Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Pulitzer era, em primeiro lugar, um jornalista crítico. Surpreendentemente, quando referiu-se a uma “Imprensa Cínica” falava por experiência própria e uma autocrítica rara nos dias atuais.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Joseph Pulitzer
Pulitzer era um estrangeiro que poderia simbolizar o que dizem do “espírito de liberdade” estadunidense. Um imigrante, num período complicado para o mundo, que era jornalista e tornou-se político num país que não nasceu. Os tempos eram outros e é provável que Pulitzer não imaginava que sua frase sobre uma imprensa cínica se realizaria no Brasil.
Joseph Pulitzer nascido Pulitzer József (10 de abril de 1847 – 29 de outubro de 1911) foi um húngaro, político americano e editor do jornal St. Louis Post-Dispatch e do New York World . Ele se tornou uma figura nacional de destaque no Partido Democrata e foi eleito congressista por Nova York. Ele lutou contra as grandes empresas e corrupção e ajudou a manter a Estátua da Liberdade em Nova York.
Fonte: Wikipedia
Imprensa Cínica
Certamente, Pulitzer ao citar o termo “imprensa cínica” estava associando a república e o poder da mídia.
A frase sobre a relação entre a imprensa e seu público foi decorrência de um texto seu que dizia:
- “Nossa República e sua imprensa crescerão ou cairão juntas“.
Desse modo, a República a que ele se referiu possuía um pouco mais de 100 anos. Entretanto, ao sul da linha do Equador, uma República era iniciante nas relações mídia e republicanismo.
Enquanto Pulitzer dizia para eles que “… o poder de moldar o futuro da República estará nas mãos dos jornalistas…” alguém muito esperto entendeu a jogada do poder.
Poder
Já escrevi sobre o poder exercido pela mídia e os escritos de Pulitzer são parte de minha fundamentação. Montesquieu, e seus ideais republicanos, imaginou dois poderes (Executivo e Legislativo). Os legisladores deixaram a turma das leis terem também uma fatia de poder, no mesmo patamar.
Assim sendo chegamos às condições presentes nas maiores democracias do planeta: Três poderes equilibrados. Por outro lado, a ganância pelo poder deixou sevandijas e rentistas de fora: a galera da imprensa e da economia têm a goela larga.
Desde que instalaram-se as democracias, sejam elas republicanas ou não, criaram-se poderes paralelos, como a economia e a imprensa. Contudo, nas últimas décadas, o mundo mudou, a imprensa cínica ganhou adeptos e multiplicou-se nas redes sociais.
Parafraseando Pulitzer, as redes sociais cínicas, mercenárias, demagógicas e corruptas formaram seguidores tão vis quanto elas mesmas.
Redes Sociais
É assustadoramente perturbador o que está acontecendo nas redes sociais, notadamente no Brasil.
Espaços virtuais, inclusive de trabalho e emprego como o LinkedIn, têm sido palco de invasores que são tão vis como os seus rentistas de estimação. Por outro lado, em qualquer grupo que tenha determinado objetivo, a reprodução de mentiras ( fake news ) ganha espaço. E, como se não bastasse, cresce a legião de haters que, de parte a parte, acusam e saem correndo de qualquer debate.
A canalhice, e o que Pulitzer chamou de imprensa cínica, expandiu e criou uma legião de gente sem caráter, e que se julga imprensa.
Se sempre foi muito ruim aturar a mídia de concessão (Rede Globo, etc.) e as oligarquias da comunicação, piorou muito recentemente. As redes sociais, repletas de seguidores de mentirosos, se acham dona do mundo e da verdade.
Oligarquia da Comunicação
As redes sociais, sem o espírito da virtude e bem público e treinada para compartilhar mentiras e farsas, tomou o país de assalto.
Alguns anos atrás, esta mesma mídia promoveu o Brexit(1), que pavimentou a saída do Reino Unido da União Europeia. Com toda a certeza, aquele Reino ficou muito dividido, como o plebiscito. Depois que efetivou-se a saída, os problemas se avolumam e em breve veremos o que a imprensa cínica vai produzir.
O Brasil está como naquele dilema de acabar com a formiga. Ou o Brasil acaba com esta imprensa cínica e servil ou ela acaba com o Brasil.
Não se trata aqui de pedir censura às comunicações. Diferenciar liberdade de expressão e “direito” de divulgar mentiras impunemente é a questão central.
Ou se muda o centro do poder das oligarquias da comunicação ou locupletemo-nos todos.
Nunca antes, na história do Brasil, em todas as editorias (política, futebol, cotidiano etc.), tivemos uma frase centenária tão atual e aplicável.
Em suma, a imprensa cínica é composta, atualmente, por “top voices“, influencers, perfis fakes, haters profissionais e toda a fauna de adoradores de mitos.
(1) “Brexit, um Reino dividido pelo plebiscito”
Imagem: Entre sem Bater – Joseph Pulitzer– Imprensa Cínica
Nota do Autor
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