Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. É provável que David Pearce, e suas teorias trans-humanistas, tenha feito a perfeita diferenciação entre os literais e os “Inferentes“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
David Pearce
Já escrevi sobre hedonismo(1) e o tal projeto abolicionista de Pearce é bastante complexo para interpretações literais. É provável que esta dicotomia ( literais x inferentes ) seja fundamental para entendermos o que está acontecendo no mundo. Certamente, um pensador como Pearce, da minha faixa etária, nunca fez estudos sobre o brasileiro. Por outro lado, eu não me atrevo na linha da sociologia tupiniquim pois não tenho cabedal suficiente. Contudo, é sempre bom vermos frases de efeito e até piadas, para entender algo além das mesmices e superficialidade no mundo digital.
David Pearce (nascido em abril de 1959) é um filósofo trans-humanista britânico. Co-fundador da World Transhumanist Association, atualmente renomeada e incorporada como Humanity+. Pearce aborda questões éticas de uma perspectiva utilitária negativa lexical. Pearce mantém uma série de sites dedicados a tópicos trans-humanistas e ao que ele chama de “imperativo hedonista“. Seu manifesto “The Hedonistic Imperative” (1995), descreve como a farmacologia, a engenharia genética, a nanotecnologia e a neurocirurgia podem convergir. Desse modo, podem eliminar todas as formas de experiência desagradável da vida humana e não humana. Acreditam, portanto, que podem substituir o sofrimento por “gradientes de felicidade sensíveis à informação”. Pearce chama isso de “projeto abolicionista“.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Inferentes ou literais
Este tema (os inferentes), para um texto nesta trilha, surgiu a partir de um show de stand up comedy. O protagonista é o greco-mineiro Stevan Gaipo(2), que conheço desde quando começou. Sua piada sobre a quantidade de filiais da Drogaria Araújo era bem interessante e levava a coisa real para o mundo virtual. Entretanto, ninguém mais deve rir da história, e ele, assim como outros, teve que se reciclar.
Em uma apresentação recente, ele usou como tema a questão de alguém ser literal, e as dificuldades de cada pessoa em ter esta característica. Como se não bastasse, além das dificuldades por conta do tal hedonismo oco e egocentrismo, ser literal confunde-se com hipocrisia(3).
No show, em muitos momentos, Gaipo demonstra que a hipocrisia superou todos os comportamentos no planeta. Atualmente, quem é literal não tem espaço e os inferentes, cada um ao seu modo, estão no comando de tudo. As piadas são interessantes, a plateia ri sem nem perceber que os idiotas do show são eles, e aplaudem como focas em adestramento.
Ser Inferente
Na contraposição de ideias e conceitos, a melhor maneira é ser literal, na definição de inferente.
Ser inferente é a atitude daqueles que adotam uma posição inferencial. Em outras palavras, fazer inferências é fazer deduções a partir de conceitos e informações próprias de uma das partes que se comunica. Com toda a certeza, isto provoca sérios problemas de comunicação pois o inferente e o literal não estão nunca no mesmo diapasão.
E, como se não bastasse, inferir é tirar conclusões pela lógica e conveniência de cada receptor de mensagem. Desse modo, os inferentes não gostam de responder perguntas que pedem detalhamento de alguma comunicação.
Certamente, existem vários tipos de inferência como a casual, textual, estatística. Cada uma delas, sem dúvida, provoca o que podemos chamar de paralogismo, ilação ou comportamento semelhante. Em um mundo digital, que as respostas demandam rapidez, os literais são alimento farto para os imediatistas da inferência.
Podem até virar tema de quadro stand up comedy.
Ser Literal
O que Gaipo não disse, até para que a plateia não ficasse sem entender, é que o mundo dos literais é o real.
Analogamente, no ambiente de tecnologia da informação (TI), temos uma definição que é aplicável ao tema. Muitos profissionais de TI, entendem de Orientação a Objetos (OO), que é a representação máxima dos literais. O universo é, inquestionavelmente, orientado a objetos. E, surpreendentemente, os literais de TI têm que prever toda sorte de inferências dos lunáticos.
A “guerra” entre inferentes x literais vai muito além do que as pueris redes sociais imaginam. Portadores de transtorno do espectro autista, por exemplo, são literais em essência. E, desse modo, já trabalhei com pessoas portadores destes transtornos, muito melhores do que os hipócritas e hedônicos.
A batalha diária de um literal está se perdendo na avalanche de paralogismos, falácias e outros desvios dos inferentes e suas variações.
As piadas de Gaipo bem que podiam ter uma tradução e fazerem parte de uma apresentação para hedonistas e egocêntricos anônimos.
Em suma, na velocidade em que os hedonistas e a ciência avança, não tem mais espaço para os literais, nem em stand up. David Pearce e suas teorias sobre “… o realismo ingênuo é melhor para a saúde mental …” não passa de pura hipocrisia.
P. S.
Eventualmente, incorporo palavras pouco usuais aos textos que escrevo. Algumas críticas sobre esta atitude são compreensíveis, mas é necessário para que os inferentes e os “realistas” egocêntricos acordem.
(1) “A geração do hedonismo oco”
(2) “Stevan Gaipo – Youtube”
(3) “Hipocrisia no Comando”
Imagem: Entre sem bater – David Pearce – Os Inferentes
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.