Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Drauzio Varella é um pensador que consegue falar com o povo pois fala muito da realidade. Quando ele fala ou escreve, certamente produz material para muitos textos como este. Aqui trataremos sobre “Pessoas Despreparadas” um pouco além do contexto em que a frase foi dita.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Drauzio Varella
Em primeiro lugar, é muito fácil fundamentar qualquer texto a partir de entrevistas do Dr. Drauzio Varella. Desde que teve espaço na TV para esclarecer assuntos específicos de saúde, suas explicações viram referência. Quando ele se referiu a pessoas despreparadas no poder, o alvo era um bem determinado. Por outro lado, a frase nos sugere ir muito além.
Antônio Drauzio Varella (São Paulo, 3 de maio de 1943) é um médico, oncologista, cientista e escritor brasileiro. Formado pela Universidade de São Paulo (USP), na qual foi aprovado em 2° lugar, é conhecido por popularizar a informação médica no Brasil, através de aparições em programas de rádio, TV e pela Internet, com um site e canal no Youtube. Foi também um dos fundadores da Universidade Paulista e da Rede Objetivo, onde lecionou física e química durante muitos anos. Varella também é um crítico da medicina alternativa.
Fonte: Wikipedia
Pessoas despreparadas
Anteriormente, quando escrevi uma trilha sobre empreendedores despreparados(1), recebi uma quantidade de críticas maior do que elogios. É provável que os leitores não tenham entendido ou eu esperava uma compreensão diferente. Enfim, num texto mesmo cem vezes maior do que os 280 caracteres do Twitter, podemos não nos expressar como imaginamos.
Neste texto, a ideia é ampliar a frase do Dr. Drauzio Varella, pois as pessoas despreparadas estão tomando o poder. Em outras palavras, o que ainda é muito comum no setor empresarial, passou a fazer parte do setor público. A situação ficou tão complicada que nem algumas leis vigentes inibem pessoas desqualificadas de assumirem cargos públicos.
Surpreendentemente, alguns diplomas “validam” a qualificação para determinada posição. Como se não bastasse, se uma pessoa teve péssima experiência profissional, esta é “limpa” com uma citação boa no “Curriculum Vitae“. Virou um vale-tudo, pode-se colocar qualquer coisa no CV que as plataformas de contratação filtram positivamente. O “depois a gente vê” chegou às empresas, órgãos públicos e, principalmente, em posições de “profissionais” de eleição.
Problema
O problema de pessoas despreparadas assumirem posições de comando ou de poder, certamente é uma realidade. Desse modo, fica cada vez mais presente em nossa sociedade e pode se tornar “normal”. Portanto, muitas vezes essas pessoas assumem posições de poder não por suas habilidades ou competências. A indicação política ou por laços familiares e de amizade, é uma forma de propiciar a exposição do despreparo.
Assim sendo, ao assumirem essas posições de poder, algumas pessoas muitas vezes se sentem inferiorizadas diante dos subordinados. Em outras palavras, estes subordinados com mais cultura, mais qualidade de conteúdo e maior experiência, pressionam o “chefe”. Isso ocorre em diversas áreas, desde a gestão pública até a administração de empresas privadas.
Público e privado
Nas organizações públicas, por exemplo, é comum vermos políticos em cargos com exigências específicas. A formação técnica ou acadêmica, como a gestão de secretarias de saúde, educação, infraestrutura, entre outras, é necessária. Os indicados, muitas vezes não têm a capacidade técnica para gerir essas áreas e tomam decisões ineficazes. No setor público, com toda a certeza, a população que depende dessas decisões é a que mais sofre com a incompetência.
Na iniciativa privada, o problema da falta de preparo também pode ocorrer, não exclusivamente, mas especialmente em empresas familiares. O proprietário ou gestor, muitas vezes indica parentes ou amigos para cargos de liderança, mesmo que essas pessoas não tenham qualificação. A formação ou experiência necessárias para algumas funções pode ser, e certamente será, prejudicial para a empresa. Isso, não raramente, gera conflitos internos, falta de produtividade, insatisfação e até mesmo afeta a credibilidade da empresa.
Pessoas despreparadas no comando
Além disso, seja no público ou no privado, pessoas despreparadas sentem-se ameaçadas por subordinados com mais qualificação. Elas sofrem uma intimidação pela presença de profissionais com mais conhecimento técnico, formação acadêmica ou maior experiência. Com efeito, as consequências são os comportamentos autoritários e inseguros, chegando ao limite do assédio moral.
É provável que os efeitos sejam menos danosos no setor público do que no privado, independente do tamanho da empresa. Em certa medida, ao afetar a motivação e o desempenho dos subordinados, a estabilidade no setor público é benéfica. Nesse ínterim de instabilidade organizacional, um clima de desconfiança e desunião, compromete a eficiência e a eficácia da empresa.
Vai uma qualificação aí?
Em suma, o problema de pessoas despreparadas é uma realidade que cresce assustadoramente, basta ver nas redes sociais. Portanto, é necessário adotar critérios mais objetivos na escolha dos gestores e investir na formação e qualificação dos líderes. Outrossim, é preciso investir em cursos de capacitação específicos para cada área de atuação e na gestão de pessoas. Dessa forma, será possível garantir que os líderes tenham as habilidades e competências necessárias para exercer suas funções com eficiência e eficácia. E, não se sentirem inferiorizados ou ameaçados pelos subordinados com mais competência.
A partir da frase do Dr. Drauzio foi possível colocar num texto muitas de minhas experiências profissionais com pessoas incompetentes e em posição superior. Entretanto, o problema não começa na indicação destas pessoas, começa no processo de contratação de todo profissional. Desde que começa-se um recrutamento, a estrutura de todas as organizações deve ser exposta na realidade. As plataformas de recrutamento e a pouca qualificação de muitos recrutadores para muitas funções, são responsáveis por erros na origem.
Enfim, é necessária muita qualificação, desde o início da solicitação de uma contratação até o desligamento, o caminho é longo.
(1) “Empreendedor despreparado – A fronteira final”
P. S. Os exemplos recentes das questões da vacina durante a pandemia e da tentativa de golpe em 8 de janeiro são lapidares. O caso das “Lojas Americanas” comprovam a mesma teoria para o setor empresarial que arrota eficiência. Em ambos os casos, gente preparada vai arcar com o prejuízo e as dores da covardia de pessoas despreparadas.
Imagem: Entre sem Bater – Umberto Eco – Controlar um país
Nota do Autor
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