Chomsky
Como indicado no texto principal de “Manipulação de Massas“(1), Chomsky pode não ter sido o autor da ideia, mas tem razão. Desde os tempos de Maquiavel que a ideia da gradação é um forte instrumento de manipulação.
Chomsky disse uma vez que “… num estado totalitário, se o governo não controla as pessoas pela força, controla o que elas pensam …”. Desse modo, grupos e indivíduos que não estão sob controle da força, sofrem domínio pela ausência ou o cerceamento das ideias. E deixar o grande público (massa de manobra) com acesso somente à mídia, de forma seletiva, tem sido a receita que prevalece.
“Gradação é uma figura de linguagem, relacionada com a enumeração, onde são expostas determinadas ideias de forma crescente (em direção a um clímax) ou decrescente (anticlímax). No campo da estilística, é também entendida como um recurso semântico, ou seja, relacionado à exploração dos significados das palavras. Neste caso, o que se tem é um encadeamento de palavras, frases ou expressões de maneira a dar significados cumulativos.”
Fonte: Wikipedia
Gradação e retrocesso
Estamos vendo, sem dúvida, um retrocesso na incipiente democracia guiada brasileira que assusta. Diria que vejo um retrocesso secular, em todos os sentidos. O que em uma democracia respeitaria a razão humana, a ética e a justiça social. Por outro lado, rejeitaria dogmas, preconceitos e tomada de decisão baseada em preferências de pequenos grupos. Em suma, constatamos que o retrocesso em dois meses de interinato presidencial vão provocar um atraso secular, stricto sensu.
Direitos trabalhistas, direitos constitucionais estão sendo desrespeitados à luz do dia e a massa ignara segue sendo manipulada.
Pior é que, neste momento crítico, as redes sociais e a mídia, utilizam de técnicas das mais perversas para “convencer” as ovelhas e crentes. Seguidores cegos acreditam que são desígnios divinos ou orientações de pregadores que serão alguma solução de nossos problemas.
Manipulação
Vejo, claramente, alguns engodos que estão sendo aplicados, via mídia, e que passam despercebidos pelo povo. Este povão ganhou a presença da juventude por conta das redes sociais, e é passível de enganos com:
- Diversionismo – Utilizada para distrair os cidadãos do que interessa. De Olimpíada e futebol até caça a Pokémons.
- Problematiza e Soluciona – Cria-se um problema (ou aumenta) e depois apresenta soluções que não são soluções. Não tem dinheiro no orçamento, mas aumenta salários do Judiciário acima da inflação e do orçamento.
- É necessário – Manipulação a partir de sugestão de Maquiavel há mais de 500 anos e com uso intenso entre ditadores. Medida cruel, do tipo “crescer o bolo para dividir depois“. Analogamente a aumentar idade para aposentadoria para um “futuro melhor” e outras artimanhas, que são exemplos claros e desonestos de manipulação.
- Mediocridade coletiva – Estimular a todo o público e cidadãos a manterem-se na mediocridade e aceitarem passivamente a incompetência. Além disso, ficam ao lado da corrupção, quando seus influenciadores preferidos assim sugerem. Um pobre acusado de estupro não tem o mesmo tratamento midiático que tem um deputado acusado do mesmo crime. E a patuleia acha normal ou diz que “cada um faz o que quer“.
- Gradação – Apresenta poucos benefícios como facilitar para o trabalhador transformar-se em empreendedor. Liberar FGTS e outros recursos para atingidos por catástrofes. E, como se não bastasse, agradam empresários com subsídios e flexibilização da CLT, que só prejudica o empregado. Em síntese, é a típica gradação inversa que agrada poucos e prejudica muitos.
Gradação e miséria
Toda esta situação estava sob controle dos donos do poder, sem as redes sociais. Por mais que tentem cercear as liberdades individuais e denúncias, as redes sociais mudaram o mundo. Se bem que a maioria dos usuários de redes sociais e tecnologia não faz parte da massa de atingidos pela miséria, fome e inacessibilidade..
Infelizmente, aqueles que são usuários de redes sociais não querem debater temas desta natureza. Com toda a certeza, eles não se veem na condição de manipulados e nem vestem este tipo de carapuça. Preferem caçar Pokemons, memes sarcásticos, viralizar vídeos onde, certamente, tem alguma humilhação. Não apenas dão audiência para histórias melodramáticas da carreira de atores globais e reality shows, como mergulham fundo no diversionismo.
Os retrocessos que estamos presenciando na falsa democracia brasileira, principalmente das relações trabalhistas, custarão muito caro para a sociedade. Algumas situações serão irrecuperáveis. E assim caminhamos para mais uma eleição municipal.
Fica a dúvida: Se não arrumarmos a nossa casa ou nossa cidade, seremos capazes de arrumar o país?
Bondade x Maldade
A frase de Maquiavel é lapidar.
“O mal deve ser feito de uma só vez, e a bondade aos poucos. Os homens se lembram dos benefícios recentes mais do que de todo um mal infligido anteriormente.“
Entretanto, no Brasil, as bondades, com muita gradação, não conseguem superar as maldades. Os atos que poderiam ser uma benesse ou bondade, não atingem a maioria da população. A divulgação desses atos sempre foi como disse um certo ex-ministro: “O que é bom, a gente mostra; o que não é…”.
Em suma, até a gradação, uma estratégia maquiavélica, tem sido uma arma contra a maioria da população. Surpreendentemente, temas que levariam qualquer nação a uma levante ou revolução, não provoca a mínima movimentação na massa. A manipulação atingiu níveis absurdos e os capitães-do-mato ameaçados em suas posições descem a chibata.
Perdemos, inegavelmente, o ponto de revisão e capacidade de pensar para ser possível a transformação e mudanças. E haverá alguém que pensa em dar chibatadas aos poucos, assim a gradação do castigo será uma coisa boa.
(1) “Manipulação de Massa – A Série“
(*) Atualizado em novembro de 2018.
Imagem: Reprodução Chebolas Blogspot
Nota do Autor
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