Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Palavras como, por exemplo, “Dissimulação” ganharam significação diferente, e Lenine sabe quais os efeitos que isso provoca.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Lenine
É provável que muitos brasileiros não ouçam a música de Lenine por um único motivo: Este nome é de um comunista. Com toda a certeza, o nome é decorrente de uma homenagem ao personagem Lênin, de nossa história civilizatória. Desse modo, mais do que frases inspiradoras na sua poesia, sem dissimulação, Lenine é um pensador contemporâneo.
Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, mais conhecido simplesmente como Lenine nasceu em Recife, em 2 de fevereiro de 1959. É um cantor, compositor, arranjador, multi-instrumentista, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico, e ecologista brasileiro. É ganhador de seis Grammy Latino, dois prêmios da APCA e nove Prêmio da Música Brasileira. Contabiliza-se que Lenine tenha escrito, gravado e produzido mais de quinhentas canções, algumas dessas gravadas por Maria Bethânia, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Gilberto Gil, entre outros.
Fonte: Wikipedia (Português)
Dissimulação
Dissimulação é o que vivemos de uns tempos pra cá, de maneira irreversível. Assim sendo, a palavra pode não se encaixar naquilo que tenha significação para cada um de nós. Infelizmente, as pessoas aderiram às redes sociais, assim como aderiram às “verdades” do Jornal Nacional. Se, anteriormente, uma notícia na TV ou no Jornal demorava até alguns dias para ser “aceita” como fato, agora uma opinião vira verdade em segundos. E, como se não bastasse, não tem nenhuma via de retorno, caso a opinião mostre-se sem fundamento ou inverossímil.
O Brasil elegeu um Presidente da República a partir de mentiras que um de seus filhos lançou nas redes sociais. Este mesmo ilusionista quase foi reeleito com mentiras piores e mostrando uma dissimulação exemplar durante momentos graves. Uma pessoa que zomba de doentes vítimas de uma pandemia global, não pode ser objeto de idolatria coletiva. #SQN
Pouco antes de sair do poder, este especialista na arte da dissimulação, cuidou de pegar tudo que podia e não era sua propriedade. Outrossim, orientou milhões de brasileiros a apoiarem um golpe de Estado, nas barbas dos Poderes da República. E ainda existem milhões apoiando esta volta à Idade Média dos bárbaros, inclusive dentro de nossas casas.
Fissura
Lenine, num depoimento emocionante, expressa sua indignação em relação a estes tempos obscuros e cruéis que vivemos recentemente no Brasil.
A dissimulação a que se refere Lenine reflete a forma com que ele mostra sua indignação, com uma educação exemplar. Particularmente, sou incapaz de aceitar que seja uma dissimulação apenas. A canalhice da hipocrisia daqueles que reproduzem as mentiras e tentam impor as narrativas é inaceitável.
Celebração, por Lenine.
“Vai levar muito tempo para curar essa fissura. Cada pessoa que carregava um sentimento profundo de fracasso viu a possibilidade de expor seu monstro, sem nenhum escrúpulo. Uma canalhice cultivada, da dissimulação que tomou conta das casas, que entrou nas famílias. Rachou o país. Isso é medieval. É um dualismo burro e que não tem nada a ver com o tempo de hoje. Eu levei um tempo para voltar a acreditar que a vida é como um coração. Você tem sístole e diástole. E a gente estava no meio de uma diástole muito profunda, foi muito pra trás. A gente estava praticamente numa Idade Média. E isso pra mim foi muito doído. Eu fiquei muito deprimido, e sem estímulo para fazer música. Este tempo que nós estamos vivendo agora, com esse retorno, esses quase cinco meses, é um tempo que estou celebrando. Até agora estou celebrando.“
Sístole e Diástole
Analogamente à vida como um coração, concordo com Lenine. Entretanto, não sei se estamos nos recuperando de uma diástole profunda. Estamos presenciando atrocidades inomináveis, sem nenhuma dissimulação de quem as pratica, ganhando a mídia e as redes sociais.
Nesse ínterim, as pessoas vão deixando a boiada passar, se preocupando com fatos que deveriam causar indignação na humanidade.
Dois exemplos
- Numa partida de futebol, um jogador negro é alvo de manifestações racistas. A federação de futebol em que ele atua tem no seu comando um representante da Direita que passa pano para os atos racistas. Segue o jogo…
- Em Belo Horizonte, uma vereadora sugere a mudança de nome de uma via que homenageia “Dona Helena Greco“, uma ativista dos Direitos Humanos. Esta vereadora, de uma seita religiosa propõe a troca de nome para Olavo de Carvalho.
São apenas dois casos em que a extrema-direita avança, sobretudo para cima dos direitos humanos e civilizatórios. E as redes sociais e a mídia têm como pauta a “decepção” de Lula ou Zelensky sobre um encontro com muita dissimulação. Nosso povo não se preocupa mais na dissimulação que vai apresentar.
Brasil
Cazuza pediu, anteriormente, para o Brasil mostrar a tua cara, e o pedido dele está aí, para todos verem.
Esta é a tua cara e, surpreendentemente, a maioria dos brasileiros que defendem atos civilizatórios, estão na defensiva. É parte da estratégia midiática e da extrema-direita acusar e apontar os dedinhos sujos, e ficamos na defensiva.
É, sem dúvida, assustador vermos alguns personagens e perfis debatendo sobre as piadas que são possíveis e aceitáveis. A tragédia e a farsa ganharam status de dissimulação como piada. E tem pseudocomediante achando que tem direito de se expressar com a suas piadas, sem o mínimo pudor.
E, desgraçadamente, esses caras e muitos influencers estão ganhando muito dinheiro
Desse modo, esvazia-se uma CPI aqui ( 8 de janeiro ), passam pano para votação de um PL ( Fake News ) e inflam a briga contra o MST.
O brasileiro, em sua maioria, definitivamente, perdeu toda a noção de realidade e vive no mundo da dissimulação e hipocrisia das redes sociais.
Enfim, vozes e depoimentos como o de Lenine e alguns poucos outros de nada servem nas redes sociais, estou com medo de celebrar.
Bem vindos à Idade Média … #MAKTUB !
Imagem: Entre sem bater – Lenine – Dissimulação
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.