualmente, é difícil escolher uma frase para escrever sobre casos reais e comprovar que a cabeça das pessoas só piorou. Para cada adjetivo, que qualifica ou desqualifica, temos, certamente, dezenas de pensamentos, paráfrases e aforismos que cabem como uma luva.
Desse modo, a frase de Paine ajusta-se em duas ou mais situações interessantes, a questão da honestidade e da sinceridade. Tornou-se quase um pecado mortal ser honesto e sincero. As redes sociais ganham, a cada dia, associação com os pecados capitais(3), de maneira que não tem retorno.
Sinceridade e Ofensas
Em tempos de redes sociais e comunicação instantânea, a sociedade se vê diante de um paradoxo intrigante. De um lado a busca por grupos de concordância e a condenação da sinceridade. Por outro lado, a honestidade, outrora um pilar fundamental das relações humanas, tornou-se um pecado digital. E a questão da honestidade não se restringe a roubar algo que não pertence a outra pessoa.
Estes tempos modernos fizeram crescer a desonestidade e o estelionato intelectual, a partir de mentiras e desinformação.
Enquanto isso as fake news, sob o disfarce de verdades convenientes, se proliferam como um rastilho de pólvora, gerando explosões de polarização e ódio. Temos, por exemplo, o caso de crianças sofrendo abuso, em imagens num determinado país europeu. Alguém, ou grupos de bandidos virtuais, indica que os acontecimentos se deram na Ilha de Marajó, e muitos vassalos propagam a mentira.
A bolha de conforto virtual
Essas redes sociais, são ferramentas que deveriam conectar e unir as pessoas. Entretanto, transformaram-se em bolhas de conforto virtuais para aqueles fracos de caráter. Algoritmos poderosos moldam feeds, mentes e corações, alimentando-os com conteúdos pouco honestos. Enfim, são pessoas que só querem confirmar crenças e dogmas pré-existentes. Assim sendo, amplificam as vozes de manipuladores que possuem pensamentos homogêneos. Essa imersão em ambientes de concordância gera a falsa sensação de segurança e validação. Contudo, impede de maneira irreversível, o diálogo construtivo e a troca de ideias divergentes.
O pecado da discordância
Neste quadro de bolhas, concordâncias e guetos mentais, surpreendentemente, a discordância se torna um ato quase herético. Aquele que ousa questionar o senso comum do grupo sofre ataques, acusações e até mesmo banimentos. A crítica e o debate, anteriormente uma oportunidade de crescimento e aprendizagem, agora têm tratamento de ataque pessoal ou ofensa.
A ascensão da hipocrisia
Na era das fake news, a verdade se torna maleável, adaptando-se à conveniência de cada grupo, ser honesto é exceção. A hipocrisia floresce, pois indivíduos defendem valores que não praticam e condenam comportamentos que secretamente praticam. A coerência se torna um fardo pesado em um mundo onde a imagem vale mais que a essência.
Fake news: a pólvora da polarização
As notícias verdadeiras sofrem questionamento e as falsas proliferam nas redes sociais como um vírus. Certamente, aqueles que se beneficiam da divisão e do caos manipulam as pessoas a compartilharem todo sortilégio de desonestidade. Essas informações falsas inflam paixões e alimentam a polarização política, religiosa e até em setores profissionais. A verdade se perde em um mar de mentiras, tornando impossível o diálogo racional e a construção de consenso, TIC … TAC…
Sociedade em Vertigem
Diante desse cenário real, cada indivíduo deveria questionar o papel que desempenha na sociedade. Como se não bastasse, deveria repensar não no mundo que deixou para seus filhos, mas que espécie de filhos deixou para o mundo.
Certamente, os profissionais com qualificação para debater este passado, presente e futuro estão dentro de um grande dilema. De um lado, alguns defendem o afastamento das redes sociais e o debate fora delas. Por outro lado, picaretas e maus profissionais levam o debate para as redes sociais e se apresentam com títulos como coaches, mentores e afins. Em cima do muro, aqueles que não aceitam a revolução em curso, e mantém o corporativismo de falsos juramentos profissionais. Em suma, a sociedade, como um todo, está perdendo de goleada, os “7 a 1” foram brincadeira de criança.
Por isso, é preciso ser honesto e ter coragem para romper as bolhas de conforto, buscar o diálogo construtivo e defender a verdade. Com toda a certeza, qualquer manifestação como este texto, é impopular e pode cair como uma carapuça para os desonestos. A honestidade e a sinceridade, valores outrora atributos positivos, precisam de resgate e valorização e serem “normais” novamente.
Desta forma, somente através do diálogo honesto e sincero, da busca pela verdade e da rejeição da hipocrisia construiremos alguma coisa tolerante e coesa. Sem dúvida, a desonestidade, o ódio e a mentira tornaram-se prerrogativa dos insensatos(4) e estultos.
O futuro da nossa sociedade depende da nossa capacidade de superar a polarização e reconstruir a ponte da comunicação autêntica. Quando se ouve frases como “.. nós somos o povo que Ele escolheu …” é fácil lembrar de outra que dizia “… nós somos a única raça pura …”. Portanto, a mesma analogia deve merecer uma transposição para aqueles grupos e patotas virtuais que pensam igual.
Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Anteriormente, revolucionário era aquele que pegava em armas para defender ideais. Atualmente, o revolucionário tem que provar que se é honesto mostrando ideias e tentando o debate. Perdemos !
(1) “Entre sem bater – Thomas Paine – Homem Morto“
(2) “Entre sem bater – G K Chesterton – Mundo Moderno“
(3) “Pecados – As origens e o mundo digital“
(4) “Entre sem bater – Anonymous – Prerrogativa dos Insensatos“
Imagem: Entre sem Bater – Thomas Paine – Ser Honesto
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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