Entre sem bater - Groucho Marx - Nenhum Clube

Entre sem bater – Groucho Marx – Nenhum Clube

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Groucho Marx não teve a ideia, mas sabia que “Nenhum Clube” é bom para aceitar quem pensa fora da caixinha. .

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Groucho Marx

Com toda a certeza, Groucho Marx era o que poderíamos chamar de fanfarrão. Entretanto, se estivesse nascido uns 20 ou 30 anos atrás, seria o maior comediante de stand-up do planeta. As frases dele, seja sobre um juiz(1), sobre associar a clubes e muitas outras são de um fino humor atemporal. Surpreendentemente, muitas pessoas não reconhecem o humor de Groucho, mas riem de comediantes de rede social.

Julius HenryGroucho” Marx ( 2 de outubro de 1890 – 19 de agosto de 1977 ) foi um comediante, ator, escritor, ativista do cinema e do rádio, cantor, estrela de televisão e artista de Vaudeville Americano. Ele tem amplo reconhecimento como um mestre do raciocínio rápido e um dos maiores comediantes da América.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

Nenhum Clube

O pensamento, com toda a certeza, não é de Groucho Marx. Contudo, deveria ter uma atualização a cada segundo ou criação de grupos em redes sociais e homenagear o artista de Vaudeville.

A primeira referência que se tem notícia desse pensamento tem registro quando Groucho Marx tinha um ano de idade(2). Entretanto, foi este humorista que melhor transformou a ideia para o mundo inteiro, com aplicação em diversos setores. Este pensamento e atitude pode, analogamente, substituir a participação em um clube, pela participação em grupos de redes sociais. Por outro lado, assim como desde 1891, as pessoas querem participar de todos os “clubes”. A ideia de não participar de nenhum clube, como imaginou Groucho, é a antítese da vida digital das pessoas.

Em outras palavras, as maiores redes sociais querem as piores pessoas e nenhum clube dá convites para pessoas boazinhas. A briga por ter convites nestas redes é o que as fazem crescer e quando pior o caráter do organizador, mais os convites têm valor. Em suma, hipocrisia, pompa e circunstância é o que nenhum clube admite ter, mas todos praticam em demasia.

O desespero por pertencer

Ah, Groucho Marx, um mestre do sarcasmo e da ironia, como suas palavras que não cabem na era das redes sociais! “Não quero pertencer a nenhum clube que me aceite como membro“, é uma farsa na busca por validação virtual da atualidade.

Observem, meus caros leitores, a horda de perfis famélicos por “likes” e por seguidores, rastejando em busca de aprovação em grupos digitais(*). Grupos estes que, em sua quinta-essência, nada mais são que os antigos clubes elitistas sob o disfarce das hashtags e das  comunidades online. Saudades do Orkut, onde as comunidades do tipo “Eu odeio o fulano…” faziam sucesso e todos tinham boa recepção.

Aliás, nenhum clube antissocial conseguiu o sucesso das comunidades do Orkut, com seus salões virtuais e a hipocrisia reinando absoluta.

Hipocrisia e Falsidade

Perfis cuidadosamente esculpidos, ostentando vidas perfeitas, escondem as inseguranças e fragilidades que pulsam por baixo da superfície. Fingimos interesse em temas que nos aborrecem, aplaudimos talentos medíocres e bajulamos “influenciadores” que vendem ilusões em troca de likes. E, como se não bastasse, a cumplicidade dos medíocres cria grupelhos daqueles que convergem na ignorância. O ditado de que um gambá cheira outro ganhou os grupos de redes sociais como nenhum clube social tradicional.

A pompa e circunstância que outrora adornavam os clubes tradicionais agora se manifestam de outras formas. Atualmente, as fotos com edições, pequenas legendas pomposas e filtros que transformam o banal em extraordinário são comuns. Substituíram os carros novos, as festas de quatrocentos talheres e as viagens dos filhos à Disney. O desespero de pertencimento e reconhecimento se dá através de números e aparência. Em outras palavras, é como se a quantidade de seguidores fosse a medida do nosso valor como seres humanos.

E qual o preço dessa busca incessante por validação? A perda da autenticidade, a submissão à tirania da opinião pública e a frustração de nunca sermos “bons o suficiente” aos olhos do tribunal virtual.

Clubes e Panelinhas

Nenhum clube anteriormente aceitava quem destoava do padrão, e continua a mesma coisa. Contudo, o comportamento dos membros destes clubes e seus súditos do mundo digital agora é peculiar, senão vejamos:

  • Os ostentadores: publicam fotos de carros luxuosos, viagens paradisíacas e refeições opulentas, numa tentativa patética de impressionar o mundo com sua riqueza material.
  • Os “influenciadores”: vendem produtos e serviços milagrosos, prometendo felicidade instantânea a quem os seguir cegamente, enquanto escondem suas próprias frustrações e inseguranças.
  • Os “haters”: vomitam ódio e rancor nos comentários, escondidos atrás da covardia do anonimato, buscando diminuir os outros para se sentirem superiores.
  • Os “especialistas”: pontificam sobre assuntos que mal conhecem, ostentando diplomas duvidosos e teorias conspiratórias, disseminando desinformação e confusão.

Certamente, no meio dessa multidão de personagens caricatos, encontramos os “invisíveis”, que  são a antítese de Groucho. São aqueles que navegam em silêncio, consumindo o conteúdo alheio sem se exporem, vítimas da ansiedade social e da baixa autoestima. Esperam para montar seus clubinhos, reunir sua patotinha e fazer suas pequenas confrarias.

Inquestionavelmente, a hipocrisia, a pompa e circunstância dos antigos clubes vivem uma metamorfose. Os algoritmos, hashtags e filtros, criam, sem dúvida, uma nova arena de futilidades e superficialidades.

Necessidade Básica

Contudo, meus caros, não se enganem: a busca por pertencimento é uma necessidade humana básica que explodiu com as redes sociais. O problema reside na forma como essa busca se manifesta na era digital e o desrespeito para com outras pessoas. Verificar qualquer traço de inteligência(3), ou a falta dela, nos usuários de redes sociais é muito fácil e rápido.

Em vez de nos submetermos à tirania da validação virtual, deveríamos resgatar o valor da autenticidade e das conexões sinceras. A necessidade de espaços reais de convergência, de diálogo, sem a necessidade de filtros ou máscaras deveriam ser maiores. A individualidade e egocentrismo, que limitam a diversidade de pensamentos, experiências e perspectivas está no comando.

A necessidade básica não é mais o coletivo ou a cooperação em nenhum clube ou grupo. E, acima de tudo, a quantidade de seguidores e membros de clubes destrói as possibilidades até de rejeitar a participação em grupos.

Agora tornou-se comum os administradores de grupos, a maioria canalhas hipócritas, manipularem seus grupelhos para que façamos como Groucho. É o nirvana do grupo e de seus gestores quando alguém que destoa da massa, se desliga do grupo. Como se não bastasse, alguns clubinhos possuem comitês de condenação e denúncia, num macarthismo digital.

Assim sendo, meus amigos, abram mão dos likes, abandonem a busca por aprovação virtual e se conectem com o mundo real. Desliguem as telas, olhem nos olhos uns dos outros e construam juntos comunidades mais autênticas, mais humanas e menos hipócritas.

Lembrem-se: a vida é muito curta para ser desperdicemos em busca de validação em um mundo virtual.

E, como diria o genial Groucho Marx, “quem precisa de inimigos com amigos como esses?”.

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) Os grupos digitais são uma espécie de versão moderna dos clubes sectários e segregacionistas do século do ego.

(1)Entre sem bater – Groucho Marx – Um Juiz

(2) “Quote Investigator – Groucho Resigns

(3) “Entre sem bater – Nikola Tesla – Traço de Inteligência

 

Imagem: Entre sem Bater – Groucho Marx – Nenhum Clube  

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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