Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Quando pegamos uma palavra, como por exemplo, “Realidade“, e vemos os pensamentos de Nietzsche e outros, a reflexão é inevitável.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Friedrich Wilhelm Nietzsche
De acordo com a proposta desta trilha de publicações, Nietzsche, será uma das presenças mais constantes. Desse modo, temos mais uma frase, quase emblemática, mas que é um reflexo do dia que vivemos. Não sabemos enfrentar a morte, como os monstros(1) descritos, anteriormente, por Nietzsche. Outros temas como a morte(2) são uma fonte inesgotável de reflexões que deveríamos fazer diariamente, mas a realidade é outra.
Friedrich Wilhelm Nietzsche ( 15 de outubro de 1844 – 25 de agosto de 1900) foi um filósofo alemão, poeta em prosa, crítico cultural, filólogo e compositor. Inquestionavelmente, seu trabalho exerceu uma profunda influência na Filosofia Contemporânea. Ele começou sua carreira como filólogo clássico antes de se voltar para a filosofia. Tornou-se a pessoa mais jovem a ocupar a cadeira de Filologia Clássica na Universidade de Baselem, aos 24 anos. Nietzsche renunciou em 1879 devido a problemas de saúde que o atormentaram a maior parte de sua vida. Em 1889, aos 44 anos, sofreu um colapso e, posteriormente, perdeu as faculdades mentais, com paralisia e, provavelmente, demência vascular. Desse modo, viveu os anos restantes de sua vida sob os cuidados de sua mãe, até a morte dela em 1897. Logo após, sua irmã Elisabeth Förster-Nietzsche cuidou de suas enfermidades. Nietzsche morreu em 1900, após sofrer com uma pneumonia e múltiplos derrames.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
A Realidade
Afinal, o que é mesmo a realidade; minha, sua, de qualquer um?
Os filósofos, desde que os pré-socráticos começaram a pensar no assunto, não conseguiram determinar o que é, mas souberam dizer o que não é. Admiro muito os antigos estoicos, pois colocam o dedo na ferida e todo mundo(3) que faz como os avestruzes passa recibo de tolo.
Assim sendo, acredito piamente que os filósofos, inclusive os modernos como Nietzsche, deveriam ser fonte de inspiração para experts em 280 caracteres(*).
A realidade é uma ilusão que justifica a opinião de qualquer um, contudo, algumas frases filosóficas são lapidares, por exemplo:
“Vivemos no mundo do irreal onde tudo o que vemos é somente uma sombra imperfeita de uma realidade mais perfeita.”
“Todas as minhas sensações podem estar me enganando, como me engano quando sonho e acredito que o sonho é realidade.”
“Sofremos mais em nossa imaginação do que na realidade.”
“Põe a tua inteligência em ação, observa como é na realidade a nossa vida, e não o que dizemos ela ser. E verificarás que muitos males nos são mais benéficos do que prejudiciais.”
Fonte: Pensador
Por isso é necessário, sempre e a cada dia mais intensamente, reproduzir estes pensamentos e algumas reflexões adicionais nestes tempos modernos.
A Dura Realidade
A realidade, atualmente, é uma distopia que transforma-se em fatos ou em algo real, à partir até da ficção científica ou inteligência artificial. Desse modo, a necessidade de que cada indivíduo faça uma reflexão e aceite que a sua realidade não é a do outro, é necessária.
Inquestionavelmente, na era das redes sociais, sofremos um bombardeio de um mundo de ilusões. Atualmente, as fronteiras entre realidade e ficção são como uma névoa numa manhã fria, enquanto o sol não surge.
O filósofo René Descartes, em sua célebre frase, certamente nos alertou sobre a possibilidade de nossas sensações nos enganarem. Analogamente, a ilusão que vivemos online, onde a linha entre a verdade e a opinião muitas vezes se torna tênue ou inexiste. Uma pessoa e, surpreendentemente, até grupos numerosos de indivíduos, acredita mais na realidade de outro, do que na sua própria.
Essa dura realidade pode, por exemplo, ter uma demonstração que muitos podem confirmar. Um torcedor está na arquibancada do estádio com um radinho no ouvido (agora é smartphone). Ao seu lado, um amigo não escuta nenhuma narração ou comentário. Ocorre um lance duvidoso dentro da área e, certamente, os dois que presenciaram o mesmo lance, terão opinião diferente. É provável que, aquele que ouve o radinho reproduzirá o comentário que o repórter de campo narrou.
Triste realidade !
Sofrimento e Dor
A imaginação, segundo Sêneca, é fonte de grande sofrimento, e nas redes sociais, essa afirmação é, cada vez mais, presente. A constante exposição a vidas aparentemente perfeitas e conquistas inatingíveis leva a uma insatisfação crescente. Desse modo, gera-se dor e sofrimento que, na maioria dos casos, é mais virtual do que real. Em outras palavras, o que antes era “morrer de véspera no Natal” agora é sofrer antes, durante e depois.
Como se não bastasse, repito incansavelmente. a busca incessante por validação e comparações criam uma realidade paralela. Com toda a certeza, estas realidades de um mundo paralelo sofrem distorções e individualizações insanas.
Se, por acaso, colocarmos a inteligência em ação, como sugeriu Sêneca, percebemos que a vida online nos afasta da realidade coletiva. A tendência de retratar apenas os aspectos positivos e ideais cria somente narrativas enganadoras. Desse modo, obscurece-se as adversidades e desafios que todos enfrentamos parecem problemas que se resolverão com orações.
A máxima de que “muitos males nos são mais benéficos do que prejudiciais” ganha força em tempos atuais. É provável que, quando confrontamos a artificialidade das redes sociais com a nossa realidade, ofendemos alguém. À medida que atuamos com autenticidade e sinceridade, ganhamos haters, dentre os adoradores de crenças e mitos. Entretanto, escapamos e ajudamos outras pessoas a escapar das bolhas e narrativas de gente sem noção da vida real.
Sem Juízo
Platão, ao descrever o mundo como uma sombra imperfeita da realidade, poderia, sem dúvida, se referir a esta era digital. Nas redes sociais, nos deparamos com versões ideais das pessoas e situações, que não refletem a complexidade e detalhes das relações humanas. A busca por uma realidade mais perfeita, após filtros e edições, afasta-nos cada vez mais da essência da existência coletiva.
Friedrich Nietzsche, ao abordar o juízo moral e religioso, lança, inegavelmente, luz sobre a polarização que permeia as interações nas redes sociais. A crença em realidades distintas, desde que bolhas ideológicas e algoritmos tomaram as rédeas, cria um terreno fértil para conflitos morais e religiosos. A virtualidade das interações propicia a formação de grupos extremamente individualistas e certamente egocêntricos. Por isso, termos como empatia e a compreensão saem de campo e dão lugar à intolerância e ao conflito.
A dualidade entre a realidade e a virtualidade das redes sociais reflete-se de maneira expressiva nos conflitos morais contemporâneos. O compartilhamento seletivo de informações, a disseminação de fake news e a propagação da polarização acirram os embates estéreis. Sendo assim, a fragmentação da coletividade e da cooperação ocorre no mundo digital, na família, nos ambientes profissionais. A construção de identidades virtuais se sobrepõe à construção de pontes entre diferentes perspectivas. Por isso, comprovamos que o abismo entre indivíduos e grupos cresce em todos os setores que deveriam evoluir com o debate.
Real e Irreal
A realidade coletiva, que deveria ser um ponto de convergência para o entendimento mútuo, está cada vez mais distante. A virtualidade das redes sociais propaga uma ilusão de conexão, enquanto, na prática, reforça a individualização e a polarização. Como resultado, cria-se uma sociedade que valoriza a imagem em detrimento da autenticidade. Com efeito, isso agrada aos algoritmos e quem se locupleta deles, em vez de promover a compreensão, a tolerância e a aceitação das diferenças.
Enfim, em um mundo onde a realidade virtual avança, é imperativo questionarmos a validade e os impactos de nossas interações online. A filosofia dos grandes pensadores, desde Sêneca até Nietzsche, oferece um olhar crítico sobre a natureza enganosa da experiência virtual. Em suma, é hora de repensarmos nossa relação com as redes sociais e atuando não como meros compartilhadores, mas como ativistas. Devemos reconhecer que a verdadeira coletividade acontecerá somente quando enfrentamos a realidade. Por isso, devemos deixar de lado as sombras imperfeitas que as redes sociais nos oferecem através de paralogistas e perfis falsos.
Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Com todo respeito a alguns poucos profissionais sérios, não existem filósofos de rede social, nem de Tik Tok ou de 280 caracteres.
(1) “Entre sem bater – Nietzsche – Monstros (Ungeheuem)“
(2) “Entre sem bater – Nietzsche – A Morte“
(3) “Entre sem bater – Constituição de Užupis – Todo Mundo“
Imagem: Entre sem Bater – Friedrich Nietzsche – A Dura Realidade
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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