Entre sem bater – Povos Originários – Meio Ambiente

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Com toda a certeza, “Meio Ambiente” não é um termo que os Povos Originários do planeta cunharam, mas conhecem mais do que todos.

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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Povos Originários

A cultura dos povos originários é o conhecimento do passado que transforma-se em sabedoria no presente e para o futuro. Alguns provérbios e pensamentos dos povos originários têm apropriação pelos seus descendentes ou estudiosos. É provável que paráfrases e aforismos tenham origem na sabedoria milenar destes habitantes originais das nações. Os pensamentos de diversas tribos e nações destes povos, estarão aqui para mostrar que o conceito de civilização depende deles.

“As comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos.”

Luciano, G.S. (2006). «O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje.» Edições MEC/Unesco. Consultado em 26 de agosto de 2023

Meio ambiente

Em primeiro lugar, meio ambiente é um termo que os povos indígenas não são responsáveis pela criação das adaptações. Sem dúvida, quase todos seus provérbios ajustam o homem à natureza, e o que não se ajusta é responsabilidade do homem. Desse modo, desde o  crime ambiental de Mariana⁽¹⁾, um provérbio indígena tem seu espaço.

É provável que esta frase de estreia como autoria dos povos originários nunca tenha passado pela sabedoria de nenhuma tribo no planeta. Entretanto, muitos “pensadores” e colecionadores de frases atribuem a eles, estamos seguindo estes “pensadores”.

Independentemente de sua procedência, esse provérbio ressoa fortemente nos dias atuais. Inquestionavelmente, chama a atenção para a interdependência entre a natureza e o comportamento dos humanos civilizados. Destaca-se que a frase indica a importância de preservar nosso meio ambiente agora, para colher os benefícios no futuro.

Paráfrase

A atribuição deste pensamento aos povos originários resvala na sabedoria ancestral, que muitas culturas indígenas possuem em relação à natureza. Essas comunidades têm uma profunda conexão com o ambiente que as cerca, não apenas como fonte de recursos “inesgotáveis”. É provável que a natureza, para eles, seja uma parte intrínseca de sua identidade e espiritualidade.

Os povos indígenas certamente viviam e ainda vivem em harmonia com a natureza. Desse modo, devem compreender que a exploração  além dos limites da sustentabilidade, dos recursos naturais tem consequências devastadoras.

Para entender esta paráfrase é fundamental mergulhar na filosofia e cosmovisão dessas culturas. Para os povos originários, a terra não é semelhante a uma mercadoria, para intermediação, exploração e negociação. É, sem dúvida, como uma mãe que sustenta e nutre seus filhos durante a vida. Eles acreditam que todos os seres vivos têm conexão, e que a destruição da natureza resulta na degradação da própria humanidade.

Dinheiro

A última parte da frase, “só então as pessoas perceberão que o dinheiro …“, não reflete a visão indígena sobre as coisas. O conceito de dinheiro não tem associação com o valor da natureza para a vida humana. Os povos originários do planeta tinham a noção de troca e a ideia de qualquer ganho material não pertence a eles.

A ideia na frase final destaca a ilusão de que a riqueza monetária é mais importante do que a preservação do meio ambiente. A história, a mesma que os livros dos “vencedores” contam, traz a ideia de enganar os povos originários pela riqueza. Notadamente com os povos originários das Américas, e a relação com os colonizadores europeus, isso se confirma.

Com toda a certeza, a ideia de que o dinheiro pode proporcionar conforto material não tem origem em provérbios indígenas. Contudo, é factual que o dinheiro não pode substituir benefícios da natureza, como ar limpo, água potável e alimentos saudáveis.

Tempos Modernos

À medida que exploramos a aplicabilidade dessa frase, atualmente, é evidente que enfrentamos desafios ambientais cada vez mais graves. Por exemplo, a exploração desenfreada dos recursos naturais, a poluição do ar e da água são visíveis no planeta inteiro. Como se não bastasse, a degradação do solo e as mudanças climáticas ameaçam o equilíbrio ecológico do planeta.

No Brasil experimentamos o negacionismo quando mentes obscuras dizem em redes sociais que não existem problemas como a camada de ozônio. Na maioria dos casos, aqueles que mais destroem e lucram com os problemas ambientais são os que defendem o obscurantismo e ignorância.

A frase, embora não tenha origem indígena, serve como um alerta, chamando a atenção para as consequências destrutivas das ações humanas.

Atualmente, mais do que nunca, a humanidade testemunha os impactos negativos de suas escolhas na exploração do meio ambiente.

A extração insustentável de recursos naturais está levando à escassez de árvores, rios poluídos e a diminuição das populações de peixes. A degradação das terras, com a exploração de minérios e mau uso de água doce, colapsam vários microambientes. Essas ações predatórias não apenas prejudicam a biodiversidade, ameaçam a segurança alimentar, a saúde pública e o equilíbrio do planeta.

Por outro lado, o papel do dinheiro e da ganância na degradação ambiental é um fato incontestável. As ações prejudiciais ao meio ambiente, não raramente, tem origem na busca de lucro a curto prazo. Desse modo, muitos habitantes destas redes sociais modernas não enxergam que tudo é à custa das futuras gerações e do próprio planeta. As empresas frequentemente priorizam os ganhos financeiros em detrimento preservação ambiental, ignorando os impactos a longo prazo.

Modinhas

Recentemente, surgiu a modinha do ESG para grandes organizações darem mostra de preocupação. Mais um comportamento para provocar o diversionismo e que ganha seus adoradores e multiplicadores na Internet e suas plataformas.

Com toda a certeza, muitas pessoas estão em desconexão abismal com a natureza e das consequências de suas ações. A exploração dos recursos naturais ocorre devido à falta de compreensão sobre os impactos ambientais e à falta de respeito pela natureza. Como se não bastasse, as pessoas utilizam recursos tecnológicos como se o meio ambiente não sofresse degradação.

Por exemplo, podemos citar duas outras modinhas que ganharam a simpatia do povão: a) carros elétricos b) smartphones que consomem muita energia.

O provérbio nos lembra que só quando enfrentarmos o banquete de consequências⁽²⁾ de nossas ações destrutivas começamos a refletir. É provável que, só perceberemos que o dinheiro não pode remediar as feridas infligidas ao meio ambiente quando é tarde demais.

Sociedade Moderna

Nossa sociedade moderna enfrenta uma encruzilhada crítica. Devemos tomar medidas significativas para reduzir nossa pegada ecológica, adotando práticas sustentáveis e respeitando os limites da natureza. Isso inclui a transição para fontes de energia limpa, a conservação dos ecossistemas e a promoção da agricultura sustentável.

A crise ambiental global não é um problema que possa ter procrastinação, passamos desse ponto e não tem retorno. Os impactos das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e da poluição já são visíveis. Quando vemos a seca na Amazônia, as enchentes no sul do país, só para ficar no Brasil, o alerta vermelho deveria estar em modo ativo.

Devemos reconhecer a urgência da situação e lutar por medidas decisivas para proteger nosso planeta e as gerações futuras. Quando estourou a represa em Mariana, era um prenúncio. Pouco depois, Brumadinho e os criminosos continuam impunes. Até quando?

Sustentabilidade

A sabedoria contida neste provérbio, certamente, não é exclusiva dos povos originários ou indígenas de qualquer lugar do planeta. Entretanto, é uma ideia que ecoa em todo o mundo, à medida que mais pessoas reconhecem a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade.

Movimentos globais, como o ambientalismo e a justiça climática, reúnem pessoas de diversas origens para lutar por um planeta saudável e sustentável.

Em suma, a frase é um alerta para os perigos e ameaças à humanidade que enfrentamos atualmente. Assim sendo, o pensamento reforça a necessidade de ação imediata. Por isso, é essencial a reavaliação de nossos valores e prioridades, além do espírito cooperativo e de colaboração global.

No final das contas, a mensagem do provérbio é universal e relevante para todas as pessoas, independentemente de sua origem. É essencial compartilharmos a responsabilidade de cuidar do planeta, que chamamos de lar.

P. S.

A trilha “Entre sem Bater” apresentará muitas frases ou provérbios de indígenas ou com atribuição a pensamentos destes povos. Sempre que possível, identificaremos a tribo ou o representante dos indígenas que verbalizou o pensamento.

 

⁽¹⁾ “Não foi acidente – O Crime do Século”

⁽²⁾ “Entre sem bater – Robert Stevenson – Banquete de Consequências”

 

Imagem: Entre sem Bater – Povos Originários – Meio Ambiente

Nota do Autor