Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. É provável que as entrevistas de Aílton Krenak façam sentido para muitos brasileiros atualmente. São lapidares os seus pensamentos, como o que expressou que existem “Outras presenças” entre o invasor da selva e o chão.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Aílton Krenak
Aílton Krenak é, acima de tudo, um dos grandes representantes dos povos originários do Brasil. E, com toda a certeza, honra as suas origens da melhor maneira possível. Sua luta pode ser exemplificada pelas inúmeras frases que escreveu ou verbalizou na mídia. Todas com grande significado e que, em função dos crimes recentes contras os Yanomamis, confirmam tudo que escreveu.
Ailton Alves Lacerda Krenak ( Vale do Rio Doce , Minas Gerais, 1954) é um escritor, jornalista, filósofo e líder do movimento indígena brasileiro da etnia Krenak. Foi separado à força de seu povo, do qual restam apenas 130 indivíduos (abaixo dos 5 mil no início do século XX). Krenak atuou como representante dos povos indígenas nos debates da Constituição Brasileira de 1988. É Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora , onde leciona sobre cultura, história e saberes tradicionais dos povos indígenas. Em 4 de outubro de 2023, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo o primeiro indígena brasileiro a ingressar na instituição.
Fonte: Wikipédia (português)
Outras presenças
A frase objeto deste texto é maior do que na imagem de apresentação, disse o filósofo Krenak, dentre outras:
“A grande diferença que existe do pensamento dos índios e do pensamento dos brancos, é que os brancos acham que o ambiente é ´recurso natural`, como se fosse um almoxarifado onde você vai e tira as coisas, tira as coisas, tira as coisas. Pro pensamento do índio, se é que existe algum lugar onde você pode transitar por ele, é um lugar que você tem que pisar nele suavemente, andar com cuidado nele, porque ele está cheio de outras presenças.“
A frase destacada do texto acima significa que, para os povos indígenas, a natureza é um lugar sagrado. E, como se não bastasse, acreditam que outras presenças, além dos humanos, pertencem ao lugar. Essa compreensão leva a uma relação de respeito, cuidado e preservação com o ambiente como um todo. Por outro lado, a perspectiva exploratória e destrutiva do branco se baseia em uma visão utilitária e individualista da natureza.
Assim sendo, devemos estar cientes de que outras criaturas e seres que lá vivem lá dependem dos mesmos recursos naturais para sua sobrevivência. As outras presenças, como animais, plantas e todos os espíritos presentes na mata, devem ter sua preservação em alta conta.
Pisar suavemente o solo dos outros, analogamente à cultura oriental, é entrar na casa de alguém sem sapatos. Do mesmo modo, a educação oriental indica que devemos deixar a sujeira dos sapatos do lado de fora da casa que visitamos.
Do mesmo modo que existem outros saberes, existem outras presenças, devemos entender e respeitar todos se quisermos evoluir como humanos.
Em suma, a frase destaca a importância de reconhecer e valorizar a complexidade e interconexão da vida na Terra. Devemos ter a capacidade de mudar nossa relação com a natureza para uma de cuidado e harmonia.
Assim sendo, poderemos nos considerar artífices e construtores da humanidade, sem destruição de saberes, presenças e recursos naturais.
O homem branco, em todos os continentes, acostumou-se a desrespeitar os saberes e as terras dos povos originários, até quando?
Imagem: Entre sem Bater – Aílton Krenak – Outras presenças
Nota do Autor
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