Entre Sem Bater - Malcolm X - Os Jornais

Entre Sem Bater – Malcolm X – Os Jornais

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Os “Jornais” com seu poder influenciador, nos tempos de Malcolm X, só migraram para mídias diferentes, e está muito pior.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Malcolm X

Alguns pensadores, autores de frases e citações, estarão presentes em muitos textos nesta série “Entre sem bater“. De acordo com a proposta desta trilha, o objetivo é provocar o debate e o contraditório. Malcolm X não era um pensador acadêmico(*), ele simplesmente falava aquilo que vinha do coração e de suas lutas. Desta forma, a práxis dele deveria ensinar muitos cidadãos do planeta sobre temas como racismo, religião, preconceito e outros.

Malcolm X (nascido Malcolm Little , mais tarde Malik el-Shabazz; em 19 de maio de 1925. faleceu em 21 de fevereiro de 1965) foi ativista dos direitos civis e proeminente líder nacionalista negro que serviu como porta-voz da Nação do Islã durante as décadas de 1950 e 1960. Devido em grande parte aos seus esforços, a Nação do Islão cresceu de apenas 400 membros na altura em que foi libertado da prisão em 1952 para 40.000 membros em 1960. Um orador naturalmente talentoso, Malcolm X exortou os negros a libertarem-se das algemas do racismo “por qualquer meio necessário”, incluindo a violência. O impetuoso líder dos direitos civis rompeu com a Nação do Islão pouco antes do seu assassinato em 1965, no Audubon Ballroom, em Manhattan, onde se preparava para fazer um discurso.

Fonte: Biography.Com

Os Jornais

Muitas teorias que vemos nas frases de pensadores, inclusive aforismos e paráfrases, não passam de material de mobilização. O que dizem as redes sociais, na maioria das narrativas, não se encaixa(2) na vida real. Por isso, as frases de Malcolm X em seus discursos vão muito além de qualquer filosofia ou pensamento de rede social. Surpreendentemente, os adoradores das mensagens instantâneas comprovam a teoria de Malcolm X em “Alma Mater“.

Em 1963, quando Malcolm X proferiu seu discurso “A Mensagem para a América“, a imprensa era um gigante monolítico. Jornais, rádios e a televisão ditavam o ritmo da informação, moldando a opinião pública com uma força inigualável. Naquele contexto, Malcolm X denunciava a hipocrisia da mídia, sua cumplicidade na perpetuação do racismo e a omissão das lutas por justiça e igualdade.

Desde que se passaram seis décadas, o panorama da comunicação se transfigurou e outros canais assumiram papel relevante na comunicação de massa. A Internet e as redes sociais democratizaram o acesso à informação, criando um universo plural de vozes e perspectivas.

Quando traduz-se parte do discurso de Malcolm X, como na frase-chave, por jornais, é preciso entender que era este o principal meio de comunicação. Analogamente, é como se generalizássemos hoje em dia, a comunicação como redes sociais e portais de notícias. O canal de comunicação mudou, mas o conteúdo piorou muito, proporcionando uma verdadeira inversão da realidade na comunicação. Pulitzer, com toda a certeza, estaria se revirando no túmulo com o que acontece, atualmente, com a imprensa cínica(3).

Trecho do discurso de Malcolm X

O texto a seguir é parte do discurso de Malcolm X, do qual a frase-chave é uma parte.

“… A imprensa é tão poderosa em seu papel de criação de imagem que pode fazer com que o criminoso pareça ser a vítima e fazer com que a vítima pareça que é o criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Isso fará com que o criminoso pareça que é a vítima e fará com que a vítima pareça que é o criminoso. Se você não tomar cuidado, os jornais farão com que você odeie as pessoas que estão sendo oprimidas e ame as pessoas que oprimem.
Se você não tomar cuidado, porque já vi alguns de vocês presos naquele saco, vocês fogem se odiando e amando o homem – enquanto pegam o inferno do homem. Você deixa o homem te levar a pensar que é errado lutar com ele quando ele está lutando com você. Ele está lutando com você de manhã, lutando com você ao meio-dia, lutando com você à noite e lutando com você no meio, e você ainda acha que é errado revidar. Por que? A imprensa. Os jornais fazem você parecer errado…”

Discurso no Audubon Ballroom no Harlem (13 de dezembro de 1964), posteriormente publicado em Malcolm X Speaks: Selected Speeches and Statements (1965), editado por George Breitman, p. 93

Inversão da Realidade

Atualmente, qualquer pessoa com uma conexão à Internet publica suas opiniões e narrativas para o mundo inteiro ver. Se por um lado isso democratizou a disseminação de informações, por outro lado, abriu as portas para a desinformação e discursos de ódio. A junção da imprensa cínica de Pulitzer, a falta de ética das redes sociais e os opressores determinam a inversão da realidade.

Desse modo, assim como a imprensa na época de Malcolm X, as redes sociais hoje têm o poder de moldar a percepção pública. Elas podem, com toda a certeza, amplificar vozes marginais, mas também espalhar preconceitos e estereótipos. A irracionalidade que Malcolm X observou na imprensa de sua época agora se manifesta em narrativas das redes sociais. Infelizmente, a maioria das pessoas aceitam a exposição frequente, de forma passiva, onde opiniões reforçam suas próprias crenças.

Nesse ínterim, a idolatria aos opressores e a demonização dos oprimidos que Malcolm X criticou em seu discurso estão presentes e fortes. As redes sociais glorificam figuras autoritárias, tiranos e marginalizam qualquer um que se opõe às oligarquias e seus vassalos. Desta forma, as vozes dos que sofrem opressão se calam ou são vítimas de distorções e paralogismos.

É importante lembrar que, assim como a imprensa e jornais na época de Malcolm X, as redes sociais são apenas ferramentas. Elas podem ter ampla utilização tanto para o bem quanto para o mal. A responsabilidade de usá-las de maneira ética e justa recai sobre todos nós.

Analogamente, o poder da imprensa, desde Malcolm X, e o papel das redes sociais é perfeitamente compreensível. Como se não bastasse, é um lembrete da luta sanguinária contra a opressão e a injustiça que avança. É uma luta que requer vigilância constante, pensamento crítico e a coragem de desafiar as narrativas dominantes e inebriantes.

Opinião Pública e Jornais Modernos

Surpreendentemente, o que chamamos de opinião pública sofre sérias contaminações pelas publicações de senso comum. O papel dos jornais, digitais ou impressos, ganhou novos protagonistas. Inquestionavelmente, muitos destes protagonistas, que podem ser influenciadores ou coaches são, em sua maioria, lixo puro. Entretanto, eles têm o poder de influenciar as pessoas e são verdadeiros oportunistas no Século XXI. Desde que surgiram as redes sociais e os perfis do mundo digital, ficou impossível separar o trigo do joio.

Poder de Influenciar

Inegavelmente, desde a era dos jornais de tipografia, a mídia tem o poder de influenciar a opinião pública de várias maneiras, quais sejam:

1. Seleção de Notícias: A mídia (digital e tradicional) certamente decide, através de algoritmos, quais histórias serão a notícia do dia. Ao escolher destacar certos temas e ignorar outros, a imprensa determina a pauta para moldar a agenda pública.
2. Abordagem dos Temas: A forma como um tema tem sua apresentação nas redes sociais, influencia a percepção do público. Por exemplo, a cobertura jornalística é parcial e reflete os interesses dos proprietários dos meios de comunicação e do público-alvo.
3. Construção de Narrativas: Os canais de comunicação apresentam, sempre, as informações de uma maneira que favoreça uma determinada narrativa. Desse modo, inclui-se a escolha de fontes de informação, da linguagem e até a inclusão ou exclusão de contextos relevantes.
4. Propagação de Desinformação: Nas redes sociais, a disseminação de notícias falsas e desinformação é um problema crescente e sem controle. Por isso, muitos tratam uma distorção da realidade como verdade e formam uma opinião pública e senso comum numa bolha.
5. Manipulação de Emoções: As diversas plataformas e influenciadores utilizam técnicas de persuasão emocional que hipnotizam seus seguidores. Isso pode incluir o uso de imagens emocionais, manchetes sensacionalistas e até mesmo histórias de interesse humanista.

Assim sendo, o público, das redes sociais ou mídia tradicionais, e até leitores de publicações em papel, devem ter cuidado. As pessoas devem conhecer essas táticas e buscar uma variedade de fontes de notícias para obter uma visão diferente de qualquer tema.

Oportunidades e Ameaças

Decerto, as redes sociais e todas as mídias digitais conseguiram ser fonte de influência para milhões. Desta forma, exercem um poder que os jornais antigamente não possuíam, e as razões são muitas, dentre elas, destacamos:

1. Conexão Global: As redes sociais permitem a conexão com amigos e familiares em qualquer parte do mundo, facilitando a descoberta de interesses comuns.
2. Networking e Oportunidades de Negócios: As plataformas a aplicativos permitem a construção de relações profissionais e oferecem expansão e visibilidade para empresas.
3. Entretenimento: Os canais de comunicação proporcionam uma variedade de conteúdos de lazer e entretenimento, os jornais só tinham palavras-cruzadas.
4. Ativismo: De acordo com as regras de cada plataforma, é possível dar voz a causas sociais coletivas que nunca tiveram espaço.
5. Influência de Compra: Como nem tudo são flores, as redes sociais se transformaram na maior influência de compra do consumidor.
6. Disseminação de Informações: Inquestionavelmente, as redes sociais e a Internet são a maior fonte de informação e meio de comunicação da atualidade.
7. Caráter Aditivo: Com a propensão das redes sociais em promover comportamentos repetitivos, alguns usuários adquirem o nocivo vício do compartilhamento.

Esses fatores, positivos e negativos, dentre outros, contribuem para influenciar significativamente, a vida das pessoas no mundo real.

São ferramentas com altíssimo poder de mobilização e convencimento. Entretanto, a sua utilização de maneira irresponsável, como presenciamos nos últimos anos, nas editorias de política e religião é cruel. Em suma, usar essas plataformas digitais é muito diferente de ler os jornais e formar opinião sobre qualquer assunto. Certamente, os opressores que cooptam parte dos que oprimem, não agem de maneira consciente e ética.

E assim caminha a humanidade

Amanhã tem mais” …

P. S.

(*) Um pensador acadêmico atua mais com a teoria e frases tentando provar as hipóteses. O método de pensador que vive aquilo que fala é, com toda a certeza, diferente e melhor. Infelizmente, a maioria das pessoas segue a pauta que os déspotas das redes sociais determinam. É impressionante como os jornais, em suas versões modernas, ainda se prestam a papéis deploráveis, assim como o rádio e a TV.

(1) “Entre Sem ater – Malcolm X – Alma Mater

(2) “Entre Sem Bater – Steven Pinker – Não se Encaixa

(3) “Entre Sem Bater – Joseph Pulitzer – Imprensa Cínica

Imagem: Entre Sem Bater – Malcolm X – Os Jornais 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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