Pós-pandemia
É provável que a maioria das pessoas ainda demorem a se dar conta que tudo mudou. Uma vez que algumas coisas nunca mais serão as mesmas, as questões relativas ao trabalho são as mais vivas. A partir do trabalho é que se consegue saúde, educação e outras condições para prosseguirmos. Desse modo, venho escrevendo, há algum tempo, sobre o que prevejo. Assim o fiz em textos relacionados è Educação(1) e Trabalho(2), de forma geral. Contudo, é muito pouco e faz-se necessário tratar de um tema que vem me chamando a atenção: A gestão de equipes.
Uma vez que a minha carreira profissional foi, primordialmente, em empresas de TI, entendo os modelos de gestão de equipes atuais. Por outro lado, a graduação em administração contribuiu para o entendimento de algumas nuances da gestão de processos, pessoas e relacionamentos externos. Em outras palavras, não são temas estranhos nas minhas atividades profissionais.
Analogamente à “Uberização” de certos serviços por apps que se apresentam como inovação, temos os processos de gestão administrativa. Entretanto, tornou-se comum que processos ultrapassados ganhem ares de modernidade ou de um modelo disruptivo. Sem dúvida alguma, nada mais ilusório. Contudo, estes processos vêm ganhando defensores que nem ao menos conhecem o básico da gestão e administração.
Gestão de Equipes
Definitivamente, esqueçam tudo que os manuais de gestão de equipe ditaram até 2020. Home Office, presencial e híbrido são os termos da vez.
Certamente, todos os aspectos relacionados à gestão de pessoas deveriam estar sendo completamente revistos. Infelizmente, métodos e processos demodês estiveram na moda durante a pandemia como se fossem algo novo, e sobreviveram. Desta forma, ainda tem empresas que não se adaptaram às regras que qualquer gestor de pessoas mais cioso sabe de cor.
Por exemplo, existem alguns tópicos que, não importa se no ambiente home office, presencial ou híbrido, deveriam sofrer revisão e verificação.
- Acesso remoto e mobilidade dos colaboradores.
- Segurança da informação corporativa e das pessoas.
- Formas e canais de comunicação entre intervenientes.
- Produtividade e resultados corporativos.
Processos ultrapassados
Alguns processos só tiveram ao seu dispor ferramentas e computadores para agilizar a informação. A velha máxima de que “… um processo mal feito no computador só terá seus resultados errados exibidos mais rapidamente…”, prevalece atualmente. Portanto, é muito comum vermos ferramentas de gestão de pessoas e processos do milênio passado, como se fossem uma inovação.
Surpreendentemente, as plataformas de recrutamento e seleção têm sido um ótimo exemplo de que contratações mal feitas custam caro. Algumas organizações ainda pensam que é melhor contratar alguém mais barato do que manter um trabalhador onde está. A ideia de que é mais fácil controlar um novo colaborador parece seduzir muitos gestores. E recrutadores não se preocupam muito com especificidades de cada perfil e função.
Desse modo, como citei, em diversos momentos em que estive à frente de equipes multidisciplinares, foi necessário ser flexível. Com toda a certeza, a mudança de nomes como trabalho híbrido, home office etc. tem suas correlações a processos antigos.
A cabeça dos gestores de pessoas que pensam em controlar grandes grupos de pessoas através de “bater ponto” no computador, é pura confusão. As agendas de gestores não adaptados aos novos tempos é sempre repleta de reuniões, pouco efetivas, que esgotam o gestor. A reclamação da maioria destes gestores é de que estão trabalhando mais, e a partir disso, começam outros equívocos.
Gestores em Vertigem
O adjetivo vertigem tem todo o sentido aplicável a estes tempos malucos. Gestores perderam o equilíbrio quando pensam que terão controle de seus subordinados ou integrantes de projetos pela força do controle de ponto e similares. O tempo de que deve-se acompanhar atividades e utilizar de projetos e métodos como SCRUM(*) devem evoluir.
A questão ganhou as plataformas e redes sociais, inclusive profissionais, como o LinkedIn(3). Os debates, se é que podemos denominar assim, são, na maioria dos casos, superficiais. Os autores de textos com esta natureza, são pouco experientes e aproveitam a onda provocada pela pandemia.
A maioria dos que tentam debater o tema, criar enquetes, mal sabem as opções e as formas de trabalho. A quantidade de “especialista em gestão de pessoas” que habita estas redes e opina sobre o tema é assustadora. Os títulos dos textos, na maioria dos casos, sugerem alguma profundidade, mas não passam de mais do mesmo. Se bem que, com este texto/artigo eu também sofrerei acusações de superficialidade e outras menos nobres.
Assim sendo, reafirmo que redes sociais, e até mesmo textos em blogs, não são suficientes para abordagens sérias e profissionais deste tipo de debate.
Gestores de pessoas estão em vertigem, a maioria procurando emprego e com pouco conteúdo.
Gestão de Equipes após a pandemia
Em suma, a gestão de equipes no pós-pandemia exigirá de todos muito mais do que aplicação de técnicas e “cartilhas” de especialistas. Anteriormente, era comum um excelente técnico tornar-se um péssimo gerente, no modelo presencial. O risco de que técnicos excepcionais transformem-se em péssimos gestores aumentou. A horda de profissionais lero-lero que assumem gestão de projetos e de equipes é avassaladora.
O dilema começa quando o CEO delega e seus subordinados estão preocupados com fatores como produtividade e outros tópicos. O responsável pela gestão de equipes deve ter em mente que são unidades de negócio que devem se conectar com as demais áreas. Como se não bastasse, essas conexões vão além da organização e incluem terceirizados, fornecedores, clientes e até concorrência.
Enfim, a maioria dos gestores de equipes e seus superiores não estão preparados para esta discussão. O quadro é, de fato, desanimador. Fatores como a economia do país, a política macroeconômica e as tecnologias “inovadoras” ainda vão dar muita dor de cabeça para estes gestores.
(1) “Educação pós-pandemia“
(2) “Trabalho pós-pandemia”
(3) “Home Office x Presencial”
(*) SCRUM – É um método, processo com artefatos e procedimentos que acompanham um projeto de produto ou serviço denominado método ágil. Apropriado para gestão de recursos humanos, materiais e financeiros de um projeto com controle e participação de toda equipe.
Imagem: Reprodução Telesul
Nota do Autor
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