Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Victor Hugo transitou de monarquista a republicano, e transformou-se num opositor do absolutismo, daí a ideia da “Revolução-Civilização“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Victor Hugo
Com toda certeza, compreender uma mente como a de Victor Hugo não é para quem lê somente frases isoladamente e sem reflexão. Contudo, ao desvendarmos uma frase com a ideia da “Revolução-Civilização” após muitas revoluções, é enriquecedor. Por outro lado, falar das virtudes das obras de ideias de Victor Hugo é, por assim dizer, chover no molhado.
Victor-Marie Hugo ( 26 de fevereiro de 1802 – 22 de maio de 1885 ) foi um escritor e político romântico francês. Durante uma carreira literária que durou mais de sessenta anos, ele escreveu em uma variedade de gêneros e formas. Ele é considerado um dos maiores escritores franceses de todos os tempos. Suas obras mais famosas são os romances O Corcunda de Notre-Dame (1831) e Os Miseráveis (1862). Hugo estava na vanguarda do movimento literário romântico com sua peça Cromwell e o drama Hernani. Muitas de suas obras inspiraram música, tanto durante sua vida quanto após sua morte, incluindo a ópera Rigoletto e os musicais Les Misérables e Notre-Dame de Paris. Ele produziu mais de 4.000 desenhos em sua vida e fez campanha por causas sociais, como a abolição da pena de morte. Embora fosse um monarquista comprometido quando jovem, as opiniões de Hugo mudaram com o passar das décadas e ele se tornou um defensor apaixonado do republicanismo. Seu trabalho tocou na maioria das questões políticas e sociais e nas tendências artísticas de seu tempo. Sua oposição ao absolutismo e sua estatura literária o estabeleceram como um herói nacional.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Revolução-Civilização
É provável que a ideia de Victor Hugo sobre um partido “Revolução-Civilização” surgiu após sua passagem por diferentes ideologias partidárias. Se tomarmos, analogamente ao que acontece hoje no Brasil, a concepção do político francês deveria sofrer um exame cuidadoso.
Tomemos, por exemplo, a farra de mudanças de nomes de partidos no Brasil e a dança dos políticos entre estes partidos.
Existe, verdadeiramente, alguma ideologia política nestes partidos? ( Com toda a certeza, as exceções confirmam a regra ! )
Enfim, considero que existem repúblicas somente após a Revolução Francesa. Desse modo, o republicanismo foi fundamental para que a referência sobre civilizações começasse a se extinguir. Inquestionavelmente, após a implementação das repúblicas as civilizações nunca mais foram as mesmas. Desta forma, é impossível falar numa hipotética agremiação política do tipo “Revolução-Civilização”, neste “Brasil-Colônia“.
Brasil
Em primeiro lugar é necessário pontuar que o Brasil e os brasileiros não respeitam estruturas político ideológicas e partidárias. O eleitor brasileiro se, eventualmente, visse um partido como nome de “Partido da Revolução-Civilização” iria repeli-lo. Em outras palavras, a sociedade brasileira acostumou-se a se ver representada por nomes que representam simbolismos e hipocrisia.
O bipartidarismo, sobretudo no Brasil em décadas passadas, é péssimo para qualquer democracia, mesmo as falsas. Por outro lado, a proliferação de siglas que não significam nada, não contribui para evolução política da sociedade.
Desde que saímos do regime militar, poucos partidos sobreviveram e as ideologias tornaram-se um tormento para o brasileiro. A primeira eleição para presidente, uma sigla (PRN) trouxe a ilusão de que pessoas podiam implementar políticas. Surpreendentemente, acreditaram num “bago roxo” que não passava de um falso “caçador de marajás” e na manipulação da mídia.
Montesquieu
Anteriormente, escrevi sobre o absurdo da política nada republicana no Brasil. Desde as ideias de Montesquieu(1) e a divisão entre poderes, a compreensão do brasileiro é limítrofe. Como se não bastasse, temos uma história nada republicana(2), com requintes de golpes e crueldade.
Estados Unidos do Brasil
Desse modo, a frase original “” é somente algo imaginário que nem Victor Hugo acreditou em vida.
“Represento um partido que ainda não existe, o partido Revolução-Civilização. Este partido terá início no século XX. Dele emergirão primeiro os Estados Unidos da Europa, depois os Estados Unidos do Mundo.”
Em suma, os ideais de Montesquieu ou Victor Hugo na construção de um partido ou vida de uma “Revolução-Civilização” são utopia. As redes sociais e o sentimento anticivilizatório reinante, nos levam de volta aos tempos dos bárbaros. É mais do que evidente ver que buscam a criação dos “estados independentes” dos desunidos globais.
Victor Hugo podia ser um visionário e até humanista, mas errou feio na sua previsão para o Século XX. Deve se revirar no túmulo neste Século XXI de redes sociais e civilizações aculturadas. Se pudéssemos, analogamente, abrir um debate no Brasil sobre algo revolucionário e civilizatório, não teríamos audiência e palanque.
Sistemas políticos e sociais são conceitos incompreensíveis, acima de tudo, para nossa sociedade. Prevalece aqui a cultura de castas e benefícios para oligarquias e bancadas políticas de interesses. O Brasil não é uma república com partidos políticos, é uma nação com muitas raças e suas “bancadas”.
Sem dúvida, perdemos e somos os estados desunidos do Brasil.
(1) “Revisitando Montesquieu no Século XXI”
(2) “Res púbica de de Floriano a Temer”
Imagem: Entre sem bater – Victor Hugo – Revolução-Civilização
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.